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Como suplementar sua alimentação sem recorrer a remédios
Didier Provost
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O uso de suplementos alimentares é uma prática muito comum no Brasil. Provavelmente você já deve ter comprado vitamina C enquanto estava passando por uma gripe ou recebeu a indicação de algum amigo que foi útil para elevar a sua taxa de vitamina D ou Cálcio. Mas, cuidado! A auto-suplementação, ou o consumo sem orientação profissional, pode trazer sérios problemas para a saúde, como já mostramos aqui na Vida Simples.

O mercado de suplementos começou na década de 1950, nos Estados Unidos, e, em pouco tempo, ganhou um espaço grande no mundo, especialmente no Brasil. Isso porque, para a Anvisa, esses produtos são considerados alimentos e não precisam de receituário médico para serem comprados. Com fortes investimentos em publicidade e divulgação, esse tipo de complemento nutricional se tornou conhecido e popular no país.

Segundo a Associação Brasileira de Suplementos para Fins Especiais (Abiad), 59% dos lares brasileiros possuem pelo menos uma pessoa consumindo suplementos alimentares. Seu uso pode ser bem-vindo na saúde de muitas pessoas. No entanto, para isso, são necessárias consultas regulares com uma nutricionista e exames periódicos, que ajudam a definir a dosagem correta.

Será que você precisa suplementar sua alimentação?

Como saber quando realmente precisamos passar por uma suplementação alimentar? Será mesmo que os suplementos substituem todos os nutrientes presentes em frutas, legumes e verduras? É sobre esses assuntos que trataremos aqui.

Além disso, reunimos dicas práticas que podem ser utilizadas para suplementar a alimentação de forma natural, combinando alimentos que trazem os níveis necessários dos nutrientes que nosso corpo precisa.

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Por que a auto-suplementação pode ser um risco?

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Os suplementos realmente substituem os nutrientes presentes em frutas, legumes e verduras?

Essa pergunta pode parecer descabida para alguns, mas muitas pessoas acreditam que os suplementos são equivalentes aos nutrientes presentes nos alimentos da terra.

A verdade é que as frutas, legumes e verduras possuem inúmeras vitaminas que fortalecem o nosso corpo e não podem ser substituídas totalmente por produtos artificiais, mesmo aqueles que apostam em práticas mais sustentáveis e que utilizam ingredientes de origem natural.

Bruna Frasquetti, nutricionista que atua com uma abordagem holística da alimentação, esclarece que a absorção dos nutrientes no corpo depende diretamente da qualidade da alimentação, e não apenas da quantidade de nutrientes consumidos.

“Se um indivíduo tem uma base alimentar adequada, composta por produtos mais in natura, o intestino fica mais apto para poder absorver os micronutrientes, vitaminas, minerais e água. Caso a base alimentar esteja completamente inadequada, rica em alimentos sintéticos e industrializados, o intestino também fica doente, isso faz com que os micronutrientes não sejam absorvidos de forma adequada”, enfatiza. 

Assim, o alimento de origem natural favorece uma saúde melhor para o intestino e possibilita uma maior absorção dos nutrientes necessários para o equilíbrio do corpo, independentemente de haver ou não suplementação.

Quais são os riscos do abandono do consumo de frutas e legumes e a adesão apenas aos suplementação?

Reduzir o consumo de alimentos naturais e passar a consumir suplementos sintéticos ou artificiais pode representar um perigo para a saúde humana a longo prazo.

Sabemos que o crescimento da inflação e a alta no preço dos alimentos dificultam o acesso a produtos in natura, considerados mais benéficos ao corpo, e muitas pessoas recorrerem a alimentos ultraprocessados ou suplementos.

Embora o consumo de alimentos da terra seja fundamental, há ainda barreiras econômicas que impedem o acesso de boa parte da população a eles. Não à toa, o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), mostrou que 33,1 milhões de brasileiros passam fome hoje no país, o equivalente a 15,5% da população.

Bruna Frasquetti argumenta que os suplementos sintéticos têm uma relação diferente com o corpo humano se comparado àqueles obtidos naturalmente. “Os suplementos sintéticos são artificiais e não têm a mesma afinidade com o corpo humano do que a vitamina e o mineral que vem através do alimento. Essa vitamina que vem através de alimentos está envolta de proteínas e enzimas para que a absorção seja mais oportuna, é o que chamamos de biodisponibilidade.”

Ela acrescenta ainda que “um ponto importante a destacar é que o nosso solo está empobrecido, e aí, sempre que possível, é importante buscar alimentos que sejam da agricultura familiar ou orgânica, porque isso faz com que o solo esteja mais enriquecido e o alimento esteja mais carregado de vitaminas e minerais.”

Frasquetti lembra que “o ponto que é valioso de ser ressaltado é que a auto-suplementação pode trazer prejuízos e ser desnecessária. A melhor via de se buscar uma suplementação é procurar um profissional, para avaliar o seu hábito alimentar, sintomas e prescrever exames laboratoriais para identificar quais são as deficiências. É preciso cruzar histórico pessoal, estilo de vida, sintomas e exames.”

Dicas práticas

Como passar então a consumir mais alimentos in natura e se desprender da suplementação artificial? Veja a seguir algumas dicas para melhorar sua alimentação diária.

1. Use o esquema 80/20

Um bom passo é observar como anda o consumo de frutas e vegetais durante o dia, isso porque o ideal, para a nutricionista Bruna Frasquetti, seria o consumo de “80% da alimentação ser de produtos mais in natura, 20% a gente deixa para os alimentos mais processados. Quando fazemos esse esquema 80/20 a gente tem uma boa base de alimentos, que irão regular o intestino”

2. Observe os grupos alimentarias que você inclui na sua alimentação

Dentro desse grupo de 80%, Bruna aconselha que pelo menos de 40% a 50% seja composto por vegetais, legumes e hortaliças. O restante pode ser composto por outro grupo importante, os cereais integrais, como arroz, aveia, sementes. “Eles contêm muitos minerais que são importantes para a regulação do intestino”, conta a nutricionista.

3. Diversifique a forma de ingerir alimentos in natura

Consumir frutas e produtos in natura nem sempre é prazeroso para todos. Às vezes, não estamos interessados em comer uma salada ou simplesmente não gostamos de um determinado alimento. A dica é buscar diferentes formas de consumi-los. Algumas sugestões são fazer, por exemplo, um suco da salada ou introduzir pequenas porções dos vegetais durante as refeições do dia em vez de comê-los todos de uma vez.

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