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O poder do lápis: desenhar pode deixar você mais feliz e menos estressado
Foto: Beatriz Gurgel/ Arquivo pessoal
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Desenhar não é apenas uma forma de expressar criatividade, mas também uma poderosa ferramenta para promover o bem-estar mental. Quando nos entregamos ao ato de desenhar, entramos em um estado de concentração e foco que nos permite escapar temporariamente das pressões do dia a dia. A criação artística proporciona uma saída para as emoções, permitindo que expressemos sentimentos complexos de uma maneira visual e tangível.

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Além disso, o ato de desenhar pode aliviar o estresse e a ansiedade. Incorporar o desenho à sua rotina diária pode ser uma maneira acessível e prazerosa de cuidar da saúde mental, proporcionando momentos de tranquilidade e autoexpressão.

Desenhar contribui para o autoconhecimento

Beatriz Gurgel não lembra exatamente quando iniciou suas aventuras com os traços de lápis na folha em branco. “Eu desenho desde que me entendo por gente. Acho que é isso, não tenho memória de não desenhar”, brinca a artista. Quando criança, a cearense costumava construir casas no espaço e livros para os personagens. Já na escola, os cadernos com tarefas escolares aqui e acolá ganhavam rabiscos e ilustrações que tornavam as páginas ainda mais charmosas e únicas. “Me ajudava, inclusive, a me concentrar. Isso nunca prejudicou meu rendimento escolar”, esclarece Beatriz, que mantém até hoje os materiais guardados pela mãe.

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O interesse pelo desenho é hoje o trabalho e combustível de Beatriz, que procurou estudar e se especializar sobre o tema. “Ele continua a fazer parte da minha vida tanto quanto era criança. Está ali nos meus caderninhos”, explica. A artista diz que os rabiscos costumam surgir em meio às anotações enquanto estuda ou quando precisa comunicar algo que as palavras, ou a escrita, não dão conta.

Deesenhos da série "As vezes o monstro me come, as vezes o monstro sou eu" com desenhos que lembram mulheres e diferentes expressões faciais. Desenhos da série “Às vezes o monstro me come, às vezes o monstro sou eu”. Foto: Arquivo pessoal/ Beatriz Gurgel

Gurgel recentemente deu origem à série de desenhos “Às vezes o monstro me come, às vezes o monstro sou eu” que compôs a exposição “Reflorestamento” no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC) entre 2022 e 2023. “O título da série é bem autoexplicativo. Os desenhos são quase como um registro diário que relatam um pouco desse passar do tempo e das emoções”, explica.

Hoje, ela conta que o desenho tem sido um lugar de experimentar a liberdade, de se divertir sem tantas pretensões. “Tento ouvir o que meu corpo conta para mim, e nem sempre o que o corpo conta é bom, nem sempre é ruim”, diz. 

Fotos de desenhos com pessoas dançando forró. Foto: Beatriz Gurgel/ Arquivo pessoal

Por onde começar a desenhar?

Para a artista plástica Itaicy Pires, o envolvimento com o desenho pode trazer resultados positivos na saúde mental de quem o pratica. “Podemos encontrar uma saída criativa para sentimentos complexos e uma maneira de comunicar o que pode ser difícil de expressar verbalmente”, explica ela, que também é psicopedagoga e fundadora da Startup Inclusão Criativa.

Não só isso, a especialista acredita que o desenho pode muito bem servir como uma atividade que remete ao mindfulness, também conhecido como atenção plena. “O ato de desenhar muitas vezes requer foco e atenção no momento presente“, diz. Por isso, ele contribui para a redução do estresse e da ansiedade, além de trazer mais relaxamento. Por outro lado, isso não acontece de qualquer maneira e é preciso antes desenvolver uma relação de proximidade e pertencimento.

“É essencial criar um ambiente propício e estabelecer rituais que tornem a prática mais pessoal e reflexiva”, afirma Itaicy. Ela acredita que um espaço com maior tranquilidade pode trazer melhores inspirações. Além disso, recomenda que seja construída uma narrativa entre o ato artístico e a vida pessoal do praticante. Mas, para quem está começando, embora não pareça tão simples, a pedagoga explica que alguns caminhos podem orientar a prática, como:

  • Explorar recursos online gratuitos;
  • Participar de comunidades virtuais;
  • Buscar cursos formativos;
  • Oficinas, workshops, clubes e grupos locais também são boas opções para interação e aprendizado;
  • Ter uma prática regular;
  • Aproveitar o processo criativo e não se preocupar com a perfeição.

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Desenhar pode trazer conforto em momentos de turbulência

Foi quando Melissa Prates mudou-se de São Luís para Fortaleza que o desenho assumiu uma posição de maior constância em sua vida. Foi na pandemia que isso se intensificou, o que rendeu uma bolsa remunerada no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC). “Sempre que eu realizava oficinas buscava fazer com que as pessoas prestassem mais atenção em si e em seus sentimentos, tornando a rigidez técnica do desenho secundário”, explica. Para a designer, as emoções devem ser valorizadas da mesma forma que a técnica ou os estilos. 

Melissa explica que o desenho é hoje um companheiro de desabafos cotidianos. “Muito do que faço carrega temáticas tristes, mas não vejo o produto final dessa forma, o enxergo como catarse”. Ao contrário da melancolia, desenhar traz para a artista um momento de alívio e compreensão dos sentimentos. Por isso, carrega sempre um caderno na bolsa e o utiliza como diário gráfico, o que a ajuda a ter um olhar mais delicado com o mundo.

A gente repara mais nas coisas e pessoas quando tira um tempo para desenhá-las. É uma oportunidade de ver tudo com outros olhos e encontrar beleza no que não havia visto antes”, destaca. 

O desenho assume um caráter de arteterapia na vida da profissional e proporciona maior liberdade e desprendimento. “A arte, de forma geral, traz todo poder da expressão humana, é o que nos conecta com nossos sentimentos e dos outros”, afirma. E assim ela busca transmitir, nos traços do lápis, momentos de introspecção pessoal e reflexivos.

Desenhos produzidos por Melissa Prates mostram diferentes poses de uma mulher. “Poses”, desenho de autoria da artista. Foto: Melissa Prates/ Arquivo pessoal

O espaço do desenho no mundo da arte

O curador e crítico de arte Lucas Dilacerda lembra que é comum as pessoas associarem o desenho a um estágio anterior à pintura, assumindo um papel marginal na obra de arte. “O desenho pode ser usado como rascunho ou esboço, mas também como uma expressão artística autêntica“, enfatiza. Para o especialista, mestre em Filosofia e Estética da Arte, é importante reconhecer que o ato de desenhar possui uma autonomia própria e se caracteriza como uma linguagem artística singular.

“Em um mundo de pressa e velocidade, o ato de desenhar se torna um gesto político de resistência ao se abrir para as sensorialidades táteis do corpo e para um mergulho em um tempo dilatado da criação artística.”

Dilacerda aposta que o desenho é uma das expressões artísticas mais autênticas, porque é na infância que cada pessoa tem início à experimentação com a arte. “Antes de aprendermos a escrever, nós intuitivamente desenhamos.” Ele explica ainda que o desenho pode ser considerado uma prática universal à humanidade e mais fácil de ser praticada. “Ele se torna um saber da espécie. Além disso, é uma linguagem mais acessível, pois necessita basicamente de um material e um suporte.”

As pessoas que desenham, segundo o curador, costumam possuir uma subjetividade mais calma e branda, representando um contraponto à pressa e à velocidade das sociedades capitalistas. “O desenho é também um modo de subjetivação que instaura outras formas de existência que resistem a esses imperativos”, justifica.

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