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O que o trabalho pode ensinar aos nossos filhos?
Daisy-Daisy | iStock
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Apple e Ana são duas jovens de 16 anos com vidas completamente diferentes. Apple mora em Londres e está muito animada por começar a trabalhar em uma loja de roupas e conquistar sua independência financeira, além da experiência de trabalho. Ana, que mora em São Paulo, usa todo o seu tempo apenas para estudar. Ela gostaria de trabalhar, mas seus pais não permitem, pois acreditam que ela precisa se concentrar nos estudos, visando no futuro uma carreira de prestígio e bem remunerada.

Ana vem de uma família típica de classe média brasileira, seu pai é engenheiro e a mãe advogada, que dedicaram suas vidas a suas profissões. Já Apple é filha de Chris Martin, vocalista da banda Coldplay, e da atriz de Hollywood, Gwyneth Paltrow. Sim, você não leu errado. Em uma recente aparição no programa de TV de Ellen DeGeneres, Chris contou uma história engraçada sobre o dia que fez uma surpresa e visitou a filha na loja de roupas, onde ela trabalhava, e a sua orgulhosa reação.

Assim que assisti ao vídeo, postei em meu Instagram e logo viralizou, abrindo um debate sobre como a classe média e a elite brasileira criam seus filhos. É claro, querido(a) leitor(a), Apple não trabalha por necessidade. Ela vai continuar sendo filha de pai e mãe multimilionários e provavelmente não terá as mesmas preocupações econômicas que Ana. Mas a provocação aqui é justamente a importância do trabalho para além na necessidade.

Afinal, o que perdemos com essa mentalidade? Será que estamos criando nossos filhos e filhas para enfrentarem o mundo real?

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O assunto é polêmico, pois uma cena equivalente aqui no Brasil provavelmente não aconteceria. Imagine só: você vai em uma loja de departamentos, prova suas roupas e, quando se aproxima do caixa, quem aparece feliz e sorridente para te atender é um dos filhos do Luciano Huck e da Angélica. E aí, acha provável?

Nas culturas anglo-saxãs, como os Estados Unidos e o Reino Unido, é comum que os jovens comecem a trabalhar ainda na adolescência mesmo sem a necessidade financeira, seja através de estágios, trabalhos aos fins de semana ou empregos temporários. Este tipo de experiência de trabalho é visto como uma forma importante de ajudar os jovens a adquirir habilidades práticas, responsabilidade e independência financeira. Além disso, é também considerado uma parte natural da transição da adolescência à vida adulta.

Por outro lado, a classe média brasileira muitas vezes tem expectativas mais elevadas em relação à carreira dos seus filhos. É comum que os pais invistam em boas escolas e em ensino superior, com a finalidade de garantir que seus filhos tenham carreiras bem-sucedidas e renda elevada. No entanto, isso às vezes leva a uma resistência em relação à ideia de seus filhos trabalharem em empregos que não exigem formação superior, como empregos de atendimento ao cliente, por exemplo. Ou seja, um adolescente aqui no Brasil, em linhas gerais, só trabalha se for de uma família mais pobre.

Há vários fatores que contribuem para essa diferença de expectativas entre as culturas. Em primeiro lugar, a classe média brasileira é muitas vezes influenciada por uma cultura do status social, na qual o trabalho é visto como uma forma de ascender na sociedade e de adquirir respeito e prestígio. Por isso, é importante que o trabalho seja em uma carreira de alto prestígio ou renda elevada.

O valor do trabalho e os aprendizados que ele traz

Infelizmente, com essa mentalidade, muitos jovens perdem a oportunidade de ter experiências de trabalho, digamos, mais simples, e aprender coisas valiosas sobre a vida e sobre si mesmos. Ao trabalhar em um emprego de atendimento ao cliente, por exemplo, eles podem aprender sobre responsabilidade, trabalho em equipe e habilidades interpessoais, além de desenvolver sua confiança e independência financeira.

É importante destacar que a proteção excessiva pode ter efeitos negativos no desenvolvimento emocional e social dos jovens, e pode dificultar a construção de sua autoconfiança e habilidades de resolução de problemas. Por isso, é importante encontrar um equilíbrio entre a proteção e o incentivo à independência e à resolução de problemas.

A valorização do trabalho é uma parte importante do processo de educação financeira para crianças e jovens. Ao ensinar a importância do trabalho e da dedicação para ganhar dinheiro, os pais e educadores podem ajudar as crianças a desenvolverem hábitos financeiros saudáveis e uma mentalidade de geração de renda.

Essa educação pode começar desde cedo, ao atribuirmos tarefas aos filhos. As tarefas domésticas são uma ótima maneira de ensinar a importância do trabalho. Se o jovem tem interesse em ganhar dinheiro extra, encoraje-o a procurar trabalhos pontuais, por exemplo. Isso ajudará a compreender que o dinheiro não cai do céu e que é preciso trabalhar para ganhá-lo.

Converse com a criança sobre por que o trabalho é importante e sobre como o dinheiro pode ser usado para comprar coisas que ela quer ou precisa. Ensine-os sobre orçamento. Isso ajudará a criança a compreender que é preciso escolher com cuidado como gastar seu dinheiro.

Ensinar a criança a trabalhar duro, a gerenciar seu dinheiro e a compreender a importância do trabalho para a geração de renda pode ajudar a estabelecer hábitos financeiros saudáveis para a vida toda.

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