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Amazônia: “Só valorizamos aquilo que a gente conhece”
Ivars Utināns
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Neste artigo:

Quando lancei meu livro “Sabores & Destinos: uma viagem pela história das especiarias“, recebi de uma leitora, Silvia Cury, um questionamento que mexeu comigo: “Gostei muito do seu livro, mas faltam coisas do Brasil”.

Ela tinha razão. Na minha jornada de construção de conteúdo, eu não havia privilegiado minha terra, meu país. Então, devolvi: “Qual caminho você me indicaria?”

Sua resposta me indicou um destino (a Amazônia), e também o trabalho de uma pessoa (a Jane Glebia, fundadora do Instituto Laurinda Amazônia).

Esse é o segundo de uma série de três artigos nos quais o colunista André Mafra compartilha suas descobertas sobre a Amazônia aqui em Vida Simples. O primeiro foi “Amazônia: novos sabores em um novo destino“.

Você conhece a Amazônia?

O fato é que muitos brasileiros como eu não sabem nada de muitas regiões deste país continental e, em alguns determinados extratos culturais e sociais, não é incomum antes viajar para diversos países. Mas, afinal, de onde estamos falando?

A Amazônia é uma região que engloba muito mais do que o Estado do Amazonas. No total, a Amazônia Internacional tem um território de 6,74 milhões de quilômetros quadrados, que ocupa mais oito países: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Peru e Venezuela. Aqui no Brasil, além do Amazonas, a faixa conhecida como “Amazônia Legal” também avança sobre Rondônia, Acre, Roraima, Amapá, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão e Pará.

Não dá para a Amazônia passar despercebida

Só valorizamos aquilo que a gente conhece. Até então, ouvimos falar, temos uma ideia. Mas quando você vai, convive, vê e sente a importância do outro para você, é isso que faz toda a diferença”, diz Jane Glebia.

Além de extenso território, não podemos deixar de destacar uma cultura rica, diversa e complexa. São muitas “Amazônias” e aqui quero lhe passar um suave lampejo de um recorte específico que tem como missão despertar você para um tesouro que pode ser desfrutado por você.

Eu imagino que você saiba das riquezas daquela terra. Eu também sabia, mas vê-las é algo que você precisa fazer. Mais do que isso, você precisa senti-las. Fato é que trata-se do local de maior riqueza do mundo. Para ser sincero, tive a sensação de estar no verdadeiro Éden —não estou exagerando—, um verdadeiro paraíso onde se estica um braço e se tem à mão uma alimento rico, uma fruta, um novo sabor.

“Inverno” é tempo de frutas na Amazônia

Visitar a Amazônia em janeiro é sua oportunidade de conhecer o inverno amazônico (que obviamente de frio não tem nada), e que nos brinda com muitas frutas. Por outro lado, como me esclarece Kleber, meu amigo ribeirinho que sempre me alertava para as descobertas na mata de especiarias), no verão (meses de junho e julho) temos menos frutas, os rios ficam mais baixos e com isso as praias de água doce ficam mais bonitas.

Mas, voltando as frutas… que espetáculo! Confesso que fui pego de surpresa e fui agradavelmente constrangido em conhecer e provar tantos sabores, tantas frutas que nunca havia ouvido falar. Que tal em poucos dias provar da fruta do inajazeiro, o inajá, ou da pupunheira, a pupunha ou o araça, o mucajá, o uxi, o tucumã, o cacau e o cacaú, o abio, as variedade de ingá (pequeno, cipó, chinelo), o camapu, e, claro, o açaí e a castanha-do-brasil, antiga castanha-do-pará, entre muitas outras?

A nossa castanha. Foto: Arquivo pessoal/ André Mafra

Como pode desconhecermos tanto a cultura amazônica? E como Jane Glebia, enfatizou: “A Amazônia é nossa!”.

Ela tem razão. Precisamos abrir os olhos, os ouvidos e a boca para ver, ouvir e saborear a Amazônia.

Pegue seu tacacá e apresente-se

Uma das principais e mais curiosas atividades que participei na comunidade quilombola e ribeirinha de Mangabeira no Pará é a roda de boas-vindas na qual o tacacá — preparado pela mestra tacacazeira Dona Rosana —, nos é servido em uma simpática cuia personalizada, enquanto somos apresentado e nos apresentamos uns aos outros.

Para quem não sabe, o tacacá é um prato típico do Norte do país e trata-se de uma sopa preparada à base de um caldo extraído da mandioca, conhecido como tucupi, e folhas de jambu, adicionado de goma de mandioca e camarão para quem gosta. Ao fechar os olhos ainda me lembro das nuances dos sabores e do interessante efeito discretamente anestésico que as folhas de jambu causaram em minha boca.

Já pensou no seu próximo destino? Não deixe também de pensar nos novos sabores!

Até o próximo e último artigo sobre a Amazônia paraense.

LEIA TAMBÉM: Todos os artigos de André Mafra em Vida Simples.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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