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“Sinto tudo ao meu redor”: você pode ser uma Pessoa Altamente Sensível (PAS)
Zac Durant - Unsplash
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O som dos pássaros, o aroma do café, a luz do sol que invade a sala, o arranhar da etiqueta de roupa na pele. Para a maior parte das pessoas, esses detalhes passam despercebidos. Mas, para um grupo específico de seres humanos, todos eles cabem em apenas um segundo e são sentidos de uma só vez. Assim acontece com uma Pessoa Altamente Sensível (PAS).

O que é ser uma Pessoa Altamente Sensível?

O conceito de “Pessoa Altamente Sensível” (PAS) foi popularizado pela psicóloga e autora Elaine Aron. Ela é amplamente reconhecida por seu trabalho na identificação e pesquisa sobre as características das PAS.

Pessoas Altamente Sensíveis são aquelas que possuem uma capacidade sensorial muito aguçada, com a habilidade de perceber detalhes muito sutis no seu entorno e, ao mesmo tempo, possuir muita empatia.

O que para alguns pode soar como uma dádiva, para outros pode parecer frescura ou fraqueza. Em uma sociedade em que tudo é feito na pressa, sem tempo, sem o cuidado da observação mais detalhada, ser uma PAS nem sempre é fácil.

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As principais características de uma Pessoa Altamente Sensível

As características comuns das PAS incluem:

  • Sensibilidade sensorial: PAS podem ser facilmente sobrecarregadas por estímulos sensoriais, como luz brilhante, ruído intenso ou texturas desconfortáveis.
  • Profundidade de processamento: Elas tendem a refletir profundamente sobre as coisas e a processar informações em um nível mais profundo.
  • Empatia: Possuem uma alta capacidade de empatia e são sensíveis às emoções dos outros.
  • Reações intensas às emoções: PAS frequentemente experimentam emoções de maneira mais intensa e podem ser facilmente afetadas por estímulos emocionais.
  • Sensibilidade ao ambiente: Elas podem perceber detalhes sutis e mudanças no ambiente que outros podem não notar.

Como uma PAS pode aceitar sua sensibilidade para viver bem?

Os pesquisadores Jenn Granneman e Andre Sólo, criadores do Sensitive Refuge, a maior comunidade on-line para pessoas altamente sensíveis, escreveram o livro Sensível* (Sextante, 311 páginas) com conselhos práticos, relatos e as últimas descobertas científicas sobre o assunto.

Na obra, Jenn Granneman e Andre Sólo mostram que o caminho para uma vida boa é acolher e celebrar a sensibilidade – uma característica que, quando usada a seu favor, é um superpoder capaz de tornar você mais realizado e feliz.

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Os desafios de ser homem e PAS em uma sociedade culturalmente machista

Em Sensível, os autores citam o exemplo de Fábio Augusto Cunha, um homem sensível que mora no Brasil. Fábio concedeu uma entrevista para a Vida Simples compartilhando suas experiências e dificuldades, principalmente como ser homem em uma cultura machista e, muitas vezes, intolerante em que meninos são estimulados a serem “durões”.

Como a sociedade pode mudar as métricas tão machistas para respeitar as pessoas mais sensíveis?

As métricas que atestam o valor e o sucesso de um homem na sociedade são todas baseadas na competição, é esperado que o homem conquiste mulheres, países, mercados, posições sociais e elimine seus concorrentes. Somente o mais forte, o vencedor é quem é reconhecido e valorizado.

Essa cultura é transmitida de diversas formas para os meninos que sentem que precisam ser sempre fortes, não demonstrar vulnerabilidade e vencer a qualquer custo. É isso que levou a um sistema que está adoecendo o ser humano e destruindo o planeta.

“É devastador para os homens sensíveis tentarem se encaixar nesse padrão. Para que uma sociedade funcione de forma saudável e sustentável para todos, deve haver um equilíbrio entre os diferentes tipos de masculinidade.”

Ao longo da história da evolução da humanidade, as características dos homens sensíveis estiveram presentes e foram fundamentais em diversos momentos. O papel do sábio conselheiro do rei, que faz reflexões profundas, que leva em consideração o interesse das diversas partes é um exemplo. As pessoas altamente sensíveis captam mais informações e processam tudo mais profundamente e por isso precisam de tempo para reflexão, calma para pensar. Elas também captam as sutilezas, os sinais de que existe um problema antes que ele apareça.

