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    Longevidade feliz: estratégias para envelhecer com bem-estar
    Richard Sagredo
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    Um passeio de carro conversível pela cidade. A animação no karaokê em um bar. O salão de jogos digitais. Essas e outras atividades de lazer são o que Helen Schott praticou durante o dia em que comemorou seu 100° aniversário. As imagens desses momentos estão registrados no videoclipe “Glorious”, do rapper estadunidense Macklemore. Aliás, Helen é sua avó e o neto decidiu mostrar que o bem-estar na longevidade não é só algo possível, como também divertido.

    Os estereótipos de que a velhice é um período de limitações, monótono e de pessoas rabugentas é algo que foi alimentado culturalmente pela sociedade, mas está bem longe de ser a verdade. Aliás, há pessoas impacientes e arrogantes em qualquer idade, não? A questão é que a velhice pode ser vivenciada com mais prazer, diversão e autocuidado. Com a adaptação necessária, há inúmeras outras formas de acolher seu corpo neste momento.

    Entender que a vida é um fluxo contínuo repleto de mudanças e alterações no corpo e na mente é um caminho para a aceitação.

    Para o especialista em felicidade e bem-estar Rodrigo de Aquino, tentar impedir o fluxo natural da existência é bloquear as sensações benéficas ao corpo que podem surgir ao longo do tempo. “A vida é um rio de caminho único que sempre segue pra frente e que a mudança faz parte dele. Mudança do tempo, do tom do cabelo, da textura da pele”, explica.

    Experimente os aprendizados da longevidade

    Crescer, frequentar o ensino básico, cursar uma graduação na universidade, encontrar um bom emprego, buscar a aposentadoria. Esse parecia ser o percurso comum da vida. E, para muitos, a aposentadoria ainda é vista como esse fim da linha, um vazio existencial onde você parece já ter realizado todos os desejos e objetivos.

    Associar uma rotina monótona à velhice, no entanto, é limitar as potencialidades que essa fase da vida traz às pessoas. Para Claudia Lima, nutricionista e terapeuta, é preciso buscar o desenvolvimento pessoal para encontrar novas possibilidades de viver o cotidiano.

    O autoconhecimento nos faz ter consciência de que a vida é cíclica e nos convida a experienciar cada fase, com suas descobertas e aprendizados“, explica.

    Aos 20, as pessoas costumam vivenciar suas primeiras experiências de relacionamento e passam a se conhecer com mais profundidade. Aos 30, com o fim da juventude, há maior foco na vida profissional, na construção – ou não – de uma família e assim por diante. Os 40, 50 e 60 anos são a fase em que os filhos começam a crescer, a carreira já está consolidada e a vida parecer estar em bons trilhos.

    Mas nem por isso as experiências não podem se misturar ao longo da vida. Aliás, é sempre interessante testar novas coisas e vivenciar situações novas em qualquer fase. “Podemos dar sentido à vida usufruindo mais de momentos de calma, tranquilidade e sem a pressa que a fase adulta exige de nós”, destaca Claudia Lima. “Me refiro a ler um bom livro com calma, fazer uma viagem, participar de grupos acolhedores e, acima de tudo, passar seu conhecimento e legado às novas gerações”, acrescenta a terapeuta.

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    Trabalhar para que a longevidade seja alcançável do ponto de vista coletivo depende, é claro, de uma sociedade aberta à diversidade e disposta a construir um ecossistema saudável para todas as pessoas. “A sociedade é feita de coletivos e os espaços de bem-estar, saúde mental e felicidade devem ser projetados da mesma forma: para todos os públicos e idades“, esclarece Rodrigo de Aquino.

    Para o especialista, o autocuidado e autogentileza são importantes para alcançarmos o bem-estar e a felicidade ao longo da vida. Afinal, não é que as emoções e sentimentos negativos desaparecerão, mas não podem ser, de forma constante, sobrepostos aos bons momentos. Por isso, Rodrigo de Aquino lista algumas atividades para envelhecermos bem:

    1. Praticar atividades que tragam prazer: pode ser uma atividade física, meditação, leitura, até cuidados com o jardim;
    2. Cultivas boas relações: o maior estudo de Harvard, com mais de 80 anos e duas gerações, diz que os relacionamentos positivos são a maior fonte de bem-estar e de vida longa;
    3. Buscar sentido para a vida: pode ser desde cuidar da pracinha do bairro onde mora até a medicina, salvar vidas, a espiritualidade – que não necessariamente está ligada a religião
    4. Celebrar as conquistas da vida: comemorar uma volta no parque com o neto, um passeio de bicicleta, nutrem em nós essa força de florescimento.

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