CAMM: ensinando empatia e amor ao próximo
O projeto que surgiu para tirar crianças da rua hoje atende famílias inteiras em comunidade carente do Recife e mostra que, com educação, empatia e dedicação, é possível fazer a diferença e transformar vidas
O projeto que surgiu para tirar crianças da rua hoje atende famílias inteiras em comunidade carente do Recife e mostra que, com educação, empatia e dedicação, é possível fazer a diferença e transformar vidas
Essa é uma daquelas histórias que quando a gente conhece, deixam o coração quentinho e transbordando de gratidão.
O Centro de Atendimento de Meninos e Meninas, (CAMM) surgiu em 1983, quando o casal de educadores Roberta Barros e Ademilson Nascimento, começaram a observar um grupo de crianças que viviam pedindo esmola nas ruas da comunidade da Linha do Tiro, em Recife.
Ademilson era estudante do curso de Matemática e Roberta estudava Engenharia Química, e era estagiária do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal de Pernambuco. O jovem casal estudava e trabalhava para se manter, e mesmo com uma rotina dura, enxergaram as necessidades da comunidade. E decidiram que tinham que agir.
“Eu perguntava para as crianças que via na rua pedindo esmola se elas estudavam e quando me diziam que não, eu convidava para irem para nossa casa para aprender a ler e para comer também, pois muitos não tinham como se alimentar”, conta Roberta, que alfabetizava as crianças no único horário e no único lugar disponíveis: à noite, na sala de sua casa.
A princípio eram seis crianças e depois de apenas três meses, já eram 30. Não cabiam todos na casa.
Com o passar do tempo, Roberta entendeu que podia fazer mais e emprestou sua geladeira para as crianças fazerem picolés para vender. “Perguntei se preferiam isso ou pedir esmola nas ruas, e elas quiseram trabalhar”, comenta.
O projeto cresceu e ao longo destes anos mais de 5 mil crianças foram beneficiadas pelas ações da ONG.
Roberta diz que a luta cresceu junto. “Mesmo com anos de lutas, infelizmente ainda é necessário continuar para tornar possível a dignidade humana aos excluídos”, revela.
O CAMM saiu da sala da casa de Roberta e Ademilson e ganhou o mundo. Hoje tem sede própria e atende cerca de 70 crianças. E o projeto, criado para tirar crianças da rua, deixou de ajudar apenas crianças para dar suporte a todos os membros da família.
Em março de 2020, com a chegada da pandemia, foi necessário parar com as atividades presenciais e intensificar as ações de apoio às famílias com entrega de cestas básicas, material de higiene, água potável e gás de cozinha.
Roberta conta que, mesmo com os atendimentos presenciais ainda paralisados, a ONG fechou uma parceria e está montando uma sala de informática. “Muitos não têm computador em casa, nem acesso à internet, queremos mudar isso”, explica.
E está mudando. Das primeiras aulas na sala de casa até chegarem aqui, com a sede própria da ONG e diversas frentes de apoio à comunidade, Roberta e Ademilson são um exemplo vivo de que é possível mudar o mundo, uma criança por vez.
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