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Fotografia para transformar e refletir
André François, Andressa Portela e Wesley Diego Emes
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Neste artigo:

André François, fundador da ONG ImageMagica, usa a fotografia para transformação da sociedade e ainda, para promover a reflexão de cada um sobre o mundo

Um fotógrafo, uma câmera e algumas crianças do interior de Minas Gerais. Foi assim que, em 1995, André François descobriu o potencial transformador da fotografia. “Pedi a elas que fizessem registros do que quisessem”, conta. “Quando percebi, estavam todas diante do rio que abastece a comunidade, questionando a importância daquelas águas para a manutenção da vida das pessoas que ali moravam”.

A trilha até a fotografia

A relação do paulistano com as lentes começou ainda na adolescência. Depois, foi parar em agências de publicidade. “Era o que garantia o meu sustento, mas eu não estava satisfeito. Precisava fazer mais pelos outros.  As mazelas do mundo sempre me incomodaram. Não queria ficar assistindo a todos esses problemas de longe”, diz. Pensou no que sabia fazer de melhor: fotografar. Arrumou as malas, desembarcou em terras mineiras e teve essa primeira experiência com os pequenos. Depois disso, fundou a ImageMagica, uma Organização da Sociedade Civil que tem por objetivo suscitar reflexões e utilizar a fotografia para a transformação social por meio da imagem, a linguagem universal.

O projeto tem dois núcleos de atuação, o educacional e o documentário. O primeiro aliás é desenvolvido em hospitais e escolas de todo o Brasil. “Nos espaços educacionais, o que a gente quer é instigar os alunos a refletirem sobre o entorno. Como afinal é minha sala de aula? E o parque?  Fazemos algumas perguntas a eles para que observem o que era, até então, ignorado”, compartilha André. O passo seguinte é pensar, de forma coletiva, nas melhorias que podem ser feitas e de que forma realizá-las.

Nos hospitais, o intuito é despertar um olhar afetuoso não só para quem é cuidado, como também para quem cuida. “Essas pessoas lidam, todos os dias, com situações desafiadoras. A doença, o sofrimento, a morte são questões cotidianas para elas. É essencial que saibam que o que fazem é incrível”, afirma.

O trabalho não para

A ImageMagica também traz projetos documentais, que registram cenários ligados à saúde por todo o mundo, entre eles, o Cuidar, um livro-documentário sobre a medicina humanizada no Brasil. Agora, André está finalizando o Ubuntu, um documentário fotográfico que fala da importância da empatia e da conexão entre as pessoas para uma vida melhor. “Fui a mais de 14 países para entender a visão que as comunidades têm sobre a saúde. E digo saúde como um todo, como qualidade de vida mesmo. O que podemos fazer para evitar que precisemos recorrer tanto aos hospitais?”, questiona.

Feito em parceria com a Organização das Nações Unidas, a Organização Mundial da Saúde e os Médicos Sem Fronteiras, Ubuntu tem lançamento previsto para 2020.  “Nesse projeto, mostramos a força do nós, portanto do coletivo. O que traz sentido à vida é essa conexão que criamos com o outro”, garante. “E, por incrível que pareça, quanto mais provoco esse olhar para o todo, mais percebo que isso permite que olhemos para dentro de nós de forma mais intensa. O coletivo faz com que eu me relacione comigo de uma maneira diferente, porque fico mais sensível às causas, aos outros”.

Quando questionado sobre seu maior sonho, o fotógrafo responde: usar a fotografia para a transformação criando, ainda mais, pontes entre pessoas.

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ImageMagica: https://imagemagica.org/

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