O segredo para ter boas conversas em um relacionamento amoroso
A comunicação afetiva e a escuta empática são as bases para uma vida a dois mais feliz, diz a psicóloga Marina Reis.
Ter uma boa conversa nem sempre é fácil, principalmente quando o assunto é relacionamento amoroso. Saber ouvir de maneira acolhedora, manter o autocontrole em momentos de estresse ou mesmo saber falar sobre os sentimentos pode ser um desafio.
Para oferecer ferramentas e melhorar o diálogo no relacionamento, a Vida Simples convidou a psicóloga Marina Reis para dar dicas sobre uma comunicação afetiva para uma vida a dois mais feliz:
Quais as bases para uma comunicação a dois ser efetiva?
Para conseguir uma comunicação efetiva e afetiva, o casal precisa desenvolver habilidades sociais conjugais, um comportamento que pode contribuir e, muito, para o diálogo:
- Empatia e expressão de sentimentos
- Expressar compreensão, desejos e opiniões positivas, elogiar e agradecer
- Manter autocontrole frente às situações potencialmente estressantes
- Perceber alterações ou dificuldades emocionais do(a) parceiro(a), acalmá-lo(a) e acalmar(se)
- Expressar assertividade
- Afirmar preferências, defender o respeito à própria individualidade, fazer pedidos, pedir esclarecimentos, discordar sem ofender, pedir mudança de comportamento
- Identificar o tempo e local adequado para falar sobre os problemas
- Assertividade afetivo-sexual
- Nutrir carinho, afeição e respeito
- Escutar ativamente o(a) parceiro(a)
- Permitir-se ser influenciado(a) pelo(a) parceiro(a)
- Comunicar sobre assuntos do cotidiano
“Quando o assunto é comunicação, logo imaginamos alguém falando, porém, o ato de comunicar não envolve apenas o falar, mas também o escutar e o observar”, explica. “Precisamos quebrar a crença que casal feliz é o que não discute, casal que não discute é porque um dos dois está se silenciando. A discussão pode ser benéfica num relacionamento, desde que tenha escuta e acolhimento.”
Como não perder o foco em uma discussão?
A dica é se concentrar no problema e não no outro. “Temos de lembrar que durante uma discussão, é o casal contra o problema e não um contra o outro. Muitas vezes, numa discussão, enfrentamos a situação de forma desagradável para nos proteger de feridas emocionais. Existe uma metáfora: ‘casamento é um jogo de frescobol, não uma partida de tênis'”, avalia. “Na relação é um COM o OUTRO, e não CONTRA o outro. O objetivo não é jogar a bola de um jeito que a outra pessoa não consiga rebater, é manter a bola em jogo, batendo em uma raquete de vez”, afirma.
Ninguém vence uma discussão. Em uma DR, o único objetivo deve ser resolver o problema de uma maneira confortável para os dois. Usando a metáfora do frescobol, um dos dois terá que se esticar mais para rebater em algum momento, depois é a vez do outro.
Após uma discussão, é importante fazer a seguinte reflexão:
- Como EU contribuí para iniciar a discussão?
- O que EU poderia ter dito no início da discussão que poderia ter mudado todo o percurso dela?
Como saber falar sobre aquilo que sinto ou como transmitir uma ideia?
Comece a falar sobre como você se sente quando um determinado evento acontece. Dessa forma, o outro não precisa colocar a armadura para se defender de algum ataque.
A causa raiz do conflito geralmente é uma incapacidade de expressar as diferenças, sentimentos e necessidades. É importante que os casais coloquem seus sentimentos em palavras.
Quando as pessoas são capazes de encontrar frases, metáforas e palavras certas para expressar os sentimentos, a tensão diminui e a comunicação flui de forma saudável. Além disso, fazer perguntas abertas ajuda o casal a se conectar, evite fazer perguntas em que a resposta não seja SIM/NÃO.
Qual o segredo para uma comunicação efetiva e feliz?
O psicólogo John Gottman fala sobre os “quatro cavaleiros do apocalipse dos relacionamentos”: a crítica, o desprezo, a defensividade e evitar o outro. Cada um deles têm seus “antídotos”, e aqui está o segredo para uma comunicação efetiva e um relacionamento saudável:
- Crítica: Críticas podem ser construtivas, mas deixam de ser quando chegam em excesso e em forma de julgamento e declarações negativas.
- Antídoto: A crítica pode ser construtiva, tente fazê-la de uma maneira que se concentre em seus próprios sentimentos. Exemplo: “Sinto-me sozinho quando você chega tarde em casa para o jantar.”
- O desprezo: Atacar o senso de identidade do outro pode envolver sarcasmo, zombaria, revirar os olhos, zombar ou xingar.
- Antídoto: Não ressalte apenas as falhas, considere as qualidades positivas, seja empático(a) e siga uma cultura de validação do seu parceiro(a).
- Defensiva: Ao ficar na defensiva, ocorre quando as pessoas se sentem criticadas ou atacadas; envolve inventar desculpas para evitar assumir responsabilidades ou até mesmo culpar seu parceiro.
- Antídoto: Ouça seu parceiro(a) e assuma a responsabilidade quando apropriado. Um pedido de desculpas simples e genuíno pode ser válido.
- Evitar/retirada/bloqueio: envolve erguer uma barreira entre você e seu parceiro, afastando-se, desligando-se e distanciando-se física e emocionalmente. Exemplo: tratamento de silêncio.
- Antídoto: Se precisar tire um tempo para respirar fundo e reunir seus pensamentos, explique ao seu parceiro e retome a conversa quando estiver pronto.
SAIBA MAIS
A edição 258 de Vida Simples trouxe esse assunto e falou sobre como o diálogo pode fortalecer a confiança, melhorar a intimidade e abrir caminho para um relacionamento mais saudável e satisfatório.
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