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Para viver com mais tranquilidade
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Abrir-se para enxergar os detalhes do dia, deixar um pouco de lado a mente concreta e objetiva, encontrar um jeito só seu de ser em meio a tanta negação da singularidade…

MárcioseJoanas estavam sempre ansiosos. Tinham “quereres”: um (ou novo) trabalho, perder (ou ganhar) peso, umuma namoradado, um negócio a ser fechado, uma gravidez, passar num exame, comprar algo, e por aí vai. Essas vontades acionavam a grande necessidade de saber – logo – quando é que os desejos se realizariam.

A causa da ansiedade dasdos MaríliaseJefersons, por outro lado, era diferente. Fazia alguns meses que o relacionamento havia terminado e eleselas se inquietavam. “Não é normal, já passou tanto tempo, por que eu ainda penso e sofro por essa pessoa? Quando isso vai acabar?”.

Outrasoutros sentiam uma urgência de ter que fazer alguma coisa, mas não sabiam o que era. Estavam satisfeitos com a vida, no entanto, parecia faltar um não sei o quê. Por isso, não conseguiam relaxar ou, pelo menos, relaxar demoradamente.

E ainda existiam euvocênós que sofria com a aflição do não saber. O não saber o que fazer com a própria existência, qual rumo tomar, que profissão escolher, … Como se não pudessem não saber e, com isso, viviam na agonia da pressa.

Na contramão dessa opressão, paira – sobre todo mundo ­– saberes serenos já captados por muita gente.

Quem já compreendeu que desejar é imprescindível, mas há que se ter cuidado. Quando o foco é somente no resultado final, as incontáveis preciosidades da vida são ignoradas e o desejo pode se tornar fonte de ansiedade. É importante fazer uso, além da razão, do racional, da consciência, daquele nosso espaço sutil onde residem as delicadezas, que enxerga os detalhes.

Pessoas outras também já tinham se dado conta do grande descompasso entre o ritmo veloz que a sociedade capitalista propaga – ter sucesso, rendimento, estar antenado … – e o da psique, emoções e sentimentos. Términos pedem lutos, passagem para a tristeza, raiva, frustração e tudo o mais que vem com o fim de uma relação. Emoções precisam ser sentidas e respeitadas no seu tempo.

FabrícioseVanessas também já tinham aprendido alguns dos saberes da Psicanálise que fala de uma falta pulsante dentro de cada um de nós. Ela nos estrutura, é existencial. Aprender a viver com ela, a sustentá-la é essencial.

Elaseles, os que não sabiam, tinham paciência. A resposta viria, basta se manter observador e aprender a ler nas entrelinhas. O dia é abundante em sinais, simbolismos, sincronicidades, que se apresentam numa conversa despretensiosa, numa música da rádio, no olhar uma calçada sendo varrida, … A vida conversa com nós o tempo inteiro.

Sabendo disso, pessoas descobriram que a delícia do viver está no percurso, quando se abraça o todo, do projeto a ser realizado ao primeiro bom dia da manhã. Já não eram mais reféns, massa de manobra de um sistema que visa o produzir, vender e consumir em massa e despreza o mundo interno, a individualidade, a história singular de cada um.

Estão mais próximos de si, do outro, se sentem mais integrais com o sutil e o concreto, o racional e o irracional atuando em conjunto. Sem ansiedade, compreenderam o que disse Manoel de Barros, na obra O Livro Sobre Nada (ed. Alfaguara): As violetas me imensam.

Keila Bis é jornalista de bem-estar, terapeuta floral e psicanalista. Há alguns anos vem se dedicando a estar mais próxima do seu mundo interior. Escreve na primeira terça-feira de cada mês aqui no Portal. Para entrar em contato, mande seu e-mail para: [email protected]

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