Seis livros essenciais e que merecem ser lidos
Uma lista especial, elaborada pelo historiador Dante Gallian, com alguns clássicos da literatura que merecem ser lidos, e como cada uma dessas obras traduz a nossa alma
Uma lista especial de livros essenciais, elaborada pelo historiador Dante Gallian. Nela contém alguns clássicos da literatura que merecem ser lidos, e como cada uma dessas obras traduz a nossa alma. Aproveite para ver, também, pequenos livros com grandes ensinamentos.
Lista com os seis livros essenciais que merecem ser lidos
Dom Quixote de La Mancha
Considerado pelos especialistas como o primeiro romance moderno, a história do engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha é antes de tudo um questionamento sobre os limites entre ficção e realidade. Seguindo a trilha de um dos pares mais cômicos e belos da história da literatura universal, as peripécias de Dom Quixote e Sancho Pança se mesclam com os enredos de figuras curiosas e nos revelam dimensões cada vez mais amplas e profundas da experiência humana.
O livro toca em temas como a liberdade, a curiosidade, a fé, as convicções, os sonhos e o poder libertador da literatura. Colocando em xeque as concepções tradicionais de loucura e razão, a grande obra de Cervantes prova como as fronteiras entre o riso e a emoção, entre a diversão e o mergulho na profundidade de cada um de nós são efetivamente muito tênues. Não há como não considerar esse um dos livros essenciais.
Grande Sertão: Veredas
Obra desafiadora, que exige praticamente o aprendizado de um novo idioma, Grande Sertão: Veredas é, ao mesmo tempo, a consagração da língua portuguesa enquanto expressão de uma realidade infinitamente vasta como é a do sertão. Acompanhando a narrativa do vaqueiro e jagunço Riobaldo através dos caminhos e veredas do sertão adentro, vamos nos aprofundando nos recônditos e mistérios do humano, em suas encruzilhadas e redemoinhos no meio do caminho.
Obra épica e lírica a um só tempo, Grande Sertão é uma viagem ao interior da nossa alma por meio de uma viagem ao interior do Brasil. Aqui o regional e o universal se encontram de forma sublime, permitindo uma redescoberta não só do Brasil profundo (algo essencial no momento em que estamos vivendo) mas também do eu profundo, nas suas contradições, perigos, sutilezas e surpresas.
Os Irmãos Karamazov
último romance do maior escritor da grandiosa literatura russa do século 19, esta obra, ao contar a história de uma família absolutamente original, acaba por realizar um mergulho inusitado e extraordinário nas profundezas da nossa alma, acompanhando-a pelos diversos caminhos da trajetória humana. Seja pelo caminho estreito da mística, do cinismo, da razão descrente ou da paixão arrebatadora, Dostoiévski, por meio da sua perturbadora e envolvente narrativa, nos leva até os limites de todas as possibilidades existenciais.
Mescla de tratado místico, suma filosófica e thriller policial. Assim que defini-se Os Irmãos Karamazov. Talvez uma das obras mais completas da literatura universal. Uma das melhoras amostras de como o “humano é vasto” e de que é no “coração do homem onde se trava a maior batalha: aquela entre Deus e o Diabo”.
Hamlet
Se Cervantes parece ter inventado o romance moderno, Shakespeare, seu contemporâneo, parece ter profetizado o homem moderno. Marcado pela melancolia que os “tempos desnorteados” lhe inspiram, Hamlet, príncipe da Dinamarca, vê-se diante da “maldita sina” de consertar o que está desconcertado e realizar uma obra que não se sente disposto a realizar. Instado pelo fantasma de seu pai, sordidamente assassinado pelo irmão, que se apodera do
reino e da rainha, mãe de Hamlet, o melancólico e indeciso príncipe se vê prisioneiro da própria razão – cujo “excesso faz de todos nós covardes”.
Através de sua história é possível perceber que ser ou não ser depende essencialmente de fazer ou não fazer o que o destino nos impõe. Sou não porque penso, mas porque ajo. E se não ajo não sou… E também, quando deixo de fazer o que devo fazer no momento certo, acabo por fazer o que não devo no momento errado. Uma obra fundamental que se apresenta como um contraponto à máxima de Descartes, cogito ergo sum.
A Divina Comédia
Obra escrita na transição da Idade Média para a Modernidade. É assim que pode ser definido A Divina Comédia, de Dante Alighieri, em sua profusão de imagens e situações arquetípicas, abarca praticamente todas as questões essenciais da nossa existência. Resgatado pelo poeta latino Virgílio, em meio à crise da meia-idade (no meio da estrada da vida), Dante nos leva pela mão aos diversos patamares do inferno (onde se abandonam todas as esperanças), do purgatório e do paraíso (onde ele deixa de ser guiado por Virgílio para ser conduzido por Beatriz, sua musa e intercessora).
Ao longo dessa incrível e dinâmica viagem, temos a oportunidade de conhecer a alma humana de uma forma única, em extensão, amplitude e profundidade; seus pecados, vícios e virtudes. Mesmo sendo uma obra que conversa com seu tempo, o livro apresenta uma atualidade poderosa, indispensável para o movimento de reencontro com o humano.
A Odisseia
Junto com a bíblia este é um dos livros que servem de base para a civilização ocidental. É fonte de praticamente tudo o que se imaginou, pensou e escreveu desde então até agora. A obra acompanha a difícil e longa viagem de regresso do herói Ulisses de Troia até sua terra natal, Ítaca. A narrativa de Homero, escrita no século 8 a.C., nos permite reencontrar aquilo que é próprio do humano. Isso, é claro, sem contar os caminhos que nos levam para a nossa verdadeira essência.
Com as personagens da Odisseia é possível resgatar maneiras de ser, agir e pensar que nos reconectam com nossas origens. Além disso, elas nos dão sentido ao existir: a noção da ordem do Cosmos e da justiça, a necessidade de sair e conhecer, o deixar-se inspirar e instruir por mentores que nos guiam, a curiosidade, a astúcia, o amor, a morte; assim como o prazer da comida, da bebida e da boa conversa, na intensidade e medida certas. Por isso, este clássico também está na lista de livros essenciais.
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