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Três práticas da filosofia Ubuntu que podem melhorar sua vida
Filosofia Ubuntu preza pelo bem-viver coletivo. Vonecia Carswell/ Unsplash
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“Eu sou porque nós somos” é a forma mais simples de definir o que significa Ubuntu. A frase toca em uma ideia muito importante para essa filosofia: a importância da comunidade na construção de quem nós somos. Mas vai além, esse conceito trata-se tem muitas camadas e práticas que auxiliam no exercício da coletividade.

Com origem nos povos bantus, o conceito de Ubuntu foca na humanidade. “É a nossa humanidade se reconhecendo”, resume Aza Njeri, professora da PUC – Rio, doutora em literaturas africanas e pesquisadora de filosofias africanas. E essa humanidade, ela explica, é “a nossa força vital se reconhecendo diante da força vital do outro”.

Para Aza, o exercício do Ubuntu tem resultados na qualidade de vida. “O maior benefício é o bem viver”, aponta. Segundo ela, as pessoas se entendem “enquanto seres dotados de força vital, cuja força vital deve ser respeitada e também deve respeitar”. “E não há nada mais bonito do que viver em equilíbrio”, completa.

No vídeo, Aza amplia sua explicação sobre essa filosofia.

De onde vem o Ubuntu?

O maior exemplo do uso do Ubuntu aconteceu na África do Sul após o regime de apartheid, palavra essa que significa “separação”. Esse período durou de 1948 e 1994 e era regido pela segregação entre pessoas brancas e negras, algo que estava previsto nas leis do país. Havia também uma maior garantia de direitos e concentração poderes para pessoas brancas. Ao longo dos anos, esse regime incentivou violências e ressentimentos entre os dois grupos.

Aza explica que o Ubuntu foi usado após o fim do regime por ser uma “filosofia humanista, apaziguadora e agregadora”. O regime apartheid tinha acabado juridicamente, mas não tinha acabado comportamentalmente. Então, o princípio do Ubuntu, o ‘eu sou porque nós somos’, o reconhecimento da humanidade em si e no outro, era uma forma de promover e incentivar a união dos povos no país

Nelson Mandela, primeiro presidente da África do Sul depois do apartheid, e Desmond Tutu, ativista sul-americano pelos direitos humanos, foram os principais nomes incentivadores dessa prática no país, tendo usado-a nesse viés político.

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Como praticar o Ubuntu todos os dias

A prática do Ubuntu pode trazer muitos benefícios para a vida das pessoas.No livro “Ubuntu todos os dias” de Mungi Ngomane, neta de Desmond Tutu, há a descrição de lições de como aplicar a filosofia.

Mungi mostra também situações reais de como o Ubuntu foi aplicado e seus resultados, além do contexto da África do Sul após o fim do regime.

Abaixo, selecionamos três dessas lições e como aplicá-las, seguindo os ensinamentos do livro.

Escolha a perspectiva mais ampla

“O Ubuntu nos ensina que devemos observar o mundo sob a todas as perspectivas, de todos os ângulos. Ao fazer isso, podemos extrair o máximo de compreensão possível sobre uma situação.”

Mungi incentiva o exército de analisar todas as perspectivas possíveis de uma situação. Essa prática permite ter uma visão mais ampla dos problemas, além de mais empatia, pois permite que se perceba as dores das pessoas envolvidas.

Então, para a prática, a autora recomenda algumas ações:

  • Olhar de longe: perguntar a outras pessoas sobre visão delas sobre a situação, se colocar no lugar das pessoas envolvidas. Você também pode se perguntar o que as levou a agir daquela determinada forma;
  • Focar no que você tem e ser grato: se acha que uma situação está muito complicada, pare e pense no que você já tem. Se concentrar no que você tem ajuda a ter uma perspectiva mais ampla e mais leve.

Acredite no bem que há em todos

“Todos os dias, em todos os lugares, são realizados um milhão de pequenos (e às vezes grandes!) atos de amor, devoção, abnegação e união que sintetizam e celebram nossa humanidade.”

Mungi fala sobre a importância de acreditar na bondade da humanidade. Ela fala que isso é uma escolha. Escolhe-se buscar o bem nas pessoas. Ela aponta também a importância de confrontar seus vieses e preconceitos para isso acontecer.

Uma das formas de exercer isso, é pensar “o que faz essas pessoas agirem dessa forma?” ou “essa pessoa sempre foi assim?”

Afinal, essas perguntas ajudam a enxergar e entender o outro e suas motivações. Além disso, essa prática pode melhorar as relações por incentivar a empatia.

No livro, há uma citação de Nelson Mandela que resume esse principio:

“As pessoas são seres humanos, frutos da sociedade em que vivem. Você incentiva as pessoas vendo o bem nelas.”

Aprenda a escutar para poder ouvir

“Com que frequência fazemos um esforço consciente para realmente ouvir a resposta [de uma pessoa]?”

Com essa pergunta, a autora questiona sobre o nosso empenho em ouvir realmente as pessoas. Esse exercício é fundamental para que as pessoas se compreendam, se entendam e estabeleçam conexões reais.

O cenário mais comum, descrito pela autora, é o de fazer uma escuta passiva, que resulta em ouvir apenas o que queríamos ouvir. Mungi, pede que o leitor lembre de um momento em que se sentiu, de fato, ouvido e de como essa sensação é boa e faz com que as pessoas se sintam acolhidas.

Para uma escuta ativa, ela indica o SHUSH (em inglês, a palavra indica um verbo que significa silenciar) da entidade Samaritans:

  • Show you care (mostre que você se importa)
  • Have patience (tenha paciência)
  • Use open questions (use perguntas abertas)
  • Say it back (responda)
  • Have courage to help people undestand the art of listening (tenha coragem de ajudar as pessoas a entender a arte de ouvir)

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