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Sobre educar nosso coração
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Erik volta chorando do parquinho do condomínio. Procuro acalmá-lo, incentivando-o a voltar à brincadeira.

Não me lembro de minha mãe ter essa paciência comigo e com minhas irmãs. Nem minha mãe, nem a minha geração foram educadas para lidar com suas emoções – menos ainda com as dos outros. Eu comecei a me interessar por isso aos 20 e poucos anos, quando percebi que dentro de mim habitava um ser emocional, que tinha muitas dores e inseguranças. Dunia, minha primeira psicóloga, foi fundamental nesse momento, assim como livros sobre budismo, filosofia e espiritismo, passando por astrologia e autoajuda.

Educar nossa mente e nosso racional é o que aprendemos na escola e, mais tarde, continuamos a desenvolver no nosso trabalho. Mas educar nossos corações, nossas emoções, isso não aprendemos. Vemos avanços em algumas escolas, e Erik, por exemplo, já tem noções de empatia, gratidão e colaboração na educação infantil.

Dalai-Lama declarou há alguns anos sobre a necessidade de a educação formal dar atenção verdadeira à educação do coração, ensinando nas escolas amor, compaixão, justiça, perdão, presença e paz para criarmos uma geração mais tolerante, amorosa, resiliente, justa e ética. Ainda temos um longo caminho a percorrer, e não só nas escolas: o mundo do trabalho se atentou que pessoas mais equilibradas são também mais produtivas.

Mas como educar nosso coração? Antes de mais nada, assumindo que todos nós temos essas dores. Seja você um adolescente introspectivo sofrendo por um amor não correspondido, seja um experiente presidente de empresa, pressionado pela responsabilidade dos resultados e das centenas de empregos a se manter em plena crise, todos nós precisamos de ajuda em algum momento, e não há problema nenhum em mostrar esse lado ainda visto como “fraco”.

Eu sou uma CEO, séria e comprometida, mas igualmente sensível a ponto de pouco esconder minhas emoções.

E espero jamais julgar e sempre ouvir com atenção alguém que se mostre vulnerável. Sabendo de toda a importância de educar o coração para viver melhor, meu trabalho como mãe também passa por ajudar meu filho a compreender suas dores. Juntos, tentamos nomear e acolher os sentimentos, sabendo que há sempre uma saída.

Ao final, sempre ganho um abracinho, ouço um suspiro de calma e o deixo seguir com a sensação de estar colaborando com um futuro mais tolerante, amoroso, resiliente, justo e pacífico.


LUCIANA PIANARO
Publisher e CEO da Vida Simples.
@lucianapianaro

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