O que nos faz sentir realizados
A ideia, pra mim, é conseguir encontrar pessoas que nos validem na nossa própria individualidade, que partilhem dos nossos valores e quereres
A ideia, pra mim, é conseguir encontrar pessoas que nos validem na nossa própria individualidade, que partilhem dos nossos valores e quereres
Perto dos 35 anos, comecei a entender que a minha busca é por autenticidade. E, apesar disso parecer muito simples, é das coisas mais complexas da vida. Porque, sabe, somos seres sociais. Precisamos que o outro nos valide, nos aprove, nos ache importante, nos apoie, isso também dá grande sentido à nossa vida.
Digo que é mais complicado do que parece, justamente porque se chegamos ao ponto de saber do que gostamos e do que precisamos para ser minimamente honestos conosco – e isso não é pouca coisa, a maioria de nós não sabe – ainda assim nos sentiremos impelidos à adequar isso ao modo de viver das pessoas, da sociedade. Não está no nosso DNA viver sem aprovação, sem esse senso de que somos importantes também pro outro. Mas seria de um esforço enorme, praticamente impossível, agradar a si e nunca desagradar a coletividade.
Essa coletividade, traduzida para nós pelas tradições e heranças de comportamentos familiares, tem sua própria ideia do que nos traria realização. Este pensamento sempre carregará o que o sistema econômico vigente vende como sucesso, o problema é que isso nem sempre – eu diria quase nunca – vai ao encontro do que realmente nos preenche.
Títulos, cargos, marcas, aparência física, status, posses e bens materiais, o tipo “certo” de relacionamento e de família, vão manter uma cola com as pessoas, essa sensação de pertencimento, mas somente na superfície, na aparência. É como um jogo, onde teríamos que conquistar algumas coisas para poder vencer dentro dessa cultura, mas nada disso garante realização verdadeira.
Valorizar na individualidade
A ideia, pra mim, é conseguir encontrar pessoas que nos validem na nossa própria individualidade, que partilhem dos nossos valores e quereres, para que não precisemos nos adaptar tanto ao que a sociedade entende como realização, a ponto de perder o que nos faz únicos e realmente felizes. Pra gente não precisar se diminuir pra caber, ou se encher de coisas que na verdade nos esvaziam.
Mais do que isso, é ter consciência de que não conseguiremos agradar e receber apoio incondicional de todos. A autenticidade, em algum nível, coloca em xeque o apego. Na prática, isso pode até ser dolorido de perceber, porque esbarra no nosso medo de rejeição. Isso é a dor do crescimento, mas é uma dor boa e não se vive sem senti-la. O “ir com medo mesmo”, é essencial para a autenticidade começar a acontecer e é sinal de que a coragem veio. E, pra mim, a autenticidade anda de mãos dadas com a coragem de se permitir ter uma realização verdadeira.
Thais Basile é mãe da Lorena, palestrante e consultora em inteligência emocional e educação parental, eterna estudante. Apaixonada por relações humanas e por tudo que a infância tem a ensinar. Compartilha um saber para uma educação mais respeitosa no @educacaoparaapaz. Escreve nesta coluna mensalmente.
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