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8 livros para quem gosta de culinária (ou de comer)
Dan Gold
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Este texto é para você que gosta de filmes como Chef, Julie & Julia, Sem Reservas, Pegando Fogo, bom, já deu para entender o estilo, né? A lista é grande – e vai estar ao final do texto – mas para além dos filmes e séries, a gama de livros sobre comida é infinita. Então, mesmo que você não conheça nada do nicho “literatura gastronômica”, pode ser que goste dessa listinha feita com muito cuidado e alguma dose de fome.
Fui tentando resgatar na memória livros que falassem sobre comida de uma forma bem abrangente e me fizeram refletir sobre o fascínio que a alta gastronomia exerce sob nós, reles mortais, e a relação íntima entre comida e cultura.

Ingredientes literários

Na verdade, comer nunca foi sobre sentar-se à mesa, satisfazer a fome… é muito mais sobre partilhar, ter experiências e estimular os sentidos. E veja bem, não precisa ser nada elaborado. No livro Cinco anos em Lyon: uma aventura na cozinha francesa* é bem nítida a relação entre paixão e comida, o que inclui acessar memórias afetivas com cheiro de pão – o que convenhamos, ninguém está imune – até comer uma ave preparada ao longo de dias, desde a escolha no criadouro até a mesa.

Enquanto fazia minhas reflexões gastronômicas me peguei questionando também sobre os ingredientes. Já pensou como o clássico brasileiro “arroz, feijão, tomate e ovo” pode se transformar numa iguaria a depender da qualidade dos ingredientes? Uma salada com ingredientes orgânicos, frescos e da estação pode ser um prato memorável, mesmo não tendo nada além do que a natureza forneceu.

No livro O império do ouro vermelho: A história secreta de uma mercadoria universal* o autor faz uma investigação minuciosa sobre a origem do molho de tomate consumido em todo o mundo. E pasme, a esmagadora maioria vem de plantações chinesas. Sim, aquela pizza deliciosa, o macarrão à bolonhesa e tantos outros pratos que nós comemos aqui, os franceses e italianos na Europa e até mesmo os australianos, vem do mesmo lugar. Claro, para que os tomates aguentem a viagem, são duramente processados e armazenados em grandes tonéis. Não vou negar, além de ter feito uma viagem incrível pela China, passando por muitos outros países, esse livro me fez repensar o consumo de vários alimentos industrializados que eu não fazia ideia da procedência – e da insana quantidade de conservantes disfarçada em bonitas embalagens.

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Receitas de boas histórias

Antes de prosseguir com as dicas, queria fazer mais uma indicação: a série “The Bear”. Na verdade, o texto do mês de setembro já estava pronto e o tema nem de longe tinha relação com comida, gastronomia e afins. Mas, no meio do caminho tinha uma série. E foi impossível não fazer conexões imediatas com as leituras. Uma das grandes vantagens da leitura, na humilde opinião da traça que vos escreve, é ter repertório e aprender coisas novas. É incrível como uma coisa leva a outra e no fim das contas eu estava vendo Ratatouille, que sem dúvida vai se tornar um clássico da Disney, já que envelhece melhor a cada ano.

Falar de comida sem falar em receita nem faz sentido, né? Por isso, fica a dica de dois livros que, além de fofos, trazem receitas superlegais e que se conectam de forma muito bonita às histórias: O livro de receitas de Eva Thorvald* e O maravilhoso bistrô francês*”. Confesso que nunca testei nenhuma delas, mas a sensação de saber que elas estão ali é ótima. Quem sabe um dia?

Por último, uma viagem à Alemanha! Afinal de contas eu sigo acreditando veementemente que a gente lê para viajar. Em A Descoberta da Currywurst* o leitor entra de cabeça na história de um prato e todas as nuances envolvidas. Claro, no fim das contas a história chega até a Segunda Guerra Mundial, um episódio tão forte e ainda vivo na história da Alemanha. E por falar nela, “Um banquete para Hitler*” fala de comida, fala de história e mais uma vez coloca a Alemanha no centro da mesa. Dois livros para quem gosta de história, para ter a chance de ver um mesmo episódio por dois ângulos completamente diferentes: o dos alemães sobrevivendo à escassez de alimentos e o do reich, com banquetes nababescos e repletos de desperdício.

