O cheiro que abraça
Há vários anos essa época de festas me remete ao melhor aroma da vida: cozinha de casa de vó! Era de lá que surgiam as coisas mais gostosas
Há vários anos essa época de festas me remete ao melhor cheiro da vida: cozinha de casa de vó! Era de lá que surgiam as coisas mais gostosas.
É fato. Nosso cérebro armazena variadas lembranças, e são exatamente elas, nossas memórias, que nos conectam a experiências que vivemos em alguma etapa da vida. Momentos bons ou ruins, não importa, tudo está ali, sob os cuidados do nosso cérebro, responsável por armazenar todo esse conteúdo!
Querido leitor, você sabe que sou apenas uma reflexiva e observadora pessoa, atenta às situações corriqueiras e em constante busca de resgatar e aproximar momentos analógicos aos nossos tempos tão digitais. Talvez se pergunte “por que esse papo de lembranças, memórias, cérebro, neurociência?”. Por um simples e gostoso motivo: pisamos com ambos os pés no último mês do ano. Tempos áridos de tolerância e empatia; de egos cheios de si e vazios de gente, de atropelos insanos e ânimos aflorados. Penso que, se não realizamos algum projeto até então, desnecessário será qualquer desespero para que aconteça nos 45 minutos do segundo tempo.
Vejo o final de ano como uma chance de vivermos aquilo que nos faltou, emocionalmente falando, ou reforçarmos o que nos fez bem. Talvez um tempo precioso para procurar quem pouco encontramos. Talvez uma oportunidade de dizer a alguém o quanto nos é especial e, por que não, talvez tempos de uma nova chance com o próximo – ou conosco mesmos.
Uma máquina do tempo de sensações
Mas o que memórias, uma nova chance e final de ano têm a ver? Tudo! Se você prestar atenção, nessa época os cheiros podem nos proporcionar nossos melhores reencontros, quase como uma máquina do tempo das sensações. Em poucos segundos um aroma nos traz uma memória e nos possibilita alguma reação com quem está perto.
Alguns estudiosos da neurociência afirmam que a memória olfativa é das mais duradouras, ultrapassando a visão e até mesmo a audição, mas confesso que desconheço mais detalhes. Me atenho, portanto, ao poder que a conexão entre olfato e cérebro exerce em nossas recordações, o que significa dizer: cheiros ativam nossas lembranças, sejam elas boas ou ruins. No caso, me limito a reviver as boas!
Há vários anos essa época de festas me remete ao melhor aroma da vida: cozinha de casa de vó! Era de lá que surgiam as coisas mais gostosas – inclusive, lá também era feito o bife de fígado que eu detestava, mas comia, porque meu avô não admitia ouvir “eu não gosto” sem que a gente experimentasse. Cozinha de casa de avós deve ser o lugar do planeta que mais concentra aromas gostosos – pelo menos na memória das crianças que tiveram o privilégio de conviver com os seus.
Final de ano por aqui é tempo de assar biscoitos de mel com gengibre – para mim, a tradução dos tempos natalinos, talvez minha maior conexão com aquele tempo que não volta mais, talvez minha mais forte conexão com quem me é importante em tempos atuais. Fazê-los me traz leveza, amor, entrega. É o momento em que eu, pessoa de escassos dotes culinários, traduzo meu mais verdadeiro amor. É como se fosse um reencontro.
O amor, o cheiro e a comida
Há vários anos essa época de festas me proporciona imensa alegria – saber que a receita dos biscoitos de mel com gengibre que eu trouxe “da cozinha da vó” ultrapassou limites geográficos, despertando reencontros pelos 4 cantos do planeta! A simples e gostosa receita, há muitos anos batizada pelo filho de uma amiga como os melhores biscoitos do mundo, contém um dos ingredientes mais preciosos e importantes: o amor, ao que – e a quem nos faz bem! Para quem quiser a receitas dos biscoitos, clique aqui.
Um agradecimento à tecnologia, que me ajudou a compartilhar essa pitada de carinho – prova de que hábitos analógicos se encaixam perfeitamente em tempos digitais!
P.s: além de gostosos, eles são cheirosos. E nesse finalzinho de 2019 tudo o que eu desejo é que os cheiros nos abracem!
Lu Gastal trocou o mundo das formalidades pelo das manualidades. Advogada por formação, artesã por convicção. É autora do livro “Relicário de afetos” e participa de palestras por todos os cantos. Desde que escolheu tecer seus sonhos e compartilhar suas ideias criativas, não parou mais de colorir o mundo ao seu redor. Seu instagram é @lugastal.
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