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    Criatividade humana na era digital
    Avel Chuklanov
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    A empreendedora Isis de Almeida é uma mulher plural. Isso fica cla­ro quando temas como liberdade, disciplina, futuro, inteligência arti­ficial (e natural) e moda se encai­xam de um jeito que só essa far­macêutica rebelde consegue fazer funcionar.

    Ela é a criadora do pro­jeto Sonhadores do Milênio, plata­forma educativa que alinhava arte, tecnologia e conhecimento para fo­mentar as transformações de que o planeta necessita.

    Preocupações de ordem política, social e ambien­tal são pilares da iniciativa. Porém, Isis é avessa a moldes estreitos. Ela conta sobre sua vida, a infância em Santos, no litoral paulista, e de repente cita referências tiradas da ciência, de livros de história antiga, de músicas atuais e de séries de TV dos anos 1990 com a mesma de­senvoltura. É que, para essa sagi­tariana, tudo é aprendizado. E este floresce no terreno da liberdade, como você entenderá a seguir.

    Você já atuou no mercado de luxo, pesquisou culturas ancestrais e agora abraça um projeto de ensino por meio da arte. Quem é você, afinal? 

    Sou filha de uma educadora am­biental e de um cientista da compu­tação. Estudei farmácia, biomedici­na, educação física, administração, gestão de projetos, marketing e, mais recentemente, engenharia de dados na Escola Korú, uma ins­tituição com foco em diversidade, equidade e inclusão. Sempre fui muito curiosa e rebelde.

    Esse traço da sua personalidade foi sua força motriz?

    Sempre fui incentivada a questio­nar, a não me conformar e, espe­cialmente, a fazer as coisas de um jeito que tivesse sentido para mim, mesmo que não fosse o modo con­vencional. Além disso, sempre bus­quei conhecimentos plurais, gostei de conhecer todas as versões possíveis de uma história. Para mim, tudo gira em torno da liberdade de poder ser quem eu sou, e o conhe­cimento me proporcionou isso.

    O projeto Sonhadores do Milênio é sobre ensinar às pessoas o que elas precisam para ser livres? 

    Nossa missão é tornar o conheci­mento acessível por meio da arte, trocar experiências e informações, que, por meio do método artivis­mo, evoluem de experiência e in­formação para formação e certifi­cação. O conteúdo que aprendi na sala de aula anos atrás, essa coisa de “abram o livro na página tal, co­piem isso, decorem aquilo” nunca fez sentido para mim. Como disse, sempre fui muito curiosa e gostei de enxergar todos os ângulos de uma história. Demorei um pouco para entender que educação por meio da arte é a liberdade que sempre busquei. Uma revolução.

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    Foto: Arquivo Pessoal

    Você fala de artivismo. O que esse termo significa?

    É a união entre a arte e o ativismo. Assim artistas e criativos em geral se posicionam sobre temas políticos, sociais e ambientais, buscando mudanças e transformações para os problemas da sociedade.

    De que maneira essa vertente influencia o seu projeto?

    Queremos trocar conhecimento de maneira não convencional. Movimentos assim são muito comuns na história da humanidade, principalmente após momentos de “guerra mundial”; como o que passamos com a pandemia. Você pode encontrar vários exemplos de artivismo na nossa história. Aliás, um deles é bem conhecido: os Beatles. Como fazer milhões de jovens se conscientizarem sobre os impactos da Guerra do Vietnã? Por meio da primeira boy band do mundo, é claro. All you need is love.

    Como você define os Sonhadores do Milênio?

    Pessoas incríveis que vivem, agem e pensam “fora da caixa”, cada uma na sua área de excelência e usando a tecnologia a seu favor. Seres humanos excelentes na era digital.

    Pode citar alguns nomes?

    A empreendedora social e greenfluencer Domitila Barros, que é uma sonhadora do milênio “original”, recebeu esse título aos 13 anos, da Unesco, em 2000. Agora estamos empreendendo na adaptação desse método para a cultura brasileira. Outro “sonhador” é Fabio Gandour, médico, cientista da computação e o único brasileiro a participar do Projeto Watson, que é a inteligência artificial da IBM. Ainda tem a Ana Holanda, jornalista e colunista de Vida Simples, que desenvolveu um método de escrita afetiva, indo um pouco na contramão do conteúdo duro e impositivo que fomos acostumados a aceitar em ambientes de aprendizagem. E a Samara Vieira, a gestora de gente mais completa e desbravadora que eu já conheci no mundo corporativo. Esses são os primeiros. Muitos outros estão vindo por aí.

    São perfis distintos…

    O Sonhadores do Milênio é para todos, para quem quer aprender, quem quer ampliar seus conhecimentos ou para quem deseja um espaço de troca. Nós somos esse lugar, quase que um ecossistema de aprendizado. E estamos muito animados com as possibilidades que percebemos pela frente.

    Existem temas centrais dentro desse ecossistema?

    Como falei, não queremos nos colocar em caixas. Vamos falar sobre empreendedorismo, ESG (Governança ambiental, social e corporativa), diversidade e inclusão

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