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Minimalismo como terapia
Iogan Nolin | Unsplash
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Diminuir transforma a vida e de quebra faz aparecer a casa que estava escondida embaixo de todas as coisas que temos! 

Durante este mês conheci muitas histórias de pessoas que assim como eu, resolveram minimizar suas vidas. Neste sentido, simplesmente não davam mais conta de lidar com a quantidade de coisas que possuíam. E quando digo isso não me refiro somente a objetos materiais. 

Minimizar ajuda a nos confrontar com nossos pertences, e em contrapartida são eles que nos levam a olhar para nós mesmos. Tal qual um exercício circular que desperta emoções e traz vida a lembranças adormecidas enquanto desapegamos. Eventualmente ainda me exercito desta maneira quando vou a casa de minha mãe. Minha casa de infância. Sim, ainda tenho muitas coisas por lá.

Memórias guardadas

Entretanto, suspeito que as mantenho nesse nível de acolhimento para poder continuar investigando minhas próprias emoções. Adoro me confrontar com as memórias e o aprendizado que cada um desses objetos me trouxe em certos momentos da vida. Sensações materializadas guardadinhas em caixas, aguardando meu retorno para observá-las mais uma vez antes de serem descartadas na sessão desapego. 

Assim, percorro os objetos um a um com carinho e respeito pelo que significaram para mim um dia. Uma última impressão. Sendo grata, me despeço. Sinto que terminaram sua missão comigo. Assim coloco-os de volta na caixa que os transportará para seu novo destino a fim de afetar outras pessoas que os receberão.

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Crédito: Bench Accounting | Unsplash

Uma jornada de interiorização

Diminuir é um processo que não acontece do dia para noite. Envolve escolhas, desapegos, acertos e erros. Eo mais importante, coragem! De caminhar nossas palavras e de se tornar exatamente na expressão dos sentimentos que moram dentro do coração.

Alguns objetos que ainda mantenho possuem esse poder de transformação em mim. Trazendo lembranças de situações que de alguma forma mexeram comigo, e que por muitas vezes aqueceram o meu coração. Porém outras, me fizeram reviver momentos de perdas, arrependimentos e frustrações. Nunca poderia imaginar que uma minimização pudesse mexer com meus sentimentos tão profundamente. 

Mesmo assim não me afastei de nenhuma delas. Percorri meu caminho por entre elas. Criando oportunidades que me ajudaram a processar o passado e seguir por aqui ajustando-as no meu presente para poder entender melhor a vida que quero para meu futuro.

Objetos que fazem sorrir

Às vezes, precisamos de alguns objetos para nos alegrar, mesmo entendendo não haver mais utilidade para muitos deles. Ainda assim, apesar de terem trazido felicidade em algum momento de nossas vidas, não significa que devemos mantê-los para sempre. Podemos decidir apenas manter a lembrança que eles nos trouxeram. Isso já seria suficiente para fazer o coração sorrir. 

Por fim, reflito sobre minha trajetória para chegar até o momento que vivo. Não foi fácil. Observo que a escolha de ter uma vida minimalista despertou muitos sentimentos em mim mesma. 

Minimalismo como terapia

Quando comecei a diminuir tudo não passava de uma intuição. Entretanto, hoje sei que apesar de todas as incertezas da jornada estou no caminho. Certo ou errado? Não sei. Só sei que é aquele que sempre quis estar. De ter tempo para fazer o que gosto e sei fazer, ter tempo para mim, para minha família, para os meus amigos, para o meu amor.

Talvez a única coisa que necessitamos seja acolher o momento que estamos vivendo, deixando de lado o que já passou. E para isso, desapegar pode ser um ato de libertação, o qual amorosamente nos leva para um próximo patamar, o da cura.

Redução consciente só pode trazer benefício, seja para a casa externa ou interna.


Clô Azevedo é arquiteta e acredita que a casa é uma extensão das vidas que a habitam. Desenvolve projetos de design de interiores afetivos para conectar pessoas com suas histórias, inspirando a reinventar seu próprio espaço, morar bem e viver melhor. Seu site é designafetivo.com.

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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