Cinco anos em Lyon: Uma aventura na cozinha francesa (Bill Buford)


544 páginas, Companhia das Letras

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Eu não sei se agradeço a Bill Buford e sua família por compartilharem tanto da intimidade com os leitores ou se envio um e-mail malcriado, afinal, eles reavivaram um antigo sonho da minha metade jornalista: fazer uma mala e sair por aí escrevendo sobre o extraordinário que habita no cotidiano. O fato é que a aventura na cozinha francesa é também uma imersão na cultura lionesa. Ri muito, sofri um bocado (sabe aquela burocracia de visto, mudança de país, dificuldades com o idioma? Pois é, eles passaram por tudo isso e nós leitores sofremos junto!). Que livro, meus amigos! Vai ser sempre uma referência de literatura gastronômica para mim.

O império do ouro vermelho: A história secreta de uma mercadoria universal (Jean-Baptiste Malet)


256 páginas, Vestígio

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Dos confins da China à Itália, da Califórnia ao Gana, em uma investigação única e original que durou dois anos, o autor conheceu comerciantes, colhedores, empreiteiros, camponeses, geneticistas, fabricantes de máquinas, um “general” chinês e até mesmo integrantes da máfia para comprovar que o tomate, mais que apenas uma matéria-prima, é uma síntese da economia mundial. E eu posso garantir que depois de conhecer a fundo os processos que transformam tomate em molho, extrato, ketchup e afins, você nunca mais vai comer uma pizza do mesmo jeito.

O livro de receitas de Eva Thorvald (J. Ryan Stradal)


320 páginas, Rocco

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O livro de receitas de Eva Thorvald conta a história de uma celebrada chef de cozinha por meio de relatos de diferentes personagens sobre a protagonista e de algumas de suas receitas favoritas. Das histórias curiosas vividas em torno de uma cozinha no meio-oeste americano surgiu uma defensora da “comfort food” e da produção orgânica. O livro mostra, a partir dos relatos, o quanto comida, família e memórias estão entrelaçadas.

Bolo preto (Charmaine Wilkerson)


304 páginas, Paralela

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Uma receita tradicional caribenha, uma morte súbita, brigas entre irmãos que se distanciaram ao longo dos anos, história nunca antes trazidas à tona e um longo áudio deixado pela matriarca detentora de todos os segredos – familiares e também a receita do bolo preto, que é um pedaço suculento e muito importante da trama. Logo nas primeiras páginas vocês vão perceber que o livro tem todos os ingredientes para uma receita de sucesso, inclusive uma boa dose de reviravoltas, personagens cheios de camadas e dramas.

O maravilhoso bistrô francês (Nina George)


280 páginas, Record

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A Nina George virou um fenômeno literário com o maravilhoso “A Livraria Mágica de Paris” – que será devidamente destrinchado aqui em breve. Na esteira do sucesso dessa autora querida que transforma qualquer cena cotidiana em ouro, uma história de amor pelo mar, pela gastronomia e também pelo poder curativo dos alimentos. Além disso, outro ponto interessante é deslocar o foco da narrativa para o interior. Somos bombardeados por histórias parisienses – e vejam bem, longe de mim, apaixonada por Paris que sou, reclamar – e ter uma perspectiva da Bretanha abre os horizontes para novos e encantadores lugares. Se eu pudesse resumir a leitura em uma palavra, sem dúvida seria apaixonante!

A descoberta da currywurst (Uwe Timm)


173 páginas, Dublinense

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Fortemente indicado para quem gosta de história, de conhecer pratos diferentes e tem uma quedinha pela Alemanha. Um livro curto, envolto por um certo mistério, afinal, o objetivo é descobrir de onde veio o prato típico “currywurst”, e delicioso. Aliás, só peço que não briguem comigo caso a Alemanha vire uma nova obsessão. Não vou negar que até pesquisei umas receitas de currywurst e pensei: “e se eu me programasse para provar in loco?”.

Um banquete para Hitler: A morte está servida (V. S. Alexander)


304 páginas, Gutenberg

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Amantes da Segunda Guerra Mundial, essa aqui é para vocês! A narrativa é feita em primeira pessoa, por uma das provadoras de comida de ninguém menos que Adolf Hitler. Por fim, em meio aos muitos banquetes e conspirações a gente aprende um pouquinho de história e entra em contato também com algumas curiosidades gastronômicas.

Morder um pêssego: Memórias e aventuras nos bastidores das badaladas cozinhas do Momofuku (David Chang)


344 páginas, Companhia das Letras

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Esse é um bônus. Complicado dar opinião de uma leitura ainda em andamento. Mas, fica aqui o convite para lermos juntos. Até o presente momento – o que significa 47% da leitura segundo o kindle – achei a escrita leve, divertida, embora com um tom autodepreciativo que muitas vezes me incomoda. O fato é que, mesmo sem nunca ter entrado em uma cozinha profissional, por muitas vezes me senti dentro de um restaurante premiado. Ou seja, só por isso, já vale a nossa atenção e leitura, não é mesmo?


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