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É difícil ensinar o que não aprendemos
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Olhar para os nossos filhos com mais respeito e humanidade é um exercício diário. Nessa jornada, aprendemos a criar conexões mais acolhedoras e verdadeiras

Desde que eu comecei a falar sobre educar crianças com respeito e humanidade, venho me deparando com uma série de objeções, inclusive internas. Costumo dizer que educar SEM respeito é o nosso padrão, assim como reproduzir machismo e racismo inconscientemente também é, porque assim era o mundo quando fomos criados. Não se distancia tão rápido de padrões emocionais, muito menos se não tomamos consciência deles e não damos a devida importância a esse processo de percepção e mudança.

Acontece um grande paradoxo da evolução no mundo atual: a cada semana vemos um novo aparelho celular, uma nova característica tecnológica, e as pessoas não só aceitam como perseguem essa novidade toda. Com nossos padrões emocionais e de comportamento, apesar da ciência e das pesquisas demonstrarem o que está por trás dessas atitudes nem sempre ser bom, a evolução não é tão rápida e nem tão bem aceita.

Já sabemos que as palmadas trazem enormes prejuízos para a saúde emocional das crianças e já sabemos que gritos não educam, mas o que ouvimos, sentimos e aprendemos na infância é o nosso “quentinho”, nossa segurança, mesmo que não nos faça bem. É assim que a nossa mente funciona, escaneando o ambiente em busca de estímulos para que possamos voltar aos padrões conhecidos, mesmo que estes padrões não estejam de acordo com o bom senso, com a ética ou com o que a ciência prova não ser mais o ideal.

É preciso um esforço consciente.  É uma escolha diária sair desse lugar comum para aprender e desenvolver novas crenças, novos pensamentos e, consequentemente, agir diferente. Não se enganem, pode ser muito duro ressignificar nossa infância e tudo que aprendemos como “correto”.

E, para além dessa dificuldade, também há a questão do pouco costume, porque é tudo muito novo. As teorias de educação respeitosa chegaram ao Brasil há não muito mais que dez anos, apesar de existirem estudos sobre isso desde os anos 60. Ainda hoje existem muitos profissionais da área da saúde e da educação que defendem palmadas, gritos e castigos para educar.

Também é importante pontuar que atualmente está acontecendo um retorno muito evidente ao autoritarismo: em tempos de insegurança, tendemos a voltar àquilo que conhecemos. Queremos nos reconhecer. O problema (ou a salvação) é que o mundo não é mais como era antigamente. As pessoas estão perdendo o medo de querer mais, de querer melhor, ainda que para isso precisem olhar tão de frente para suas próprias dores e limitações.

Somos a primeira geração a querer ter intimidade emocional com os filhos, a olhar para as crianças como cidadãos do mundo, a ressignificar práticas parentais. E isso é muito especial. Nossas crianças precisam ser educadas para esse novo mundo, para que se comece um novo padrão, um novo “quentinho”. Para que o respeito, a aceitação, o amor e a leveza se tornem um “novo normal” para as próximas gerações.

Tem muita gente trabalhando para isso, e é nisso que eu escolho apostar. Diariamente. Vamos juntos?

Thais Basile é mãe da Lorena, palestrante e consultora em inteligência emocional e educação parental, eterna estudante. Apaixonada por relações humanas e por tudo que a infância tem a ensinar. Compartilha um saber para uma educação mais respeitosa no @educacaoparaapaz. Escreve nesta coluna às segundas-feiras. 

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