Qual é o filme da sua vida?
Qualquer história a de um amigo, a da sua tia, a sua, por que não? Dá um belo longa metragem. Tudo depende da maneira como olhamos para nossa rotina. E ao fazer esse exercício a vida pode ganhar outro significado... mais alegre, mais generoso. Experimente!
Uma parte da família da jornalista Eliane Brum mora na zona rural. Quando criança, ela passava os fins de semana por lá. A pequena Eliane brincava o dia inteiro de ser escutadeira e olhadeira: ela se sentava num banquinho e ouvia as histórias dos adultos por horas e horas, sem se cansar. Infiltrava seus ouvidos nas conversas e varria os olhares alheios com suas pestanas. Ela amava – e ainda ama – se deixar preencher pelo extraordinário que habita as pessoas. Que habita gente como você. Sim, não só a vida das pessoas ao seu redor, mas também a sua vale uma espiada atenta. Do momento em que você nasceu até hoje, passou-se uma trama complexa, cheia de idas e vindas. A amálgama das suas diferentes lembranças é um tesouro, um argumento para um filme nunca feito, de múltiplos enredos. Uma narrativa única, articulada com os registros que resistiram ao esquecimento.
Observar a vida com um olhar generoso é perceber a singularidade da própria história. É exercitar um olhar insubordinado, ressignificar o que usualmente é tachado de banal. “Nada é mais transformador do que nos percebermos extraordinários – e não ordinários como toda a miopia do mundo nos leva a crer”, afirma Eliane Brum em seu livro A Vida que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial). A partir do momento em que desconfiamos da banalidade, começamos a perceber que a vida real é tão interessante quanto a ficção.
Os comentários são exclusivos para assinantes da Vida Simples.
Já é assinante? Faça login