Podem captar sinais do ambiente e do estado emocional das pessoas. São capacidades que podem trazer grande contribuição para o mundo e normalmente estão ligadas à colaboração, não em produzir vencedores, mas sistemas que funcionem melhor para todos. E quando um homem expressa sua sensibilidade, sua vulnerabilidade, seja no trabalho, no relacionamento, na educação dos seus filhos, ele cria um mundo mais humano ao seu redor. Permitir que as emoções sejam sentidas e expressadas torna a vida mais leve para todos.

Não se trata de substituir as métricas existentes, mas de ampliar as perspectivas. Não queremos que todos os homens se tornem altamente sensíveis, mas que garantir que as características mais sensíveis também sejam respeitadas, também tenham seu espaço e consideração em todos os setores da vida. Que os meninos mais sensíveis não sejam rotulados de fracos, mas sejam também valorizados.

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Quais os conselhos que você dá para pessoas, principalmente homens, que são sensíveis?

O primeiro é aceitar-se como é. Vejo muitos homens altamente sensíveis que veem a sensibilidade como um fardo, que precisa ser escondido, que os impede de alcançar o “sucesso” na vida. A própria palavra “sensível” carrega muita resistência pois na nossa cultura associamos com fraqueza ou feminilidade.

“É importante estudar e conhecer melhor o traço da alta sensibilidade para romper com estes estigmas. É importante também buscar referências masculinas sensíveis, esse reconhecimento no outro é fundamental.”

Temos um grupo de WhatsApp com 30 homens que se reconhecem como altamente sensíveis e ali compartilhamos nossos desafios e aprendizados. É muito comum os depoimentos de que antes de conhecer o traço e falar com outros homens sensíveis, eles achavam que eram os únicos diferentes no mundo. Deste grupo surgiu a ideia de escrever um livro brasileiro com depoimentos para que os jovens tenham as referências que não tivemos.

O segundo passo é um comprometimento em viver uma vida que honre a sua sensibilidade inata. Isso exige abandonar velhos hábitos e mesmo grupos sociais e atividades que nós forçamos a fazer para encaixar no padrão masculino e se dedicar a atividades que realmente nos façam bem, que alimentem a nossa sensibilidade.

“Cuidar da nossa energia é muito importante. Como somos mais sensíveis a estímulos, nos sobrecarregamos facilmente e isso nos leva a fadiga, ansiedade e até depressão. Aprender a estabelecer limites e expressar as necessidades que a sensibilidade impõe é um passo importante.”

Quais caminhos devemos percorrer para conhecer e entender a sensibilidade a fim de viver de forma plena?

Cada ser humano é um universo único por isso o autoconhecimento é muito importante. A sensibilidade vai se expressar em cada um de uma forma diferente.

“As teorias mais recentes indicam que a sensibilidade e como ela se expressa em cada um é formado por componentes inatos, genéticos e moldada pelo ambiente em que vivemos os nossos primeiros anos de vida.”

O conhecimento do traço da alta sensibilidade, seus fatores psicológicos e fisiológicos complementa o trabalho terapêutico e nos ajuda a entender por que funcionamos de maneira diferente de outras pessoas ou por que algumas experiências nos afetaram tanto e a outras pessoas não. Acredito que como citei anteriormente a aceitação, parar de querer ser “menos sensível” e abraçar integralmente a sensibilidade é o começo dessa jornada.

Estudar os livros, filmes disponíveis sobre a sensibilidade permitem um aprofundamento na compreensão de como a sensibilidade nos afeta e molda quem somos. É importante se conectar com pessoas, grupos de pessoas sensíveis e aprender as melhores práticas de gestão da própria energia. Práticas corporais e de ampliação da consciência como yoga, meditação, caminhada contemplativa são ótimos para conectar com a sensibilidade e ter o tempo e espaço necessário para processar os pensamentos, sentimentos e emoções de forma profunda.

As pessoas sensíveis têm um rico mundo interno, cultivar essa conexão é essencial através de rituais e de contato com a natureza.

“Com o tempo, cada vez mais a sensibilidade passa a ser parte de você e um superpoder que pode ser usado em todas as áreas da vida para ter mais conexão e escuta ativa, intuição para tomar melhores decisões, expressar beleza em todo tipo de trabalho realizado.”

E então podemos abandonar aquela visão de mundo que precisa competir e vencer e passar ancorar o nosso papel de criar um mundo que seja mais sensível, mais humano.

A partir disso, vivendo a sensibilidade de forma integral, podemos criar uma cultura na sociedade, através de uma nova postura sendo exemplo e inspiração. Encontramos maneiras de serem eficientes na sociedade, sendo nós mesmos e oferecendo os nossos dons que são tão necessários no mundo atual, sem sacrificar nenhuma de suas características, sem receio em demonstrar e falar sobre sentimentos e emoções liderando com compaixão e vulnerabilidade.

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