Sabe aquela dor de barriga em uma situação de estresse ou mesmo um enjoo em um momento de tristeza? São sensações que expressam bem a relação entre cérebro e intestino. A conexão cérebro-intestino ocorre por meio de microrganismos vivos, os psicobióticos, que são capazes sintetizar e regular a expressão de neurotransmissores como a serotonina, responsável pela sensação de bem-estar.
O psiquiatra Kalil Duailibi, professor de psiquiatria da Universidade de Santo Amaro e presidente do Departamento Científico de Psiquiatria da APM (Associação Paulista de Medicina), explica que nosso corpo possui trilhões de microrganismos presentes na pele, nas mucosas e em diferentes partes do corpo, o que chamamos de microbiota. Esses organismos vivos desempenham um papel importante no nosso organismo, principalmente no trato digestivo.
Entenda a ação dos psicobióticos no organismo
“Essas bactérias produzem substâncias e neurotransmissores como a serotonina, acetilcolina e o GABA, diretamente ligados ao bem-estar e importantes no tratamento de ansiedade e depressão”, explica Duailibi. “Alguns neurotransmissores têm uma produção maior no intestino que no cérebro.”
Sob uso excessivo de álcool, estresse crônico ou burnout, somado a uma dieta ruim, ocorre um desequilíbrio desse sistema e, como consequência, um processo inflamatório no organismo, conhecido como disbiose. “Algumas bactérias caem na circulação, afetando o corpo todo e deixando o cérebro mais vulnerável aos quadros psiquiátricos”, explica o psiquiatra.
Como os psicobióticos são utilizados para melhorar a saúde mental
“Alguns pacientes com ansiedade e depressão não têm uma melhora completa com os medicamentos, percebemos, então, que é preciso tratar essa inflamação reestabelecendo a microbiota com probióticos (organismos vivos) para colonizarem o intestino formando um exército do bem, capazes de ajudar nos quadros psíquicos. Esses probióticos são chamados de psicobióticos.”
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É importante destacar que depressão e ansiedade não estão apenas ligados a um fator, mas vários: genética, agentes externos como o estresse, entre outros aspectos. O médico também alerta que não adianta comprar probióticos no supermercado, até porque não sabemos se esses organismos realmente estão vivos. “Há probióticos em farmácias, mas devem ser prescritos por um médico, que saberá qual o tipo ideal para cada paciente.”
O que fazer para ter uma microbiota equilibrada?
Primeiro ponto é seguir a máxima: descasque mais, desembale menos.
Alimentos frescos, principalmente hortaliças, são fundamentais para o equilíbrio da flora intestinal. Integrais e azeite extra-virgem completam o combo dos chamados prebióticos, compostos, principalmente, pelas fibras não digeríveis, que estimulam o crescimento e a atividade de bactérias boas no intestino.
“A dieta mediterrânea é a única até hoje com comprovação científica com impacto nos quadros mentais, portanto, ingerir menos carne vermelha, mais fibras e tomar água tem um impacto positivo na saúde”, diz. “Atividade física aeróbica somada à meditação, ioga ou pilates também têm bons resultados. É preciso mudar o estilo de vida para chegar a um equilíbrio”, conclui.
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