Vida a dois
Para manter um grande amor ou vivenciar uma relação de maneira mais profunda, é preciso compreender, sem tabus, como as trocas afetivas funcionam
Um relacionamento é como estacionar um carro sedã numa vaga bastante apertada. É preciso manobrar com precisão o automóvel, entender onde se está a cada momento, olhar para a frente e pelo retrovisor quase ao mesmo tempo, considerar os pontos cegos. Só que, às vezes, você é o motorista e, às vezes, o flanelinha, cuja função é dar alguns toques ao condutor, com a vantagem de quem vê (o outro) de fora. Do lado de dentro do carro (ou de si), o motorista nunca sabe ao certo quando avança muito ou recua de mais. Tem de contar, então, com a orientação externa para evitar colisões. Viver a dois é se dedicar a essa alternância numa baliza que nunca termina completamente. Ora parece que coube direitinho, ora é preciso recomeçar.
A metáfora do relacionamento estável como um estacionamento difícil, expandida aqui, foi citada pelo psicólogo paulista Frederico Mattos durante a entrevista concedida para esta reportagem. “De modo geral, as pessoas buscam um parceiro por um motivo oculto, seja para preencher a falta de amor na infância, seja para fazer do outro o tutor de sua felicidade”, conta o especialista, que é o autor do livro Relacionamento para Leigos (Alta Books). Mas não dá para se abster dessa responsabilidade – é preciso também compartilhar o volante.
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