Não tem sido fácil ser um cidadão consciente de suas atitudes e preocupado com o futuro do planeta. Manter uma postura otimista e prezar pelo bem-estar coletivo são valores admiráveis e demonstram um desejo de alcançarmos, coletivamente, cenários melhores, mesmo que eles nem sempre estejam à vista. Os últimos anos foram marcados por uma pandemia que provocou mortes, problemas de saúde mental, financeiros e desesperança. Soma-se à crise climática, que põe em cheque a nossa própria existência.
Como superar o inato “viés da negatividade”
Assumir uma postura otimista diante desses fatos parece uma tentativa de remar contra a maré, ainda mais quando as notícias negativas nos afetam com maior intensidade. O “viés negativo”, como é conhecido na Psicologia, é um conceito que explica isso. O ser humano tem uma tendência natural e evolutiva de ver as emoções negativas com mais força do que as positivas. Por isso, notícias sobre tragédias costumam atrair mais a atenção das pessoas e o copo parece estar sempre “meio vazio”.
Ao contrário do que muitos pensam, a humanidade vem dando passos importantes e, sim, há o que se comemorar. Isso não quer dizer que devemos esquecer todos os problemas que assolam o mundo, afinal, acontecem guerras, conflitos armados e disputas por território neste momento. Mas a positividade pode ser importante para nos lembrar o quanto há iniciativas, grupos e organizações que acumulam vitórias.
9 motivos para adotar uma postura mais otimista em 2024
Uma pesquisa global conduzida pelo Instituto Ipsos revelou que a maioria das pessoas em todo o mundo está otimista em relação a 2024, antecipando que seja um ano melhor do que 2023.
Por isso, a seguir, listamos alguns bons motivos que podem trazer uma postura otimista e tornar o ano mais leve e esperançoso.
Queda da mortalidade infantil
Historicamente, quase metade das crianças em todo o mundo não sobrevivia até os 15 anos de idade. No entanto, ao longo dos anos, essa triste estatística tem apresentado uma diminuição constante desde o século XIX. De acordo com as previsões da Divisão da População das Nações Unidas, em 2023, alcançaremos um recorde mundial de sobrevivência infantil, com apenas 3,6% dos recém-nascidos não alcançando os 5 anos de idade.
Redução da extrema pobreza
Vamos considerar a pobreza extrema, que atingiu um nível mínimo histórico, afetando pouco mais de 8% da população global, conforme projetado pelas Nações Unidas.
Embora esses números sejam aproximados, cerca de 100.000 pessoas estão conseguindo sair da pobreza extrema diariamente. Isso permite que tenham acesso à água potável, alimentos, educação para seus filhos e a possibilidade de adquirir medicamentos.
Avanços na saúde
Da mesma maneira, o governo dos Estados Unidos recentemente deu aprovação para novas técnicas de edição genética CRISPR, visando o tratamento da doença falciforme. Há esperança de que abordagens semelhantes possam revolucionar não apenas o tratamento do câncer, mas também de outras doenças.
No Brasil, uma vacina contra a dengue será distribuída e aplicada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país. A partir de fevereiro deste ano, a campanha terá início nos estados onde há maiores incidências de dengue, devido às limitações de produção pelo laboratório responsável.
Mudanças com a Inteligência Artificial
Em diferentes países do mundo, escolas e instituições de ensino utilizam a Inteligência Artificial de forma a estimular a aprendizagem dos estudantes. O mais comum deles, o Chat GPT, é um dos recursos presentes em atividades como revisão de redações ou resolução de cálculos matemáticos. Apesar da IA ainda trazer muitas incógnitas, aproveitar os recursos de forma responsável e ética podem apontar caminhos saudáveis para o futuro.
Uma outra forma de escrever notícias
Conhecido como “Jornalismo de Soluções”, essa prática jornalística se baseia em encontrar respostas para os principais problemas da sociedade. Sem manchetes negativas, sensacionalistas ou notícias curtas sem muito sentido e conteúdo. Ao contrário dos modelos tradicionais, o Jornalismo de Soluções se propõe a ser um espaço de diálogo com a comunidade e com a audiência. Ele investiga e explica, de forma crítica e clara, como as pessoas podem resolver questões amplamente compartilhadas.
Proteção dos oceanos
Após longas décadas de negociações, os países finalmente alcançaram um consenso referente ao tratado destinado a salvaguardar os oceanos globais, indo além das fronteiras nacionais.
Até então, apenas 1% dessas águas estavam sob proteção. O Tratado de Alto Mar estabelece um sólido fundamento jurídico para a criação de áreas marinhas protegidas, representando um passo essencial na consecução da meta de preservar 30% dos oceanos do planeta até 2030.
Preservação das florestas
Outro motivo para assumir uma postura otimista é a redução no ritmo de desmatamento da Floresta Amazônica, depois que os órgãos públicos se comprometeram a parar completamente o desmatamento até 2030 e adotaram medidas de monitoramento das florestas para detectar atividades criminosas como a extração ilegal de madeira.
É importante destacar também o compromisso de abandonar os combustíveis fósseis, que foi pela primeira vez incorporado ao acordo final da COP28, assinado por quase 200 nações. Países como os Estados Unidos, Austrália e a União Europeia reconheceram e elogiaram o caráter histórico desse acordo, que antevê a transição em direção à renúncia completa aos combustíveis fósseis.
Essa promessa coletiva representa um marco importante no caminho para a sustentabilidade e a redução da dependência de fontes de energia prejudiciais ao meio ambiente.
Novas relações de trabalho
Além do home office, modelo de trabalho adotado em diferentes empresas do país e do mundo após a pandemia, as relações de trabalho vêm passando por mudanças importantes e significativas. Os debates sobre burnout e esgotamento mental, por exemplo, acendem um alerta para funcionários, que agora não querem se submeter a jornadas extenuantes, e gestoras, que precisam ter um olhar mais sensível.
O trabalho flexível, especialmente para trabalhadoras mães, e a maior presença de pessoas negras, PcDs e LGBTQIAP+ nas empresas também são fatos a serem comemorados. Além disso, jovens da Geração Z têm reivindicado cada vez mais ambientes de trabalho saudáveis, com políticas de bem-estar e auxílio psicológico.
Novos hábitos e comportamentos
Uma parcela da sociedade tem se dedicado a atividades que visam o autoconhecimento e à reflexão crítica. Cursos, aulas, vivências e retiros são exemplos. Além disso, práticas como o turismo sustentável, veganismo e outras mudanças no estilo de vida têm provocado reflexões dentro e fora das pessoas.
São passos ainda pequenos, mas mostram que a humanidade também anda engajada com as temáticas mais recentes, atuando em movimentos ecológicos, coletivos negros, organizações feministas, entidades de representação indígena, entre outros, que lutam por direitos e políticas públicas de qualidade.
Os comentários são exclusivos para assinantes da Vida Simples.
Já é assinante? Faça login