Comida com décadas de história
Mais do que manter vivas as tradições culinárias, restaurantes antigos ajudam a perpetuar a nossa própria trajetória
O que faz um restaurante manter as portas abertas por décadas? Sobreviver às mudanças econômicas, sociais e aos modismos, e ainda se manter como uma referência cheia de sabores e lembranças queridas? De cara, é possível dizer que a tarefa não é nem um pouco simples. As estatísticas são desanimadoras para quem alimenta o sonho de ter um restaurante, lanchonete ou café para chamar de seu: no mercado brasileiro de restaurantes, 35% dos novos empreendimentos fecham antes de completar um ano. A marca chega a quase 50% quando o prazo aumenta para dois anos. E, se falarmos em uma década, aí é que a coisa fica ainda mais difícil: apenas três de cada 100 ainda mantêm as portas abertas. Poucos ficam antigos. Muitos morrem antes de passar seu recado, de “engrenar”, frustrando sonhos de empreendedores e zerando a poupança. Apesar disso, muita gente ainda alimenta essa vontade de ter um restaurante ou um pequeno bistrô. E, assim, largar o emprego com carteira assinada, se dedicar a uma atividade de que gosta de verdade e passar horas na cozinha porque ama fazer isso. Parece mesmo um futuro promissor e feliz, corroborado pela proliferação de programas na TV sobre o tema, o aumento de livros e reportagens sobre gastronomia e o modismo da comida da rua. Um lembrete: o cenário é muito mais próspero do que a vida real, como mostram, aliás, os números citados no início deste texto.
Para prosperar por décadas e ganhar fama de restaurante antigo, lugar querido, cheio de história, que recebe gerações e gerações de uma mesma família, é preciso mais do que “estar na moda”. Entrar no universo desses estabelecimentos e entender por que eles sobrevivem ano após ano é mergulhar nas nossas raízes.
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