Precisando de um livro emocionante? Veja 5 dicas de tirar o fôlego
Os livros possuem um papel quase terapêutico em momentos difíceis da vida. Para os leitores que adoram uma história emocionante, Rayza Fontes traz uma lista com indicações literárias que vão agradar os mais diversos públicos. Quem já esteve aqui na minha coluna antes certamente já deve ter esbarrado com algum texto dizendo “eu estava […]
Os livros possuem um papel quase terapêutico em momentos difíceis da vida. Para os leitores que adoram uma história emocionante, Rayza Fontes traz uma lista com indicações literárias que vão agradar os mais diversos públicos.
Quem já esteve aqui na minha coluna antes certamente já deve ter esbarrado com algum texto dizendo “eu estava triste e resolvi ler”, “eu estava exausta e fui em busca da cura nos livros” ou algo que o valha. A leitura sempre esteve presente de diferentes formas na minha vida, inclusive como um poderoso remédio contra os mais diversos males.
Em tempos de cansaço extremo, dúvidas, mudanças necessárias no estilo de vida e que vão refletir também na carreira e nos relacionamentos pessoais, fui buscar refúgio em livros eletrizantes, que fossem capazes de me tirar de uma espiral de preocupações pra ser jogada com força avassaladora em outro contexto. E mais uma vez, os livros salvaram o meu dia e fizeram a minha vida mais feliz.
Poderia acabar aqui, mas antes gostaria de refletir sobre o papel terapêutico dos livros, sua importância enquanto objeto de afeto e que traz consigo memórias lindas só pelo cheiro, pela capa ou uma daquelas dedicatórias arrebatadoras. Sem contar a alegria de dar um livro que é a cara de alguém ou receber de presente um livro que alguém tinha a certeza de que te agradaria.
Talvez os benefícios da leitura mereçam um texto exclusivo, talvez até um livro. Mas, por hoje, que a gente lembre de olhar para os livros com mais amor, fazer um esforço para criar ou manter o hábito da leitura e, principalmente, incentivar as novas gerações. Ler é transbordar.
Confira as minhas sugestões:
(210 páginas – Editora Record)
Eu ri, chorei, fiquei indignada, torci para que o livro nunca acabasse. Ou que ao menos aparecesse uma continuação. Quis que Venâncio sofresse. Queimei o arroz tentando entender o que se passava na cabeça de Lucy. Senti uma vontade terrível, quase uma dor física, pensando em Dalva.
É muito difícil para uma leitora sem limites, eleger os melhores livros lidos no ano. Especialmente para uma leitora obsessiva e desorganizada quanto eu, que começa vários livros ao mesmo tempo, termina todos em momentos diferentes e no fim das contas não lembra quem foi lido quando. O fato é que “Tudo é rio” vai estar no topo, entre os cinco melhores do ano. Talvez esteja até no grande panteão dos melhores da vida toda. O tempo dirá.
2. K. Relato de uma busca – Bernardo Kucinsky
(176 páginas – Editora Companhia das Letras)
Quando me deparei com “K. Relato de uma busca” não senti muita vontade de ler. Mas, quando ganho livros de presente ou enviados por editoras e livrarias tenho a tendência a olhar com mais carinho e ler as primeiras páginas com o coração aberto e complacente. E foi aí que eu perdi tudo. Como me desvencilhar de uma história de busca, de arrependimento, de traição e que fala tão próximo ao nosso coração?
A ditadura é um fato histórico que me atrai feito ímã: por mais que eu tente, não consigo explicar, ou melhor, aceitar, que pessoas desapareceram para sempre de forma tão cruel e gratuita. O tema atraiu, mas a habilidade narrativa incrível do autor foi quem me fez ficar até o fim. Quando eu passei a última página a vontade era de bater palmas de pé e agradecer por um livro tão pequeno e que dissesse tanto.
3. Filhos do jacarandá – Sahar Delijani
(232 páginas – Editora Globo Livros)
Só quem acredita na possibilidade de viajar sem sair de casa vai entender meu estado de espírito ao “conhecer” uma prisão iraniana em plena década de 80. Sem exagero algum, vivenciar a dor de uma grávida desamparada e tratada quando criminosa por não apoiar a ditadura foi uma das leituras mais desesperadoras que já fiz. E tem isso também: a criança nasceu e junto com ela a esperança para as outras presas políticas, que voltaram a sorrir e a acreditar que um dia veriam o sol.
Alerta de spoiler: você vai conhecer muito sobre a cultura do Irã, vai se encantar por vários personagens e só vai parar de ler quando o livro acabar.
4. Eu que nunca conheci os homens – Jacqueline Harpman
(192 páginas – Editora Dublinense)
Quem nunca perdeu o sono por causa de uma boa distopia que atire a primeira pedra. Eu não passei ilesa por essa fase, especialmente durante a pandemia, quando dei uma chance ao gênero e me apaixonei. E digo mais: poucas vezes li um livro tão rápido.
Foram também poucas as vezes que me peguei pensando: “e se fosse verdade?”. Não vou negar, “Eu que nunca conheci os homens” não veio para explicar, apenas para confundir. Mas que confusão deliciosa, que gera angústia, medo e ao mesmo tempo nos obriga a fazer reflexões poderosas não só sobre uma realidade paralela, mas sobre o incrível processo de descobrir o mundo. Recomendo, dou cinco estrelas e quando puder ainda leio de novo.
5. Dez Dias Em Um Hospício – Nellie Bly
(192 páginas – Editora Wish)
Você consegue imaginar uma jovem de 22 anos, no auge de 1887, fingindo ser uma paciente psiquiátrica e passando dez dias internada para identificar e entender desde abusos por parte da equipe até os casos de internação compulsória ou desnecessária? Eu só consigo imaginar por uma razão: a Nellie escreve incrivelmente bem. Eu poderia jurar que estive ao lado dela durante cada um dos dias.
E digo mais, a autora por si só já é uma personagem fascinante. Escreveu outro livro que merece ser mencionado aqui: Volta ao mundo em 72 dias. Pois é isso mesmo, a intrépida repórter resolveu desafiar tudo e todos e fez o mesmo percurso do livro de ficção “Volta ao mundo em 80 dias” (206 páginas – Editora Ímã). Como o título já indica, Nellie ganhou a corrida e nós também, premiados com um baita livro reportagem.
Gostaria de recomendar algum livro para mim também? Deixe a sua sugestão nos comentários!
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RAYZA FONTES é jornalista formada na Universidade Federal de Viçosa, professora de Linguagens e Redação, estudante de Odontologia na Universidade Federal do Espírito Santo e o mais importante: mãe de pet, de planta, de muitos livros, casada com o melhor amigo e fã incondicional de todos os membros da família. Tem em si todos os sonhos do mundo, listas intermináveis de viagens, livros e inutilidades. Capixaba da gema, orgulhosa moradora da cidade mais legal do mundo, Vitória – a capital do Espírito Santo -, já trabalhou na redação de jornais diários como repórter e esporadicamente atua como freelancer. Atualmente presta serviços de assessoria de imprensa. Sonhadora compulsiva, leitora crônica, fã de café para acordar e champanhe para relaxar, descobriu muito cedo que ler era a cura e a prevenção para todos os males. Seu instagram é @rayzagfontes.
*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.
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