Memes: super expressão com mínima profundidade
Memes - as figurinhas com mensagens claras e diretas das redes sociais, são mais um dos tapa-buracos da comunicação profunda e curativa, tão necessária para o desenvolvimento das pessoas
Mariana Beneti Gomes, assinante da Vida Simples, enviou para o blog Você + Simples um texto crítico sobre memes e sua relação com a superficialidade de comunicação que praticamos em excesso. Boa leitura!
Adoro memes, essas piadinhas rápidas e ácidas. Elas traduzem o nosso sentimento em apenas uma imagem. Viraram figurinhas de mensagens e acho difícil atualmente emitir uma opinião sem imaginar qual figurinha eu associaria ao que estou dizendo.
O meme é democrático e inclusivo, nem precisa saber ler para entender o que significa uma boneca Barbie com o cabelo desarrumado, o batom borrado e aquele sorriso fingido que está tudo bem quando obviamente não está. A gente consegue se relacionar com essas imagens tão facilmente.
Mas os memes facilitam tanto a expressão dos sentimentos que passamos a deixar de expressar em palavras o que pensamos.
Os memes são frutos da atual necessidade de apressar as coisas, inclusive os sentimentos. O deboche na figurinha vem rápido, como um tapa na cara.
‘Por que sentir, se o que precisamos é produzir?’ parece ser a questão desse mundo acelerado em que vivemos. Acontece que, por ser algo inerente ao ser humano, ao não exercermos o sentimento ele volta-se contra nós mesmos. E pior, em total descontrole por não ter tido a sua válvula de escape e a lapidação necessária dos anos.
Assim, somos surpreendidos por questões emocionais como pânicos, ansiedades, depressões e outros distúrbios que podem ser relacionados ao não sentir e ao não se compreender.
Nos perdemos na comunicação
Não só por causa dos memes, outras formas de comunicação, de fato, vêm perdendo espaço. As pessoas vêm deixando de elaborar internamente o que sentem.
Quando uma figura substitui o tempo de pensar e transmitir o que pensamos as relações humanas perdem um pouco do seu brilho.
É tão importante o tempo que passamos pensando sobre o que sentimos, entendendo o porque nos irritamos com alguns assuntos e pessoas…
E assim, vamos deixando de abrir a possibilidade de transformar o sentimento em algo melhor, desenvolvido e maduro. Em resumo: estamos abrindo mão da oportunidade de crescer emocionalmente.
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Conversas profundas são curativas
A análise interna necessária para explicar o que sentimos permite também vislumbrarmos o caminho necessário para sair desse sentimento. É o que permite o amadurecimento do ser humano.
A gente entende melhor a nós próprios quando nos ouvimos explicar ao outro o que aconteceu, e como reagimos àquilo. Enfim, nós aprendemos ouvindo a nós mesmos.
Contamos os acontecimentos do dia, explicando, exemplificando, expressando o que sentimos e o que as nossas ações ou omissões causaram.
Quando permitimos que nossas conversas fiquem rasas, traduzidas em uma única imagem e não mais em palavras, nossa oralidade sofre, nossa autocompreensão sofre, nossa ansiedade encontra campo fértil para aumentar.
Gosto de memes – vou deixar isso claro e reconhecer que tenho uma boa coleção de figurinhas para ilustrar minhas mensagens – mas gosto de elaborar como me sinto. Espero que outros também ainda gostem dessas forças complementares da nossa tão vasta comunicação.
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Mariana Beneti Gomes (@caminhada_22) adora um meme, mas ama mais ainda as palavras. É mãe da Manuela e do Fernando, a quem sempre ajuda a nomear o que estão sentido.
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