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Celebre os momentos especiais: a vida merece ter lembranças inesquecíveis
JESHOOTS
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A vida passa. E rápido. Por causa dessa correria, damos prioridades a situações que, se avaliarmos bem, não mereciam tanto esforço e dedicação. Por esse motivo, deixei passar muitas celebrações e datas comemorativas. Envolvido com as prementes tarefas profissionais, preferi dirigir meu foco de atenção a atividades que depois de certo tempo se mostraram até irrelevantes. Quanto arrependimento!

Em outras oportunidades, até por mera casualidade, pude celebrar. E, ainda hoje, quando me lembro, me aplaudo de pé. Vou citar dois momentos que foram muito significativos. Ambos relacionados ao meu casamento.

Amigos de juventude

A Marlene foi minha conhecida da época de juventude. Zero de interesse um pelo outro. Morávamos em Araraquara, no interior de São Paulo. Apenas gostávamos de conversar. Falávamos principalmente de livros e de futuro profissional. Era um prazer indescritível. Passávamos horas trocando ideias.

Lembro-me de como ela vinha me contar toda entusiasmada sobre as primeiras aulas de inglês que passara a ministrar no SENAC. Mostrava empolgada a peça “O auto da compadecida”, de Ariano Suassuna, que dirigia para os seus alunos atuarem. Sempre criativa!

Assim que ela terminou a faculdade foi morar um tempo nos Estados Unidos para trabalhar com pesquisas nas universidades. Eu me mudei para São Paulo. Era o desafio da cidade grande, em busca de oportunidades profissionais e conhecimento acadêmico. Cada um para o seu canto. Perdemos o contato.

14 de julho

Nós nos reencontramos mais de 20 anos depois. Saímos para almoçar pela primeira vez, num 14 de julho, no Massimo Restaurante, que ficava na Alameda Santos. Ali descobrimos que a nossa relação já deixara de ser só de amizade. Um sentimento mais profundo nos ligara.

Por isso, nessa data, todos os anos, voltávamos lá para um jantar comemorativo. Em nenhum ano deixamos de comparecer. Até que por uma série de motivos, em 2013, 37 anos depois da sua inauguração, fecharam as portas. Bem na época em que estávamos completando 25 anos daquele nosso primeiro encontro. Lamentamos muito.

Coincidentemente naquele período eu ministrei curso para três executivos da Globo. Um deles era o Gilberto Leifert, pai do Tiago Leifert, outro era o Eduardo, diretor comercial, que veio do Rio de Janeiro só para participar do treinamento e mais o Willy Haas, diretor-geral de negócios e o segundo na hierarquia da organização. Durante o almoço saiu esse assunto. Comentei que comemorar aquela data lá seria um momento de grande alegria, mas com o restaurante fechado eu precisaria procurar outra forma de celebrar.

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A grande surpresa

Uma semana antes do dia, recebi um telefonema da secretária do Haas. Ela disse que falava em nome dele com a seguinte e surpreendente informação: estava reservado o restaurante do Massimo, que ficava no 10º andar da emissora. Se eu quisesse, estaria a minha disposição.

Massimo havia montado um restaurante na Globo muito semelhante ao que ele possuía na Alameda Santos. Precisei me beliscar para acreditar. Era um verdadeiro milagre. Resolvi fazer surpresa a minha mulher.

No dia 14 pedi à Marlene que caprichasse na roupa porque faríamos uma bela comemoração. Tentou descobrir o local, mas desconversei. Comentei que antes de irmos ao restaurante, eu precisaria assinar um documento importante na Globo. Já estava tudo armado para a nossa chegada. Pedi que ela subisse comigo até o 10º andar.

Recepção emocionante

Ao abrir as portas do elevador, estavam nos esperando o Massimo, com os característicos suspensórios e seu sorriso acolhedor, o maitre, que sempre nos atendeu durante todas aquelas décadas e a secretária do diretor-geral com um maravilhoso buquê de rosas.

Separaram a melhor mesa, com cardápio especial e vinho à nossa escolha. Éramos convidados. O maitre e a secretária choraram e o Massimo ficou muito emocionado. Fez questão de ajudar a nos servir. Quanta gentileza! Saquei do bolso uma pequena joia que havia comprado na Tiffany e brindamos os 25 anos de maneira inesquecível. Até hoje a Marlene se emociona quando se lembra do que aconteceu.

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Restaurante do Massimo. (foto: arquivo pessoal / Reinaldo Polito)

Nada de casamento

Outro momento marcante também foi meio sem planejamento. Resolvemos que ficaríamos juntos, mas sem nos casarmos. Havia exemplos de amigos nossos que não se casaram e viviam muito bem, numa relação harmoniosa. Até que resolveram regularizar a situação. Como diziam no interior, “casar de papel passado”. Em mais de um caso, por coincidência, foi só oficializarem a união que pouco tempo depois se separaram. Concordamos em não arriscar.

Certo dia, fomos ministrar cursos em Vitória ES. Quando preenchíamos a ficha de entrada no Hotel Ilha do Boi, eu a observei escrevendo “solteira”. Pensei, tantos anos juntos, vivendo tão bem e nessa condição de não casados.

O pedido de casamento

À noite fomos jantar em um restaurante chamado “O Mercador”. Pedi uma mesa próxima à janela e duas taças de champanhe. E ali, sem que ela esperasse, fiz o pedido de casamento. Foi mais uma choradeira. Ou seja, combinamos que não queríamos nos casar apenas por combinar. A reação dela demonstrou que no fundo a vontade era outra. A festa foi linda, com pompa e circunstância, e a presença dos amigos queridos.

Esses dois fatos foram motivo de alegria e de celebração. Por isso, quando alguém experimenta uma grande conquista, sempre aconselho – não deixe de comemorar. Abra um bom vinho e celebre a vitória. Depois de muitos anos essa data será lembrada com alegria e emoção.

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