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Por que falar sobre sêmen é tabu?
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Acredito que é preciso normalizar as conversas sobre sêmen para que deixem de ser tabu. Assim, podemos encontrar um lugar de sacralidade para a substância que contribui para a geração de uma vida.

Um dos temas mais importantes quando se discute masculinidades é sexualidade. Este é um tema tabu na maioria dos lares. É muito raro encontrar uma família que converse de forma consciente sobre este tema. Nas escolas, as conversas sobre sexualidade se resumem a prevenção de doenças e sobre como evitar a gravidez.

Dessa maneira, a maioria dos meninos acaba se “autoiniciando” na sexualidade, tentando descobrir por conta própria e, assim, acabam se valendo muito da pornografia como forma de instrução. Já falamos um pouco sobre a importância de abrir espaços de conversa sobre sexualidade num dos nossos artigos aqui neste espaço. Mas hoje quero falar sobre um ponto específico desse tema: o sêmen.

Fluídos e tabus

Antes de falar sobre o sêmen, quero fazer um paralelo sobre uma discussão que já está acontecendo de forma um pouco mais disseminada. A relação da mulher com seu sangue. Mulheres que estudam sobre o feminino, invariavelmente acabam ressignificando sua relação com sua menstruação, se desfazendo das crenças que as fizeram ter vergonha do seu sangue ou considerá-lo algo sujo. É uma forma de sacralizar o sangue da menstruação

Agora sobre o sêmen, pouco se fala sobre sua sacralidade. Basta refletir um pouco para compreender o poder deste líquido.

É uma substância que contribui para a geração de uma vida. Carrega milhões de espermatozoides com informações que permitem que um novo ser humano se desenvolva.

Em uma das rodas de conversas sobre o tema, percebi que quase todos os homens possuíam uma relação bagunçada com seu próprio sêmen. A relação inicia na pressão dos amigos e a comparação para se iniciarem na masturbação e se torna um segredo com a falta de espaço de conversa com os pais sobre isso.

Cultura do sujo

As referências são desenvolvidas pelas imagens dos filmes pornográficos em que o sêmen é usado para subjulgar uma mulher e mostrar o domínio do homem sobre ela. E, para algumas pessoas, essa relação fica ainda mais conflituosa quando encontram, na sua vida sexual, parceiras que têm nojo do esperma.

Existe também a preocupação com os rastros que o líquido vai deixar, a urgência por se limpar ou não “sujar” o espaço onde a relação foi feita. Soma-se a isso a preocupação excessiva do homem com a ejaculação, medo de ser precoce, ou medo de não conseguir ejacular. E, assim, acaba se desenvolvendo uma relação conflituosa, às vezes até paranoica com o sêmen.

Normalizar um fluído que é natural

Eu acredito que é preciso normalizar essas conversas para que deixem de ser tabu. E, com a normalização, podemos encontrar um lugar de sacralidade. De compreender como algo muito poderoso e que precisa ser honrado, cultivado e fazer com que a energia sexual do homem possa se melhor utilizada.

Seja você que me lê aqui, homem ou mulher, qual é a sua relação com o sêmen? É uma relação de naturalidade, sacralidade ou medo? Quais destes pontos fizeram sentido para você?

Veja também: todos os textos da coluna Brotherhood em Vida Simples.


GUSTAVO TANAKA (@gutanaka) é escritor e fundador do Brotherhood (@brotherhoodbrasil). É colunista mensal na revista Vida Simples e compartilha histórias de masculinidade quinzenalmente aqui no portal, junto com os amigos de caminhada nesses estudos sobre masculinidades.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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