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Qual é o filme da sua vida?
Donald Edgar
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Neste artigo:

Uma parte da família da jornalista Eliane Brum mora na zona rural. Quando criança, ela passava os fins de semana por lá. A pequena Eliane brincava o dia inteiro de ser escutadeira e olhadeira: ela se sentava num banquinho e ouvia as histórias dos adultos por horas e horas, sem se cansar. Infiltrava seus ouvidos nas conversas e varria os olhares alheios com suas pestanas. Ela amava – e ainda ama – se deixar preencher pelo extraordinário que habita as pessoas. Que habita gente como você. Sim, não só a vida das pessoas ao seu redor, mas também a sua vale uma espiada atenta. Do momento em que você nasceu até hoje, passou-se uma trama complexa, cheia de idas e vindas. A amálgama das suas diferentes lembranças é um tesouro, um argumento para um filme nunca feito, de múltiplos enredos. Uma narrativa única, articulada com os registros que resistiram ao esquecimento.

Observar a vida com um olhar generoso é perceber a singularidade da própria história. É exercitar um olhar insubordinado, ressignificar o que usualmente é tachado de banal. “Nada é mais transformador do que nos percebermos extraordinários – e não ordinários como toda a miopia do mundo nos leva a crer”, afirma Eliane Brum em seu livro A Vida que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial). A partir do momento em que desconfiamos da banalidade, começamos a perceber que a vida real é tão interessante quanto a ficção.

Casamento entre realidade e ficção

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