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O que aprendi com a dor
Imagem:Unsplash/Tina Sara
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Neste artigo:

Vivemos uma busca eterna por algo que nunca chega. A vida idealizada nunca chega. A felicidade idealizada nunca chega. O corpo idealizado e o sucesso nunca são suficientes. Estamos sempre angustiadas deixando a nossa vida passar. E, como estamos constantemente nesse estado, sentimos um nó no peito, cada vez mais apertado.

Costumo dizer que, sem perceber, vivemos uma perpétua sensação de inadequação/fracasso/vergonha/culpa/insegurança/vazio/ desamparo. Estamos adoecendo em busca de pertencimento, aprovação, reconhecimento, amor e felicidade. Sim, a gente adoece de tanto tentar ser feliz! Não é curioso?

A felicidade idealizada é uma ilusão

O desejo de agradar a todos nos aprisiona. Vivemos a ilusão de que um dia nos sentiremos completas, plenas, de que estaremos totalmente seguras, amadas e reconhecidas e, só então, poderemos gozar da felicidade. Acontece que jamais estaremos plenas, completas, totalmente preenchidas, sem vazios. Somos seres desejantes. Desejamos porque falta algo. Falta algo porque desejamos sempre mais e mais.

Minha vida mudou quando eu aprendi que não existe o momento mágico em que o vazio deixará de existir, em que vamos parar de desejar, em que o sofrimento vai desaparecer completamente e vamos desfrutar de uma felicidade esfuziante e per- manente. O objetivo desta coluna é mostrar que isso não vai acontecer.

Podemos mudar nossa relação com a felicidade e com a dor

A felicidade esfuziante que buscamos existe somente em episódios, assim como a dor e a tristeza. A vida é neutra a maior parte do tempo. Pense nos últimos sete dias. Você vai reparar que teve muito mais de ordinário, comum, simples, neutro do que de incrível, extraordinário ou terrível.

Não há nada de fascinante ou fora do comum em quase todos os dias na minha vida e aposto que na sua também não. Isso é o que eu chamo de “vida neutra”. Mas eu odiava a vida neutra. Eu tinha a fantasia de que a “vida perfeita” dos outros era sempre radiante, incrível e extraordinária.

Em meio à nossa rotina, viveremos episódios de muita alegria e outros de muita dor. O problema é que não aceitamos nem a neutralidade nem a dor. É como se não houvesse espaço para os dissabores. Queremos só o prazer, as coisas boas, e é aí que começa a infelicidade.

Precisei passar um tempo com a dor, nomear meus sofrimentos, aceitar, sentir. Sei que parece paradoxal, mas, para sermos felizes, temos de acolher a infelicidade.

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