Sentir-se infeliz é uma condição humana que muitas pessoas buscam evitar e até nutrem um certo medo. A ideia de que estar feliz o tempo inteiro é sinônimo de uma vida plena e com propósito gera – frequentemente – mais frustração do que tranquilidade. De filósofos gregos a estudos científicos robustos, a felicidade é um tema intrigante, que cativa e provoca muito mais questionamentos do que a escavação de provas ou respostas. No entanto, hoje é possível esclarecer quais são os mitos e verdades de um conceito tão cobiçado culturalmente.
O que é felicidade e o que não é
Sem qualquer questionário, podemos dizer que a felicidade é tema de interesse de mais de 90% da população mundial. Para alguns, ser feliz é poder viver em uma grande cidade com oferta de serviços, empregos e lugares para se divertir. Mas uma casa na fazenda no silêncio da natureza é o ideal para outras pessoas.
Para Jorge Oishi, estatístico e especialista em felicidade, o conceito pode ser compreendido como a síntese de afetos que se acumulam a partir de experiências internas e externas do ser humano.
“A felicidade não deve ser entendida como um conceito dicotômico de ser feliz ou infeliz, mas como um valor que varia num intervalo de valores possíveis, e que vai de um valor mínimo a um máximo”, explica Oishi.
Ele, que também é professor da Universidade Federal de São Carlo (UFSCar), conta que a felicidade é subjetiva, já que se constitui como um conjunto de conhecimentos e experiências que cada um consegue reunir durante toda a sua vida.
Por que nos vendem a ideia de felicidade?
Associar felicidade à compra é uma estratégia eficiente e útil desde que as mercadorias passaram a ser centrais na sociedade. É comum ligar o ato de ser feliz a questões materiais que podem ser efêmeras. É, no fim, um comércio intenso e ininterrupto de felicidade. Às vezes de qualidade ruim.
No entanto, para a ciência, isso não é bem felicidade, mas pode se enquadrar em um estado de bem-estar. “A mídia e o marketing nos convencem de que felicidade é o mesmo que sentir apenas as mesmas doses de emoções positivas. É uma vida que não existe dor, sacrifício, mas sabemos que, obviamente, isso é impossível”, explica Adriana Drulla, mestre em Psicologia Positiva pela Universidade da Pensilvânia e colunista da Vida Simples.
Ela deixa claro que uma vida feliz não significa que existam apenas emoções positivas. “Elas são sempre passageiras, mas as pessoas vivem se sacrificando a serviço do consumo, de compras materiais ou mesmo conquista de status.” Para a especialista, a felicidade depende da forma como levamos a vida. “É um esforço consciente de aproveitar aquilo que você já tem, que já é bom hoje.”
5 dicas para ser mais feliz
Essa não é uma receita de bolo, mas dicas importantes que podem nos ajudar a construir um caminho para a felicidade. Adriana Drulla, Jorge Oishi e Hildengard Allgaier nos ajudam a driblar as falsas afirmações do que é felicidade e nos lembram que ela depende bem mais da gente do que costumamos imaginar.
Pegue um caderno, lápis ou faça uma captura de tela se achar mais simples das dicas a seguir:
- É importante que o ser humano (portanto, você) mantenha relacionamentos positivos. Conexões importantes nos ajudam a nos sentir valorizados, amados e pertencentes;
- Outro aspecto relevante é avaliar se temos realmente uma vida com propósito. Se somos capazes de adicionar valor ao mundo e às causas que para nós são importantes. Se a gente produz bons efeitos positivos no planeta;
- Busque associar a felicidade a valores subjetivos e experiências de vida. Fazer esse cálculo com bens materiais ou consumo pode ser perigoso. Afinal, essas coisas acabam;
- A felicidade tem relação com a compreensão cada vez mais profunda sobre nós, quem somos e qual é a nossa finalidade no mundo;
- Somos parte integral de uma intenção maior do Universo, acredita Hildengard Allgaier. “Quando sentimos isso, deixamos de buscar o extraordinário e nos fixamos em agradecer o simples“, explica.
Os comentários são exclusivos para assinantes da Vida Simples.
Já é assinante? Faça login