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E se confiar em estranhos pudesse mudar o mundo?
(FOTO: COUPLE OF THINGS)
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Quando a gente não está a procura de inspiração, acaba tropeçando nela sem querer.

Foi bem dessa forma que encontramos uma nova ideia que iria mudar o rumo das nossas vidas. E tudo começou numa manhã de sábado, em junho de 2019.

Inspiração está em todo lugar, basta prestar atenção

Numa manhã de clima gostoso de outono em Florianópolis, onde a gente morava na época, Leo estava entretido com a leitura do Relatório Mundial da Felicidade daquele ano, que acabara de ser publicado.

Pra medir o nível de felicidade das pessoas de cada nação, o relatório leva em consideração uma “variedade de medidas de bem-estar subjetivas”, além de variáveis que medem condições econômicas e sociais das pessoas de cada país participante.

Ao acabar a leitura, Leo dividiu comigo algo que chamou sua atenção. Naquele ano, o nível de felicidade havia sido medido também baseado no ato de confiar em estranhos.

Os países em lugares mais altos no ranking da felicidade eram justamente os lugares onde as pessoas mais confiavam em desconhecidos.

E isso nos fez pensar: será que seríamos mais felizes se propositalmente confiássemos em pessoas que não conhecemos? E desta pergunta, nasceu um novo projeto.

De uma ideia, nasceu um experimento

Decidimos então ser cobaias de um experimento que nós mesmo inventamos. 

A ideia era dar a volta ao mundo e visitar oito cidades que nunca fomos, com a proposta de nos conectar com pessoas que nunca vimos. 

Mas o que poderia ser o elo que nos faria intencionalmente abordar esses desconhecidos?

 A arte. 

Iríamos atrás de artistas locais com um convite: se juntar a nós pra filmar um vídeo. 

Batizamos esse produto audiovisual de “collab”, já que seria um vídeo criado através de uma colaboração artística entre Leo, eu e quem mais a gente conseguisse juntar nessa ideia ousada.

E o resultado dessas oito experiências a gente transformaria numa série de TV chamada “What If Collab”.

A colaboração une desconhecidos?

Se esse nosso projeto iria dar certo, a gente não fazia ideia. Se pessoas que nunca viram a gente antes iriam topar nos encontrar e confiar num casal de estranhos, não sabíamos. 

Mas era essa a proposta: ver se seria possível criar relações de confiança com desconhecidos usando a arte como ferramenta de conexão. E ver na praça se confiar em estranhos nos faria mais felizes. Ou não.

Só saberíamos se fossemos.

Desafio de criar relações de confiança em sete dias

Pouco mais de dois meses após aquela manhã em Floripa, Leo e eu embarcamos pra Joanesburgo. A Africa do Sul, país que estava bem lá embaixo no ranking da felicidade, seria nossa primeira parada.

Chegamos lá sabendo que tínhamos o primeiro episódio da nova série pra gravar e apenas sete dias pra achar artistas, apresentar nossa ideia, criar algo juntos e filmar nossa collab. 

As chances de tudo isso dar errado pareciam tão maiores do que a possibilidade de dar certo, né? E logo no primeiro destino, tudo conspirou contra a gente.

Mas não vou dar spoilers, pois este o os outros sete episódios estão disponíveis pra você maratona-los sem dó, tanto no nosso canal do Youtube quanto no Amazon Prime Video.

E já aviso: cada episódio nos leva a viver as mais diversas experiências e conhecer pessoas muito inspiradoras.

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Não fazia nem dois dias que havíamos chegado em São Paulo após passar três meses viajando pelo mundo filmando “What If Collab” quando recebemos uma ligação. 

Era um convite especial: levar os aprendizados dessa nossa experiência pro palco do TEDxSãoPaulo.

Ficamos extremamente honrados e felizes até que descobrimos que o evento aconteceria dali a 48 horas.

Nossa resposta inicial foi “não, obrigada. Impossível fazer isso em tão pouco tempo” – , afinal teríamos menos de dois dias pra criar, ensaiar, decorar texto e apresentar uma palestra pra centenas de pessoas. 

Mas a resposta da curadora do TEDxSãoPaulo para a nossa negativa mudou tudo. Ela disse: “Se foi possível criar relações de confiança com desconhecidos e criar uma collab em menos de sete dias, vocês conseguem sim estar prontos em 48 horas. Nos vemos lá.”

Que bom que nem tudo acontece como a gente planeja

Dois dias depois, compartilhamos com o público o que havíamos vivido ao lado dos desconhecidos que conhecemos pelos quatro cantos do mundo durante nossa aventura.

Nosso talk saiu como a gente queria? Não. Da mesma maneira que nossos planos de vida nem sempre saem como a gente espera. 

O que vivemos em cada um dos episódios de “What If Collab” e no palco do TEDxSãoPaulo nos mostrou que é sim importante planejar. Ter um norte nos guia rumo aos nossos objetivos. 

Mas estar preparado pra receber de braços abertos às surpresas (e os desconhecidos) que aparecem pelo nosso caminho nos fazem crescer, aprender e nos superar. 

E sim, fazer tudo isso de fato nos transformou em pessoas melhores e mais felizes.


Diana Boccara compartilha mais sobre viver com menos em seu livro “Mínimo Essencial“. Há quase uma década vive na estrada com seu par de malas. Acompanhada pelo seu marido Leo Longo, com quem divide seus dias e o trabalho no duo Couple of Things. Filmmaker e minimalista, vive pelo mundo filmando séries como “What If Collab” (disponível no Amazon Prime Video), ABITAH e “A Volta Ao Mundo em 80 Videoclipes” (ambas disponíveis na Globoplay). Suas histórias já foram contadas nos palcos do TEDx e SXSW. No Instagram, o casal divide um pouco mais dos bastidores de uma vida itinerante. E aqui na Vida Simples, eles compartilham aprendizados que uma vida com menos excesso lhes trouxe.


Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião da Vida Simples.

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