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Afagar a terra com os pés
Na medicina chinesa, os pés têm conexão direta com a saúde dos rins (Foto: Matthias Gellissen/Unsplash)
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Certa ocasião, demonstrei, em uma vi­vência para um círculo de pessoas, uma dança na qual tocávamos suavemente o chão com os pés nus.

Entre cantos suaves e melodiosos, criamos um ritmo próprio e fomos integrando as energias da terra e do corpo. Mas alguém no grupo sentiu gran­de preocupação, pois, desde criança, havia aprendido que andar descalço era perigo­so e podia fazer mal.

Quando essa dúvida foi partilhada, esclareci que, ao fazer isso, cuidamos da nossa ancestralidade.

Desde tempos imemoriais, as tradições indígenas e outras culturas milenares nos ensinam que o corpo humano é um micro­cosmo do Universo.

É um sistema interliga­do em que cada parte se reflete no todo. Sob tal perspectiva, os pés são de grande importância para o bem-estar geral. Parti­cularmente para a saúde dos rins, órgãos considerados centrais na manutenção da vitalidade e essência ancestral.

Pés são canais de energia

Com seus pontos de pressão e canais ener­géticos, os pés são vistos como a base do nosso ser físico e espiritual. Segundo a re­flexologia, uma prática da Medicina Tradi­cional Chinesa, cada ponto ali corresponde a uma parte específica do corpo.

Ao pres­sioná-los, liberamos bloqueios energéticos, promovendo a limpeza e o fortalecimento dos órgãos. Além disso, massagens regula­res na região não apenas aliviam o estres­se e melhoram a circulação. Mas também estimulam o funcionamento adequado dos responsáveis pela filtragem do sangue e ex­creção das toxinas acumuladas.

Nas filosofias orientais, acredita-se que os rins armazenam a “Jing”, a energia vital herdada dos nossos pais, que determina a longevidade e a saúde geral.

Cuidar dos pés é cuidar da raiz

Cuidar deles, portanto, significa honrar essa herança an­cestral, mantendo o fluxo que nos conecta às gerações passadas e futuras.

Práticas como a ingestão de ervas específicas, banhos de imersão em águas curativas e a manutenção de uma dieta equilibrada são formas de nu­trir e proteger esses órgãos, garantindo que nossa essência permaneça forte e vibrante.

Em muitas culturas indígenas, como a dos povos Tapuia, os pés são também vis­tos como raízes que nos ligam à terra, nos­sa grande mãe.

Sendo assim, cuidar deles no dia a dia e sentir o contato com o solo é uma forma de reverenciar essa conexão, harmonizando o corpo aos ciclos naturais.

Portanto, em cada passo, lembramos que somos parte de um todo, uma teia de vida que pulsa com a energia dos antepassados e se estende para o futuro.

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Conteúdo publicado originalmente na Edição 270 da Vida Simples

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