Escolhas do bem
Tirar do papel a teoria de que cada um de nós deve ser a mudança que quer ver no mundo não é lá das tarefas mais fáceis da nossa lista
Tirar do papel a teoria de que cada um de nós deve ser a mudança que quer ver no mundo não é lá das tarefas mais fáceis da nossa lista
Acreditamos que já temos feito bastante para sermos pessoas melhores, mais empáticas e respeitosas, para mostrar aos filhos o caminho certo, reciclamos nosso lixo e estamos mais conscientes e atentos às necessidades urgentes da nossa sociedade e de como nosso planeta vem sofrendo.
Mas a verdade é que esperamos que grandes ações para essa mudança venham dos outros, de grandes empresas, dos líderes, dos ativistas, e não realizamos que podemos sim, e de forma muito simples, trazer muitos impactos positivos e importantes para esse tal mundo melhor e a vida com mais sentido que tanto buscamos.
Entretanto a todo momento aparecem novos especialistas, com novas palavras e termos difíceis e técnicos, novas regras, muitos novos “isso não pode”, que a nossa responsabilidade acaba parecendo se distanciar de nós, ao invés de se aproximar e encontrar um amigo disposto a colaborar mais. Acaba sendo chato escutar tanta regra e pouca facilitação, e ao final deixamos de fazer o que está ao nosso alcance.
Por isso sou contra extremismos, contra todas essas regras muito rígidas, e a favor de estarmos abertos e atentos a fazermos as melhores escolhas possíveis para cada um de nós, a fazermos pequenas mudanças nos nossos hábitos e irmos assim fazendo escolhas mais conscientes no nosso dia-a-dia.
Acho que a forma mais fácil de começar é fazendo a listinha daquelas marcas e produtos mais comprados na sua casa, e entender se quando eles acabarem podem ser substituídos por outros mais “do bem”, como costumo dizer. Produtos de beleza e de limpeza costumam acabar logo e precisar de rápida reposição, e olhar para as compras mais recorrentes e tentar encontrar melhores opções já é ótimo.
Podemos procurar produtos de limpeza que que deixem menos resíduos no meio ambiente e que usem menos água, e produtos de beleza não precisam ser testados em animais para serem super eficientes, e podem ser naturais e orgânicos e de altíssima tecnologia ao mesmo tempo. Farmácias e supermercados comuns hoje já oferecem muitas opções nesse sentido, e já não precisamos mais ir a estabelecimentos especializados para encontra-los.
Separar o lixo para reciclagem é de fato das ações mais importantes, mas gerar menos lixo é chave, então além de comprar menos, devemos buscar produtos com embalagens recicláveis e recicladas. E na alimentação gosto muito da frase “descascar mais e desembalar menos”, que além de trazer hábitos muito mais saudáveis, dá prioridade ao lixo orgânico.
Ainda sobre alimentação, se não conseguimos ser veganos, podemos tentar diminuir o consumo de carne e fazer a segunda-feira sem carne, por exemplo. Estudos apontam que 5 flextarianos (consumidores que já se abstêm de produtos de origem animal algumas vezes por semana) tem o mesmo impacto de 1 vegano, ou seja, se cada um de nós diminuir um pouquinho, o impacto no meio ambiente será gigante.
Além disso, muitas marcas hoje comunicam claramente seus propósitos e valores e aí o nosso autoconhecimento entra para fazer uma grande diferença: saber quem somos, quais são os nossos valores, nosso propósito e nosso estilo de vida nos ajuda a entender se nossas escolhas de consumo estão alinhadas e conectadas com o que acreditamos, buscamos e defendemos.
Marcas hoje levantam bandeiras e defendem causas como a da igualdade racial, da diversidade e inclusão, da equidade de gênero, há muitos projetos de apoio a comprar de pequenos produtores, cooperativas que apoiam, qualificam e dão independência financeira a mulheres vindas de situações de vulnerabilidade que fazem trabalhos lindos no artesanato e na moda, há marcas que tem como missão nos trazer mais bem-estar e nos ajudar através de suas experiências a ter uma vida melhor. Nossa parte é nos informar mais e mais.
E aliás, não podemos deixar de falar sobre as pessoas que seguimos, porque aceite, elas também influenciam nas nossas compras. Então que priorizemos seguir e ouvir pessoas inspiradoras, conectadas com o que realmente é importante para cada um de nós, e elas com certeza também vão nos ajudar com dicas importantes para essa caminhada.
Enfim, há muitas opções do que chamo de consumo do bem, o consumo que é mais empático com o planeta, com a sociedade e conosco como indivíduos. Cabe a nós estarmos abertos a fazer essas escolhas não só com a mente e com bolso, mas principalmente com o coração.
GIULIANA SESSO acredita num caminho de consumo mais empático e positivo, para uma vida com mais sentido, uma sociedade mais justa e um planeta mais bonito. @giuliana_sesso
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