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Fale sobre sua transição de carreira sem se enrolar: um roteiro passo a passo
Julia Potter
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Uma das questões que atormenta quem está passando por uma transição de carreira é como falar a respeito desse processo, tão íntimo quanto intenso, para amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos.

A dúvida principal costuma ser: o que dizer para justificar a mudança e validar o novo caminho?

Eis uma narrativa angustiante, especialmente para quem se colocou em movimento e ainda não sabe direito onde isso vai levar (justamente o que acontece com a maioria das pessoas em transição, afinal).

Um roteiro passo a passo para falar sobre sua transição de carreira

Se é esse o seu caso, sugiro que, para aquelas situações em que você não está se sentindo segura ou com vontade de detalhar seu momento, considere formular uma frase curtinha, honesta e tão genérica que sirva para dar uma resposta a qualquer pessoa. Algo como: “estou explorando minhas opções e ainda não tenho uma decisão. Pode deixar que eu lhe aviso quando isso acontecer!”.

Se você se sentir disposta a falar um pouco mais, no entanto, talvez possa elaborar uma história que faça sentido a partir da reflexão e da articulação dos seguintes pontos:

  • Seu passado: de onde você está vindo? Qual é o seu ponto de partida para a mudança?
  • Sua embatucação*: o que a motivou a mudar? Quais são os seus incômodos? E quais são as suas vontades?
  • Seu destino: onde você gostaria de chegar? Ou, se isso ainda parece um enorme ponto de interrogação, como você deseja estar depois de atravessar a mudança (o que gostaria de sentir, como gostaria de trabalhar?)
  • Sua busca: Como você está se movimentando nesse momento? Com quem pode e quer contribuir? Que obstáculos está tentando superar? Que tipo de informação pode lhe ajudar?

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Um exemplo prático de como utilizar esse roteiro

Uma história fictícia, seguindo esse roteiro, ficaria assim:

Depois de me formar em pedagogia, trabalhei na parte administrativa de instituições ligadas à infância por mais de 10 anos (passado).

Percebi que era fácil para mim ajudar colegas de trabalho a serem mais criativos no dia a dia – e que eu não estava usando esse recurso para rever a minha própria forma de trabalhar e nem a relação com a minha atuação. Isso me fez perceber o quanto eu estava insatisfeita, com uma sensação constante de vazio (embatucação).

Quero atuar usando melhor a minha facilidade para ter ideias, ensinar e criar possibilidades de aprendizado que tragam evolução e alegria para outras pessoas (destino).

Também quero aproveitar melhor minha capacidade de comunicação por meio da fala e da escrita. No momento, estou aceitando clientes que precisam de apoio para repensar criativamente o modo de se comunicar nas redes sociais. Também estou disponível para a facilitação de treinamentos corporativos na intenção de fomentar a criatividade em grupos. Estou aberta para trocar e aprender com pessoas que transformaram o impulso criativo em um negócio estável (busca).

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Esse roteiro para comunicar sua transição de carreira é flexível

Parte dessa narrativa pode até mudar com o tempo, a partir das experimentações feitas ao longo do caminho, já que é por meio do que a gente vai fazendo de um modo prático que as informações vão se revelando e as opções vão se delineando.

Mais do que o caráter definitivo dessa fala, o que importa mesmo é a estrutura dela e o senso de “chão” que ela cria.

Ao articular sua narrativa, você conta que é para essa tal direção que está querendo ir, a partir de uma determinada intenção, e é isso e aquilo o que você está fazendo para seguir em frente.

Essa declaração valida o que faz sentido para você do ponto sobre o qual é possível falar alguma coisa, não no ponto lá da frente que ainda não dá para vislumbrar porque você não se afastou tanto assim do que fazia (e de quem costumava ser) no passado.

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Você está no controle da sua vida: escolha para quem contar

Ainda que pareça desconfortável não ter todas as respostas sobre o seu futuro, lembre-se que é você quem está no controle de como fala a respeito da sua transição de carreira (para você mesma e para os outros).

Você pode, sim, escolher com quem falar sobre isso, como contar a sua história e quando não está disposta a revelar em maior profundidade o que está se passando.

Parece complicado assumir a sua parte nessa conversa, mas é só se apropriando do que está vivendo que você vai se sentir em paz com as suas escolhas – a partir dos seus próprios critérios.

*Uso a palavra embatucar para explicar aquele momento na carreira e/ou na vida em que a gente paralisa, emperra, se sente incomodada, perde o passo e o rumo, não sabe como agir e muitas vezes nem tem palavras para descrever o que está sentindo/querendo.


Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião da Vida Simples

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