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O que a onda de separações nos diz sobre responsabilidade afetiva?
Sikkema
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A notícia do divórcio de Sandy e Lucas Lima rapidamente se tornou o centro das atenções na mídia. Em menos de uma semana, o Brasil também testemunhou a exposição ao vivo na TV feita por Luísa Sonza sobre o término de seu relacionamento com Chico Moedas. As separações recentes no mundo das celebridades destacam as nuances das relações humanas e sublinham a importância da responsabilidade afetiva.

Todos nós queremos ser amados, aceitos, compreendidos, acolhidos em nossas fraquezas e celebrados em nossas fortalezas e conquistas. Mas, vivemos em tempos repletos de estímulos e conteúdos, inchados de emoções mal digeridas e recheados de medos e inseguranças. Em meio a tantas influências, nem sempre escolhemos o melhor caminho.

No emaranhado de informações e emoções, muitos se perdem e acabam ancorando seus desejos e decisões em questões e pontos de vistas externos, desconfigurando seu jeito único de ser e gerando para si, desconforto, angústia, tristeza e sensação de murchamento. Neste caso, precisamos assumir o controle do “nosso eu” frente a tantos conteúdos conflitantes, para que as escolhas e decisões sejam tomadas a partir de verdades e valores bem solidificados e não apenas pela necessidade de se sentir pertencente ou de fazer parte do grupo dos bem informados que, como alecrins dourados, estão sempre ilibados e fazendo as escolhas aparentemente mais corretas.

Suas decisões são baseadas em fatores internos ou externos?

Onde você ancora suas decisões, interna ou externamente? Você tende a sempre achar que os outros são responsáveis pelos aborrecimentos da sua vida? Que Deus ou o destino deixaram de te ajudar? Se você se identifica com esses comportamentos, seu locus de controle externo está mais presente.

Ou, na maioria das vezes, você busca entender onde poderia agir melhor, se desenvolver ou ser mais flexível? Acredita que seus comportamentos, pensamentos e emoções determinam os rumos da sua vida? Caso se identifique com esses comportamentos, você tende a ter um locus de controle interno.

Essa introdução é inspirada nos estudos de Julian Rotter sobre locus de controle e numa frase do escritor americano Harv Eker que diz: “Como você faz qualquer coisa é como você faz tudo”. Quando ancoramos nossa vida, desejos e projetos nos outros, temos menos autonomia para transformar a realidade. Quando assumimos a responsabilidade pela nossa realização, temos mais potência e ferramentas para mudar o rumo da história. Shawn Achor, um dos grandes nomes da Psicologia Positiva, diz que o lócus de controle interno está intimamente relacionado com altas taxas de realização.

Como equilibrar o locus de controle interno e externo nas relações? Como manter-se consciente e conectado com seus valores em tempos de relacionamentos líquidos em que “até a Sandy e o Lucas Lima” se separaram? Onde seus sentimentos estão ancorados? Como decidir a hora certa de encerrar uma história de amor? Como aceitar que aquilo não era um romance e era “apenas uma cilada”? Como escolher perdoar na era do cancelamento? O amor aceita tudo?

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Onde você ancora os seus sentimentos?

Antes de responder todas essas perguntas, sinta e entenda onde seus sentimentos estão ancorados. Seu impulso é o de querer controlar o outro, de ter alguém satisfazendo todas as suas vontades e desejos ou seu propósito é o de viver com alguém que te movimenta, acrescenta e estimula? Você quer viver uma história humana, real, com dores e delícias, com contratempos e entendimentos, erros e acertos ou algo ilusório que só existe nos filmes antigos de Hollywood?

Vivemos em tempos em que muitos querem ser tolerados e entendidos e poucos querem compreender e tolerar.

Quando se trata de histórias de amor, surgem novas camadas, pois tendemos a esperar que o outro nos satisfaça, nos preencha, nos faça feliz e sem direito a erro.

Como ser feliz, no amor ou no trabalho, no namoro ou na sociedade, se usarmos filtros contaminados de intolerância, egoísmo e inflexibilidade? Os relacionamentos são uma das principais fontes de saúde, longevidade e felicidade e, por isso, precisamos usar a lente das virtudes para analisar nossos afetos, sejam eles com amigos, familiares ou amantes.

Autoconhecimento e responsabilidade afetiva

Todo relacionamento deve ser construído com base em valores importantes para as duas partes, porque só faz “mobilizar o que faz sentido”. Isto é, alguém só vai se dispor a ficar ao lado de outra, compartilhando sonhos e desejos, enfrentando dores e desafios se aquilo estiver alinhado aos seus desejos mais íntimos. Caso contrário, a “primeira borboleta que passar” vai desviar a atenção e o castelo desmorona.

Por exemplo, estariam Luisa Sonsa e Chico Moedas alinhados em suas expectativas? O desejo nasce num piscar de olhos, mas um relacionamento se baseia em conhecimento e reconhecimento, em troca e tudo isso acontece com o tempo. O namoro ou o casamento é como uma dança que pede ajustes para que ambos consigam entrar no ritmo do amor, sempre respeitando a identidade e as habilidades de ambos.

Usar exemplos de pessoas públicas é sempre complicado, já que não sabemos, na intimidade, o que ocorreu e quais eram os combinados entre os dois. E, como já foi dito, querendo estar do lado certo da história, podemos cair no “efeito manada” e fazer julgamentos infundados.

Mas, é possível supor que a virtude da moderação não se fez muito presente nessa história, levando ambos a grande exposição, adotando comportamentos que abriram espaço para apontamentos, frustrações e sofrimento. Sem o locus de controle interno bem trabalhado torna-se fácil cair na armadilha de buscar culpados sem assumir sua parcela de responsabilidade diante dos fatos. Quem pensa que isso só acontece no mundo dos famosos, se esquece do dilema que os cerca no começo de um relacionamento, a dúvida entre “publicar ou não a foto” do ficante ou do atual namorado.

Responsabilidade afetiva está ao alcance de todos

Se partimos do princípio que “como você faz qualquer coisa é como você faz tudo”, agir com respeito e responsabilidade em nossos romances é minimizar os impactos negativos em nosso bem-estar e apoiar a construção de uma sociedade mais amorosa, justa e empática. Com o perdão do trocadilho, diante de um erro ou de uma traição, é difícil não retribuir com a mesma moeda! Mas, isso é possível!

Mesmo sendo pessoas diferentes, com trajetórias particulares, podemos nos inspirar no exemplo do término do casamento de Sandy e Lucas Lima. Ambos assumiram uma postura de responsabilidade afetiva quando entenderam que, mesmo após anos de união, precisavam buscar seu próprio crescimento e felicidade individual. Em vez de se apegarem a rótulos e expectativas externas, optaram por trilhar caminhos que os levassem a uma vida mais autêntica e realizada.

Vale lembrar que a felicidade está presente no caminho e é preciso consciência e senso de presença para identificar todos os pontos positivos que levaram até o momento atual, que pode não ser o sonhado no princípio.

Sendo assim, para ser mais feliz, ancore seus sonhos, projetos e desejos no que há de mais sagrado em sua vida: você.

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Rodrigo de Aquino é comunicólogo, especialista em bem-estar e felicidade e estuda desenvolvimento humano desde os 14 anos de idade. Com formação em Psicologia Positiva, Planejamento estratégico e Coolhunting, se dedica integralmente a mentorias, palestras e consultorias na área de criatividade, florescimento humano e FIB (Felicidade Interna Bruta). É embaixador em São Paulo da ONG Doe Sentimentos Positivos e fundador do Instituto DignaMente.


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