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À própria sorte: fotografias mostram o dia a dia das periferias
Iatã Cannabrava
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Ao longo de uma década, entre 1997 e 2007, o fotógrafo Iatã Cannabrava visitou periferias de São Paulo e de grandes cidades da América Latina, como Belém, Caracas, Lima, La Paz, Buenos Aires e Montevidéu. Sua ideia era documentar o dia a dia dos lugares a partir das pessoas, indo além da “tradicional denúncia de miséria e pobreza vista pelas teleobjetivas dos fotógrafos”, reflete ele, cuja série, intitulada Uma outra cidade, continua atual segundo o curador Rubens Fernandes. “Quase nada mudou nas periferias urbanas nas últimas décadas.

O poder público pouco realizou em termos de melhorias, como esgoto e saneamento básico, mas os territórios permanecem como centros de resistência cultural e política.” As imagens, para ele, expressam episódios estigmatizados de desigualdade social. “A síntese é um conjunto expressivo, de muita unidade visual, de um fotógrafo que acredita na força documental da fotografia.” A intenção do artista era voltar a percorrer as cidades anos depois, mas a descoberta de uma doença de Parkinson, em 2008, e as transformações da sociedade, o fizeram mudar de ideia. “Hoje tenho clareza de que, nesse processo do tempo, as comunidades criaram seus mecanismos, ferramentas e linguagens para falarem por suas próprias vozes.”

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