COMPARTILHE
Maternidade é expansão
Estéfi Machado retrata a expansão no ser que a maternidade traz (Foto: arquivo pessoal)
Siga-nos no Seguir no Google News

Outro dia estava assistindo uma série sobre duas mulheres que me fez refletir sobre a maternidade. Ela era assim:

A história se passava nos anos 1950, quando uma jovem mulher descobre que está grávida. Surpresa e apavorada, desabafa com a amiga dizendo ter certeza de que não vai dar conta.

A amiga que já tem dois filhos sorri de volta, acolhe o desespero dela e diz muito calmamente: “vai dar conta sim. A gente se adapta”.

Só que isso foi o que saiu na legenda traduzida, quando, na verdade a frase original que a amiga muito sabiamente disse em inglês foi — vai dar conta, sim, “we expand” (traduzindo, “nós expandimos”).

Esse é um daqueles momentos em que você xinga a TV e briga com o tradutor invisível que legendou a série, porque poxa vida, “a gente expande” é mais do que perfeito!

As expanções físicas da maternidade…

Porque não tem bicho que expande mais do que mãe. Já começa que expande o próprio corpo para abrigar um projeto de ser.

Expande a pele, os fluidos, os volumes, junto com a incrível capacidade de dividir seus órgãos e suas funções vitais com outra vida.

Aumenta também a paciência, a capacidade de lutar contra o sono, a habilidade de evitar o choro, as intuições e a insistente mania de acreditar que vai dar tudo certo, mesmo quando ela não tem a menor ideia disso.

… E as expansões emocionais

Na maternidade, a gente expande exponencialmente os sonhos, as coragens, os medos, a bravura, e claro, a danada da culpa, que nunca mais volta para o tamanho original de fábrica.

Passamos anos diariamente expandindo nossa capacidade de existir em um corpo fora de nós. Até que um dia a gente se pega sequer lembrando dos idos tempos antes disso.

Aprendemos a ficar confortáveis no gerúndio da expansão, que exausto e ao mesmo tempo incansável não pausa nunca. E de alguma milagrosa maneira, tá sempre dando um jeito de esticar mais um pouco.

Então faz favor, querido desconhecido tradutor, nunca mais deixe dar o nome justo para o que nós, mães, fazemos de melhor: expandimos o existir e o criar. E principalmente a capacidade de amar.

MAIS TEXTOS DE ESTÉFI MACHADO
A adolescência é um tempo de despedidas
Quer falar bem de si? Use a técnica do “tenho uma amiga”
Primos: uma parceria para a vida toda


Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião da Vida Simples.

0 comentários
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

Deixe seu comentário