Escolher não ter filhos é uma conquista dos nossos tempos
A leitora Debora Salomao celebra sua decisão de não ter filhos, e relembra que o cuidar deve estar presente na vida de todas as pessoas – especialmente das mães que não têm rede de apoio
famíliaDebora Salomao, da comunidade Vida Simples, enviou para o blog Você + Simples um texto apaixonado sobre o privilégio e a conquista de algumas mulheres em decidir se querem ou não ter filhos. Boa leitura!
Estamos nos encaminhando para o fim de 2024 e uma grande vitória que podemos celebrar – especialmente entre nós, mulheres – é poder escolher não ter filhos.
Claro que aqui há um recorte social e cultural, já que muitas meninas e mulheres ainda não têm acesso a métodos anticonceptivos. Além disso, em alguns lugares, casar e ter filhos ainda pode significar inclusão social.
Mas nos grandes centros as mudanças já são perceptíveis. Mulheres como eu, que aos 45 anos não têm e não desejam ter filhos, são cada vez mais comuns de se conhecer.
Estou casada há sete anos e estamos felizes com nossas escolhas. Sempre pensei que construir um relacionamento saudável com um parceiro seria mais importante e interessante do que ser mãe. Cada um buscando realizar os seus sonhos e desejos.
Escolher não ter filhos, assim como muitos casais do mesmo gênero optam pela fertilização in vitro ou a inseminação artificial, ou o fato de algumas pessoas em condições de privilégios muito específicos que decidem ser pai ou mãe solo, é muito saudável para as futuras gerações.
A liberdade de escolher não ter filhos
Acredito que estamos hoje criando modelos e exemplos que os jovens terão como parâmetro para decidir o rumo de suas vidas.
Até pouco tempo, não parávamos para questionar se queríamos ou tínhamos condições emocionais e financeiras para a valiosa tarefa de gerar, cuidar e criar um ser humano.
No entanto, hoje, com a popularização dos processos de psicanálise e terapia na área da psicologia, há um impulso social na busca por autoconhecimento, gerando condições para questionamentos e escolhas inéditos.
Mesmo com a minha escolha, minha rotina é repleta de momentos de cuidado: tenho duas cachorrinhas adotadas, ajudo a cuidar do meu pai de 92 anos, gosto de estar envolvida no dia-a-dia das minhas duas sobrinhas adolescentes.
Também cuido de mim com muito carinho, faço trabalhos voluntários, preocupo com a coleta seletiva e questões ambientais, e por último contribuo em campanhas que ajudam mães que não têm rede apoio.
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Não é preciso ter filhos para cuidar
Vejo o cotidiano do meu pai idoso e da minha sobrinha caçula, e enfim constato que o ser humano precisa de muito cuidado em várias etapas da vida.
Ter apenas uma pessoa na figura de mãe ao nosso lado é pouco. Precisamos de tias, irmãs, filhas, vizinhas, amigas, voluntárias. A essência da maternidade pode ser estendida para além da relação progenitora-descendente.
Há muita sabedoria naquele ditado africano:
“É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”.
Quando o leio penso: não só a criança, mas o idoso e até mesmo o adulto em momentos de vulnerabilidade precisam da ajuda, do apoio e do cuidado de uma mãe.
E deixo aqui minha provocação: o que te conecta a este sentimento maternal que faria de você uma mãe por algumas horas da sua semana?
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Debora Salomao é uma mulher que busca ser mais justa, alegre e tranquila a cada dia. Tem interesses diversos, como yoga, mercado financeiro, moda, filosofia, crochê. Adora a cidade onde vive e a casa em que mora. Tem a rotina e a literatura como boias salva-vidas.
Este texto foi produzido por uma pessoa assinante da Comunidade Vida Simples e publicado no blog Você + Simples. Escolha um de nossos planos e tenha a possibilidade de ter seu texto avaliado e publicado pela Vida Simples.
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