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Evitar o confronto nos torna menos inovadores
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Evitar o confronto nem sempre é bom. Ao discordamos de uma ideia ou uma ação, provocamos outras formas de pensar e abrirmos espaço para a construção de uma proposta ainda melhor e mais sólida

“Eu discordo da sua proposta. Podemos falar sobre isso agora?”

Em quantos de nós essas duas frases, ditas no ambiente de trabalho, causariam um mal-estar? No Airbnb elas geram boas conversas e novas respostas. Assim, por lá, o confronto faz parte até da forma como eles projetam novas soluções.

O motivo? Os melhores times são os que cometem mais erros e estão dispostos a confrontar. Foi com base nessa constatação que nasceram as “Real Talks”. Em bom português: conversas papo reto. Uma conversa simples, que se propõe na agenda dos envolvidos, na qual o objetivo é troca e confronto de ideias. No entanto, a habilidade mais utilizada nesse espaço não é a argumentação, é a escuta.

Agora, dá um passo pra fora do Airbnb e volta aqui pra nossa realidade. Quanto espaço para confronto de ideias você abre na sua vida? Não posso responder em seu nome, mas para a maioria de nós, esse lugar está cada vez mais restrito.

O mundo hoje tá ficando cada vez com menos fricção. Basta olhar para a forma como nos comportamos nas nossas redes sociais. Afinal elas nos permitem isolar pessoas com perspectivas e opiniões diferentes das nossas.

A gente deixa de seguir, bloqueia, sai do grupo, não curte ou comenta. A cada vez que deixamos de curtir ou comentar algo, o algoritmo dessas tais redes sociais entende que não gostamos do conteúdo daquela pessoa e que ele não é relevante para nós. Como resultado, deixa de mostrá-lo. Mas será que gosto e relevância são mesmo iguais?

Não deveriam ser. Porque ideias diferentes são relevantes para gerar confronto e consequentemente crescimento. Ao discordamos de uma ideia ou uma ação, provocamos outras formas de pensar e abrirmos espaço para a construção de uma proposta ainda melhor e mais sólida.

Por isso, o confronto não é uma coisa ruim e sim um catalisador do processo criativo. Falando em criatividade, Charles Watson, educador e palestrante escocês que mora no Brasil desde a década de 1970, me disse uma vez que nosso problema, muitas vezes, é levar o debate de ideias para o lado pessoal. Isso atrapalha o processo criativo e nos impede de chegar às melhores soluções.

Será então que precisamos propor um “Real Talk” na empresa? Não necessariamente. Pois precisamos exercitar nossa habilidade de ouvir opiniões diferentes das nossas. Além disso, é necessário aceitar diferentes perspectivas e entendê-las como parte fundamental do processo de criar algo novo que verdadeiramente valha a pena.

Tente imaginar um mundo sem atrito. Melhor, olhe para trás e tente localizar na história se em algum momento evoluímos sem o confronto de ideias. Sem debate, certamente chegaremos mais facilmente às respostas. Que podem ser as mais frágeis e as piores. Por outro lado, se optamos pelo lado que exige mais esforço, ainda exercitamos outras duas novas habilidades: empatia e resiliência.

Que tal agora levar essa discussão adiante?


Tiago Belotte é fundador e curador de conhecimento no CoolHow – laboratório de educação corporativa que auxilia pessoas e negócios a se conectarem com as novas habilidades da Nova Economia. É também professor de pesquisa e análise de tendências na PUC Minas  e no Uni-BH. Seu instagram é @tiago_belotte. Escreve nesta coluna quinzenalmente, aos sábados.

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