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Dia da mudança
Maria Ziegler | Unsplash
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Neste artigo:

Trocar de casa, adequar a vida. Tudo isso dá trabalho e, nessas horas, contar com a ajuda do outro pode ser fundamental.

Mudei de casa. E fui para uma melhor. Aliás, saí de um apartamento para morar em uma casa com quintal, árvores e passarinhos. Faz parte de um projeto de vida que inclui poder pisar na grama quando quiser e ver as estrelas à noite. A experiência está sendo sensacional até agora, o que me leva a pensar que foi uma decisão acertada. Estamos todos felizes, as pessoas, as cachorras e o gato, que está podendo agora liberar seus instintos mais primitivos.

Não foi uma decisão fácil, afinal morávamos em um bom apartamento em um ótimo bairro, perto de tudo, e agora dependemos do carro para ir à padaria (ok, dá para ir de bicicleta também…). Mas a vida é assim, ganha-se e perde-se a cada decisão. Mas, na verdade, não quero falar aqui sobre escolhas, e sim sobre a mudança em si, que vem depois da escolha.

Sempre as mudanças

Mudar de casa é apenas um dos tipos de mudança que fazemos na vida. Afinal, mudamos de cidade, de emprego, de profissão, de estado civil. Mudamos de estilo, de opinião, de ideia. A mudança faz parte da nossa vida. E é ótimo que seja assim, pois ela nos dá aquela sensação agradável de movimento, de evolução, de que não estamos parados, afinal, e que estamos fazendo, produzindo, conquistando. Algumas pessoas têm mais necessidade de mudar do que outras. Eu tenho essa necessidade, e talvez seja algo da personalidade, do signo de aquário, do fato de conviver com muita gente agitada, sei lá.

Gosto de mudar, a ponto de trocar a posição dos móveis da sala, que estavam perfeitos como estavam, só para sentir o gostinho de como ficariam em outra posição. E agora mudei de cidade, de casa e de escritório ao mesmo tempo. No entanto, tenho uma confissão a revelar, e na verdade, ao fazer isso, sinto que estou confessando para mim mesmo. O que acontece é que, mesmo sabendo que a mudança era necessária e seria para melhor, eu resisti até o limite para tomar a decisão e mudar de fato.

Ai que preguiça!

Logo eu, o sujeito que tem rodas nos pés e coceira no traseiro… Pois é, acontece que sou humano, e o humano é assim mesmo. Lida com a mudança de forma ambígua. Uma parte do cérebro propõe, outra pondera e uma terceira resiste e até se revolta. O que propõe é o cérebro racional. O que pondera, mesmo com algum sofrimento e medo, é o emocional. E, finalmente,  o que resiste é o cérebro primitivo, reptiliano, aquele que quer apenas sobreviver.

Esse instinto de preservação energética tem outro nome: preguiça. Sim, temos preguiça de mudar, especialmente de casa. Dá muito trabalho. Selecionar o que vai, o que fica, o que será encaminhado para doação. “Ai, que preguiça”, diria o Macunaíma. Mas a preguiça precisa ser superada. Caso contrário faremos muito pouco na vida, e nunca mudaremos. Para isso temos outros habitantes em nossa alma: a determinação, a força de vontade, a garra. E também temos, felizmente, a ajuda de outros.

dia de mudança

Crédito: Kostikova | IStock

Um hábito americano é alugar um caminhão, chamar os amigos, colocar todos para trabalhar e depois pagar um hambúrguer e umas cervejas. Mas depois tem que arrumar tudo… Para quem vive se deslocando entre reuniões, viagens e palestras, dedicar um tempo para cuidar disso é uma missão quase impossível. Algo para o Ethan Hunt que consiga manter o bom humor no meio de centenas de caixas. E, por sorte, esse personagem da série Missão Impossível existe, e está pronto para te ajudar.

Ajuda profissional

Numa época em que se fala que muitas profissões serão extintas por força da tecnologia, eis que surgem novos ofícios, necessários e úteis. Um deles é o especialista em organização doméstica, o personal organizer. Esse é o tipo de profissional que jamais será substituído por um computador ou robô, porque ele lida com pormenores, toma decisões racionais. Em síntese, ele coloca tudo no lugar de uma forma lógica e faz isso com sensibilidade e afeto.

Então, a organização da mudança ficou a cargo da Andressa, que selecionou a empresa, comunicou o condomínio, marcou o dia, acompanhou a embalagem, coordenou a equipe, cobrou, capricho, cuidou de cada detalhe. O tempo todo alegre, de olho em tudo, preocupou-se até em evitar o estresse do gatinho. E, na outra ponta, estava a Carol, com suas parceiras Paula e Laura. Quando tentamos ajudar na tarefa, fomos gentilmente convidados a descansar.

Não apenas porque não queriam que trabalhássemos, mas também para evitar que atrapalhássemos. Elas colocaram tudo no lugar de uma forma que nós não conseguiríamos, obedecendo à lógica do cotidiano, com praticidade, leveza, estética. Cestas brancas identificadas, gavetas com divisórias. Talheres divididos por grau de utilização. Até os livros, separados por assunto e autor. Incrível! Queremos mudar, mas não gostamos. Só que precisamos. E, quando o dia chega, o melhor é relaxar, manter o bom humor, olhar para trás com gratidão, para a frente com alegria. E, se possível, pedir ajuda. Há incríveis talentos à nossa disposição.


EUGENIO MUSSAK escreveu sobre este assunto em Caminhos da Mudança e A Vida é Cheia de Curvas. Diz que mudou, mas continua o mesmo. @eugeniomussak

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