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A vida é mais improviso do que controle
Aleksandr Popov
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Neste artigo:

Nos últimos anos, eu tive a oportunidade de facilitar workshops com diversos grupos de pessoas, e nessas experiências preciso utilizar técnicas variadas para desenvolver projetos ligados à criatividade e inovação. Em alguns deles, desenvolvo uma atividade que chamo de “escreva a sinopse do filme da sua vida”. A atividade é simples e consiste nos participantes escreverem um parágrafo respondendo a uma pergunta – se no seu último dia de vida você pudesse contar como foi sua experiência desde que nasceu, o que diria?

Sem nenhum método científico, percebi alguns padrões a partir das respostas que já obtive nesse exercício. As pessoas mais jovens tendem a falar de suas realizações e conquistas. A formatura no curso desejado, a compra da casa dos sonhos, a conquista de um emprego incrível, a promoção para o cargo de liderança, o encontro com o parceiro ideal, etc. Já as pessoas mais velhas, muitas vezes, incluem em suas histórias, os reveses da vida, as dificuldades, as enfermidades e as perdas de gente querida. Então, os mais jovens não passaram por situações difíceis? Passaram, mas a maioria escolheu não incluir na história. Os mais velhos não tiveram momentos felizes? Tiveram e falaram sobre elas, mas intercalaram com o que a vida deu.

Planos, pandemia…

Já refleti bastante sobre esse assunto, tentando encontrar porquês e sempre que vou utilizar novamente esse exercício, fico esperando o resultado. Bingo, nunca falha. Minha sensação é que, se realmente fosse um filme, as pessoas mais novas se veem mais como os roteiristas. Toda a história está sob o controle de suas mãos. A vida que vão levar, nessa brincadeira de projetar o futuro, é aquela que eles imaginaram e escolheram. Enquanto, por outro lado, os mais velhos já entenderam que algumas vezes eles são mais atores do que roteiristas. O roteiro, em determinados momentos da vida, chega pronto e cabe a eles o papel de atuar, da melhor forma que puderem.

Confesso que toda vez que proponho a atividade de escrever a sinopse, invariavelmente eu acabo olhando pra minha própria vida. De tanto repetir a reflexão, com o tempo passei a entender que tenho meu lugar como roteirista, mas o garantido mesmo é o de ator. E o bom ator é aquele que sabe improvisar. Lembrando que improviso não é fazer de qualquer jeito. É estar preparado para agir com os recursos que tem. Nunca sabemos o que pode vir no próximo roteiro, se são só as coisas que a gente planejou ou se chegarão também as situações que mais gostaríamos de evitar. E são esses trechos do filme que mais pedem nosso talento e criatividade.

Talvez nossa performance não nos renda um Oscar, mas certamente teremos vivido melhor, sem a ilusão de acreditar que temos controle sobre tudo. Ah, e na dúvida sobre isso, basta se lembrar: você fez planos, veio a pandemia. Fim.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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