COMPARTILHE
De São Paulo a Addis Ababa: uma jornada ao sabor da injera
Foto: André Mafra
Siga-nos no Seguir no Google News
Neste artigo:

Viajar para a Ásia é sempre uma aventura fascinante e cheia de desafios. Em janeiro de 2025, eu e Mara, minha parceira de viagens e de vida, tínhamos a Índia como destino principal. Mas, dada a distância com o Brasil, uma parada intermediária era quase obrigatória.

As opções mais comuns — Londres, Frankfurt, Paris, Amsterdã ou até mesmo Doha e Dubai — já estavam no radar. Foi então que, em meio às pesquisas, surgiu uma ideia inusitada: por que não fazer uma escala na Etiópia, voando pela Ethiopian Airlines, com parada em Addis Ababa?

O início de uma aventura

A princípio, a ideia era apenas uma pausa estratégica, mas, aos poucos, foi ganhando forma. O que começou como um simples stopover transformou-se em uma jornada maior. No fim das contas, decidimos que o final do ano seria o momento perfeito para conhecer um pouco da Etiópia — um país que, até então, era apenas um nome no mapa, mas que prometia histórias, sabores e experiências únicas. E assim, o que seria uma escala tornou-se o início de uma nova aventura.

Nos preparativos para a viagem, fui buscar se havia em São Paulo algum restaurante etíope na cidade. Infelizmente, não havia um específico, mas existia um restaurante africano que servia o prato mais típico da Etiópia: a injera! O restaurante era o Biyouz (R. Fernando de Albuquerque, 95, em São Paulo – @biyouzgastronomiaafricana). Para provar a iguaria, era necessário solicitá-la com 24 horas de antecedência. Contive a ansiedade e marquei uma segunda visita, desta vez acompanhado dos meus alunos do DeRose Method Brooklin. Em uma inocente segunda-feira, após a aula, fomos nos deliciar com a injera!

Mas afinal, o que é a injera?

A injera, com seu sabor único e seu papel central nas refeições, é um exemplo perfeito de um prato que traduz uma nação e seu povo. Feita a partir do teff, um grão de origem local cultivado há milênios na Etiópia e altamente nutritivo, a massa passa por um processo de fermentação que pode levar até três dias, conferindo ao pão seu sabor característico e textura esponjosa.

Mas a injera é mais que um alimento: é um símbolo de união. Nas refeições etíopes, ela é compartilhada em um grande prato, onde todos comem juntos, usando pedaços de injera para pegar os alimentos. Curiosamente, há um costume bonito e inspirador: levar a comida à boca uns dos outros, reforçando laços familiares e comunitários. Essa experiência fez ainda mais sentido durante minha viagem.

Era hora de experimentar no habitat original

O voo para Addis Ababa, saindo de São Paulo, é bastante longo, aproximadamente 12 horas de duração. Nosso pequeno grupo de amigos somava quatro pessoas, e dava para sentir no ar a ansiedade de chegar logo. Desembarcar em Addis Ababa era como um sonho: eu estava em um dos poucos países africanos não colonizados, cuja tradição, cultura e gastronomia tinham muito a me revelar.

No mesmo dia em que chegamos, ao fim da tarde, deixamos as malas no hotel e corremos para o restaurante Kategna, que, por sorte, ainda estava aberto e ficava a aproximadamente 600 metros de onde estávamos hospedados no charmoso bairro de Bole. O ambiente silencioso me chamou a atenção, algo que percebi como característico do povo etíope: discreto e respeitoso em espaços públicos. Além disso, surpreendeu-me a quantidade de pessoas que falavam inglês, mesmo em locais não turísticos e em outras cidades além de Addis Ababa.

Pedimos, obviamente, uma injeera (pronuncia-se injíra) com acompanhamentos diversos, todos sem carne. Pouco tempo depois, chegou a linda travessa onde a injeera é servida, com os molhos dispostos lado a lado sobre a fina camada do pão etíope.

Entre os acompanhamentos estavam o shiro, um guisado cremoso feito com farinha de grão-de-bico ou ervilhas, temperado com cebola, alho, gengibre e um mix de temperos chamado berbere; o misir wat, preparado com lentilhas vermelhas muito saborosas; o gomen, feito com espinafre ou couve bem temperados com especiarias; e outros itens, incluindo saladas e, em alguns restaurantes, até batatas fritas! Para acompanhar, optei por uma cerveja sem álcool, já que não sou adepto de bebidas alcoólicas.

Com esse começo promissor, a viagem prometia! Nos próximos artigos, compartilharei um pouco mais sobre a fascinante cultura etíope. E você, já pensou em experimentar algo novo e sair da rotina dos sabores já conhecidos?

LEIA MAIS
– Viajar pode abrir uma porta para a empatia
– Em busca do melhor Chlebíček da República Tcheca
– Currywurst, prato com salsicha alemã, tem opções veganas


Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião da Vida Simples.

0 comentários
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

Deixe seu comentário