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Uma conversa com a Sra. Quarentena
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Começamos nosso relacionamento confinadas em casa, com medo de algo que não enxergamos, mas que nos rodeia, e tá ali, mandando sinais de que o invisível também deve ser respeitado

Olá quarentena, tudo bem? Hoje preciso uma D.R. com você! Essa é nossa décima quarta semana juntas, hein?! Sempre imaginei que você significasse um período de reclusão por, no máximo, 40 dias, e, veja você… cá estamos, juntas há quase 100.

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Confesso que entrei em nossa relação meio contrariada – os humanos têm essa ideia equivocada de que têm domínio sobre suas vidas, seus atos e arbítrios. Não me organizei para essa “parada obrigatória” e, logo no início, rebolei pra dar conta de organizar uma nova “rotina sem rotina”. Sei que nesse nosso tempo juntas muito já aconteceu, tanto já mudou e já entendo que, se seguimos lado a lado, é porque realmente o mundo precisou desse olhar mais cuidadoso sobre o que temos, o que somos, o que significamos.

O início da nossa relação

Começamos nosso relacionamento confinadas em casa, com medo de algo que não enxergamos, mas que nos rodeia, e tá ali, mandando sinais de que o invisível também deve ser respeitado. No início, senti medo até de fazer as coisas simples e necessárias da vida, como ir ao supermercado – até entender que é possível fazer muito, desde que tomemos os devidos cuidados com higienização.

Veja só, querida quarentena, o mundo inteirinho se curvou a você. Que responsa, hein? Mas antes mesmo que você me questione o por quê esse recado de hoje, já digo: estou meio perdida nessa nossa relação.

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Aqui no Brasil estamos divididos em cinco regiões totalmente distintas, em cultura, clima, hábitos e, logicamente, cada uma delas vivendo diferentes relações com você. Enquanto as notícias trazem realidades tão distintas e números assustadores, enquanto ouvimos pedidos de que cuidados sejam intensificados, enquanto profissionais da saúde se arriscam diariamente, tem uma galera animada e feliz curtindo inconsequentemente a vida, encontrando os amigos para o chopp do final de tarde, ignorando a orientação de cobrir o rosto, fazendo tudo aquilo que todos nós estamos com saudade de fazer. Alô, quarentena, cadê a congruência das pessoas perante a gravidade da pandemia? Posso até adivinhar sua resposta: “o ser humano é incompreensível, querida Luciana”. E daqui da minha insignificante presença nesse mundão gigante, escapa agora uma lágrima de tristeza misturada com incompreensão.

O que aprendi com você

O que posso dizer, por enquanto, é que a minha parte estou fazendo: saio de casa quando realmente preciso. Quase sempre com o olhar um tanto nublado, decorrente do óculos embaçado por causa da respiração com máscara no rosto. Tiro a roupa e sapatos ao entrar em casa, passo paninho com vinagre nos produtos que chegam do supermercado (acho que já perdi as digitais dos dedos de tanto álcool gel), me privo de beijar, abraçar aqueles que tenho vontade, de atravessar distâncias que me fariam bem nesse momento, etc. Confesso a você, não tem sido fácil, mas a gente acostuma e se adapta. Sob outro olhar, não posso deixar de agradecer: você tem me proporcionado momentos de silêncio, reflexões, autoavaliações. Me ajudou a entender que vivemos tempos de escolher, abdicar, conceder; tempos de olhar com mais cuidado e carinho pra dentro de nós.

Tenho saudades? Lógico! Tenho vontades? Muitas! Mas a realidade é: não dá pra afrouxar o cuidado, o protocolo, a higiene e o fato de que o álcool gel é nosso atual oxigênio, porque a vida vale a pena!

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É isso. Só queria mesmo um papo reto contigo, porque têm dias que não dá pra entender nada do que se vê! Mas seguimos juntas. Eu daqui, você daí, agindo, rezando, torcendo pra que esse nosso relacionamento acabe!

Beijos meus!

Lu Gastal trocou o mundo das formalidades pelo das manualidades. Advogada por formação, artesã por convicção. É autora do livro “Relicário de afetos” e participa de palestras por todos os cantos. Desde que escolheu tecer seus sonhos e compartilhar suas ideias criativas, não parou mais de colorir o mundo ao seu redor. Seu Instagram é @lugastal.

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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