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“Retratos Fantasmas” no Oscar: quais as chances do representante brasileiro?
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“Retratos Fantasmas”, nosso filme selecionado para representar o Brasil na disputa por uma vaga na seleta lista de filmes que concorrerão ao Oscar de filme estrangeiro em 2024, é uma homenagem ao cinema de rua — mais especificamente aos de Recife.

Mas, pego emprestado esse tributo, se o diretor me permitir, e replico minha admiração por todos os bravos resistentes guerreiros cinéfilos que persistem nas calçadas brasileiras.

Nostalgia nas salas de cinema

Onde quer que você vá, existe hoje o fenômeno do cinema de rua que projeta agora só memórias, lembranças e nostalgia. Essas salas, que não estão envelopadas pela estética estéril dos shoppings, fazem parte da história de vida metropolitana, nos tempos em que ir ao cinema fazia parte da mais glamurosa cena cultural dos centros das cidades. Em Veneza, onde estive para cobrir o festival de cinema, comprei pistache em um antigo cinema, majestoso com seus afrescos restaurados no teto e nas paredes, que já foi inclusive teatro, e que agora virou, pasmem, supermercado.

Mas não precisamos ir muito longe. Muitos viraram também igrejas evangélicas por aqui, sem nem mesmo trocar as poltronas. São Paulo, como polo cultural vibrante, faz uma resistência de guerrilha: mantém alguns cinemas de rua tradicionais do circuito cultural cult — com muita garra e contando com aquela versão do espectador apaixonado que não abre mão da experiência —, e ainda sinaliza que há guerreiros abrindo salas apesar dos pesares. Mas é pouco diante do potencial do público que temos pra formar e encantar.

“Retratos Fantasmas”: cinema de rua no Oscar

Escolhido como representante brasileiro na disputa pela vaga no Oscar do ano que vem, “Retratos Fantasmas” é dirigido por Kleber Mendonça Filho. Um documentário com uma prosa poética em que o diretor também é o roteirista e narra sua reflexão ao revisitar a história de cinemas de rua de Recife.

Assista ao trailer:

Passeamos por cenas de seus filmes anteriores, assim como por registros fotográficos pessoais e de arquivo, que mostram o centro da cidade glamuroso e cheio de cultura, contrastando com sua degradação causada pela especulação imobiliária e pelo descaso travestido de progresso. Abandonadas à luz do dia e deixados ao deus-dará estão as antigas salas pernambucanas que permeiam este que é o filme mais pessoal e íntimo do diretor de “O Som ao Redor”, “Aquarius” e “Bacurau”.

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Salas fantasmas como resistência criativa

Logo saberemos se “Retratos Fantasmas” se fará visível nesta seleta lista de cinco escolhidos. O que é bem visível agora é a recuperação do cinema brasileiro após esses anos sucateados e empobrecidos pela miopia política.

“Retratos Fantasmas” nos representa no potencial criativo de todas as contações de história que exibem a realidade brasileira nas salas de cinema de rua, bravas e resistentes. Quem acredita que não podemos ter mais salas fantasmas, está livre da miopia cultural. Enxerga, em claro e bom tom, a arte e a magia acontecer na telona da sala escura.

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