Faça o bem porque o mundo vai mal
Na pandemia — mais do que nunca — estamos na era da empatia. Ajude os pequenos produtores, o comércio local, o pequeno empreendedor.
Na pandemia — mais do que nunca — precisamos praticar a empatia. Ajude os pequenos produtores, os empreendedores e o comércio local.
Temos falado bastante sobre como o nosso consumo nos representa e sobre a importância de consumirmos de forma mais consciente e de termos os olhos atentos para o consumo do bem. Especialmente nesse momento que estamos vivendo. Empatia no dicionário tem como uma de suas definições, a capacidade de se identificar com outra pessoa. De sentir o que o outro sente e querer o que o outro quer. Ter empatia não é sobre ter dó ou compaixão. Uma das descrições que mais gosto para essa palavra é a do João Doederlein (@akapoeta) em seu O livro dos Ressignificados. Ele fala que empatia não é sentir pelo outro, mas sentir com o outro. É quando a gente lê o roteiro da outra vida. É saber abraçar a alma”.
Todo negócio é o sonho de alguém
Entendendo esse conceito e lembrando que por trás de todo negócio que se inicia está o sonho de alguém — os planos de alguém, as apostas, as crenças, os investimentos e as noites de sono. Assim fica fácil compreender o quanto um olhar mais empático de consumo pode ser decisivo para muitas empresas, principalmente para as pequenas.
Os pequenos produtores, assim como fornecedores de bebidas e produtos artesanais em geral. Salões de beleza, spas, clínicas de estética e costureiras. Sem contar, os restaurantes (inclusive aqueles com muitos anos de casa, que achamos que estavam estabelecidos o suficiente para não serem tão abalados), entre outros negócios menores. Todos estão sofrendo. E vemos a cada dia mais portinhas sendo fechadas na esquina das nossas casas. Só aqui no quarteirão do meu prédio pude contar ao menos cinco negócios que tiveram suas portas fechadas na última semana.
Seja um influencer local
Andando de carro e tomando um pouco mais de distância — o que tenho feito bem pouco por conta da fase mais restritiva — fiquei chocada ao ver tantas placas de “aluga-se” e “passa-se o ponto” seguidas aqui na vizinhança. Moro no bairro desde que nasci e nunca vi algo assim. A verdade é que quem conseguir dar o pulo do gato e viver do digital, tem mais chances de sobreviver. Quem conseguir mudar toda a sua estrutura para o delivery também. Mas esse modelo não se aplica a todos os negócios, produtos e principalmente, serviços. Além disso, tudo envolve custo e investimento. E a essa altura muitos bolsos já estão esvaziados (sim, porque para os pequenos não existe divisão entre pessoa jurídica e pessoa física, e caixas e bolsos se misturam).
O ponto é que que agora não depende mais só do esforço, da flexibilidade, do potencial de reinvenção e da capacidade criativa dos empreendedores. Sabemos que somos uno, cada um com seus desafios para encarar, mas precisamos lembrar que somos parte do todo. Salvar negócios depende um pouco de cada um de nós.
Empatia em ação
É só colocar o nosso olhar empático em ação. Todos nós temos um amigo pequeno empreendedor para apoiar. Que tal começar por aí e dar aquela entradinha no Instagram dele para ver o que dá para encomendar? Todos lembramos daquela pessoa sorridente na porta da loja da esquina quando passeávamos a pé, daquele restaurante charmosinho que adorávamos, do mercadinho do bairro que tem aquele sonho com cheiro de infância, da mãe daquela amiga que tem uma salão que agora está fechado — mas que ela também faz uma comida árabe de comer de joelhos — daquele lugar em que comprávamos vinhos naturebas e que os donos prestavam um atendimento incomparável, daquela lojinha que sempre dava alguma coisa para as crianças degustarem na porta…
Se continuarmos no esforço de sair do automático, variar nossas escolhas e o nosso apoio entre diferentes fornecedores e estabelecimentos — e escolhermos com o coração — vamos poder ajudar muita gente e muitos negócios nesse momento.
Consumo consciente
Não estou falando de doação — que não é de forma alguma menos importante — mas é pauta para outra coluna. Estou falando de estarmos atentos ao nosso consumo. Se já vamos fazer uma compra, melhor fazê-la com a consciência de que estamos fazendo o bem, e ajudando alguém a manter seu sonho e seu sustento vivos. Se vamos num futuro próximo precisar de um serviço, por que já não comprar um voucher ou fazer um depósito de um crédito adiantado para o fornecedor?
A propósito — lembrando da coluna do mês passado em que falei sobre sermos todos influencers — e considerando que hoje todos temos algum poder de inspirar e motivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Vale considerar que sempre que conseguirmos apoiar essas marcas, compartilhar essas dicas nas nossas redes sociais e enviá-las diretamente para amigos e familiares. Além, claro, de deixar aquele comentário gentil e generoso nos posts das empresas, e assim dar aquele aval importante para quem é novo por lá concretizar uma compra também.
E como postou essa semana um amigo que não é influencer, mas que me influenciou muito a mudar o que eu ia escrever esse mês e trazer essa reflexão aqui: faça o bem, porque o mundo vai mal… Que façamos a nossa parte agora. E assim ajudaremos muitos negócios a sobreviverem a essa fase. Que vai passar!
GIULIANA SESSO acredita num caminho de consumo mais empático e positivo, para uma vida com mais sentido, uma sociedade mais justa e um planeta mais bonito. @giuliana_sesso
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