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    Saúde mental dos adolescentes: 11 sinais para ligar o alerta amarelo
    Eliott Reyna
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    Crises e questionamentos sobre a própria identidade são comuns durante a fase da adolescência. O período é marcado pelo início da puberdade e é reconhecido no Brasil, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), entre os 12 e 18 anos de idade. A adolescência é uma transição entre a infância e a vida adulta e, por isso, é essencial para a formação da identidade particular de cada indivíduo. No entanto, as relações familiares e o contexto psicológico e social impactam a saúde mental desses jovens.

    Os distúrbios emocionais, como a depressão e a ansiedade, são bastante comuns entre os adolescentes. Os transtornos de ansiedade são os mais prevalentes nessa faixa etária, sendo mais frequentes entre os adolescentes mais velhos.

    Por isso, é fundamental que pais, familiares e as instituições da sociedade estejam preparados para atender e compreender as demandas de um público diverso, plural e que carrega questões muito particulares.

    Sinais de alerta para a saúde mental dos adolescentes

    Por causa de toda a atribulação cultural, além das alterações hormonais e corporais que vêm junto com a puberdade, que o período da adolescência é intenso. Não só isso, é comum que a saúde mental fique em um patamar de maior instabilidade, especialmente se há ausência de apoio familiar ou em outros ambientes, como na escola.

    “Alguns adolescentes estão em maior risco de problemas de saúde mental devido às suas condições de vida, estigma, discriminação ou exclusão, além de falta de acesso a serviços e apoio de qualidade”, explica a médica hebiatra Dra. Maíra Pieri. Ela que também é pediatra, além de doutora em Medicina do Adolescente pela Universidade de São Paulo (USP), explica que alguns fatores devem ser considerados. “Violência (incluindo pais severos e bullying) e problemas socioeconômicos são reconhecidos riscos à saúde mental“, explica.

    Para ela, alguns sinais são importantes e devem receber atenção de pais, familiares ou cuidadores. É importante lembrar que eles são preocupantes quando perduram por dias ou semanas e há impactos na sociabilidade e rotina do adolescente. Entre os mais comuns, estão, de acordo com a médica:

    1. Medo, ansiedade e preocupação excessivos;
    2. Mudanças de humor além do habitual;
    3. Demonstração de irritabilidade ou raiva sem motivo aparente, ou muito intenso;
    4. Isolamento dos amigos e das atividades sociais;
    5. Falta de interesse por atividades típicas dessa fase;
    6. Mudanças no desempenho escolar;
    7. Comportamento hiperativo e/ou impulsivo acima do esperado para a idade;
    8. Alterações do sono;
    9. Pesadelos frequentes;
    10. Desobediência constante;
    11. Agressão física ou verbal muito acentuada.

    Contexto cultural e social são importantes à saúde mental

    A psicóloga Thaísa Soares (CRP 18/ 03134), costuma defender o termo “adolescências“, justamente porque há uma diversidade infinita de pessoas nessa faixa etária. “Isso depende do contexto, dos acessos e da cultura. Esse momento do curso de vida será vivenciado de uma forma diferente por cada indivíduo”, explica. É nesse momento da vida que os jovens passam a assumir funções que os colocam nessa posição de transição entre uma fase e outra. “Da infância, a adolescência ainda detém a proteção, assistência, abstenção de grandes responsabilidades, ao passo que já adquirem uma maturação corporal, sexual e possuem interesses já semelhantes com os dos adultos”, enfatiza.

    Há uma compreensão de si mesmo e de seu lugar no mundo, desde a forma de se vestir, até aos grupos que passará a frequentar. “O olhar do adolescente está mais direcionado para o mundo e para outras formas de viver do que as da própria família”, destaca Thaísa Soares. E isso é absolutamente comum e esperado. Portanto, pais, não fiquem aflitos com seus filhos caso o comportamento se altere durante a adolescência.

    A psicanalista e CEO da ONG Ipefem, Ana Tomazelli, explica que é natural esse distanciamento. Necessário para que o jovem entre em contato com outras pessoas e possa identificar onde, de fato, ele pertence. “Nessa fase da vida, é natural que os adolescentes busquem seus próprios grupos e se afastem dos adultos ou de tudo que pode significar uma repressão à expressão de uma nova identidade em formação”, explica.

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    Mesmo que os adolescentes se distanciem dos adultos e possam até rejeitar alguns eventos sociais em família, a regra não serve para os pais ou familiares. É preciso que eles estejam presentes e ativos no desenvolvimento dos filhos, mas isso não deve surgir como uma insistência incômoda. “É preciso tentar entender o que está acontecendo e estar do lado do adolescente. Um canal de diálogo precisa estar aberto para que ele mostre que não está se sentindo bem”, sugere a Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, da Infância e Adolescência.

    Ela sugere que, durante comportamentos atípicos, a escola pode ser uma fonte de diálogo, mas é essencial conversar diretamente com o adolescente. “A gente não deve entrar no quarto de forma abrupta, mas podemos bater na porta e perguntar ‘posso entrar?’”, explica. Além disso, Danielle Admoni explica que o adolescente precisa entender que há uma preocupação dos pais quanto ao seu desenvolvimento.

    Além disso, a psicanalista Ana Tomazelli defende que uma comunicação dialogal é o caminho. Por exemplo, os pais podem falar para o filho: “acolho o que você sente e gostaria de saber mais”. “Fazendo mais perguntas e ouvindo mais, antes de falar. E, quando falar, propor combinados, sem deixar de estabelecer limites”, sugere.

    Ela defende ainda a presença de autoridades saudáveis, que possam fornecer orientações e direcionamentos para os adolescentes. “Modelos de criação sem referências ou presença geram insegurança e angústia, diferentemente do que muitos pais pensam”, explica.

    Alessandro Fernandes/ Vida Simples

    Como desenvolver maior empatia com os adolescentes?

    Embora pareça difícil dialogar com um adolescente, é importante lembrar que todos os adultos já passaram por essa fase. Saber como ela funciona e entender essa vivência é um passo inicial. Mas, além disso, ter acolhimento e responsabilidade com as demandas do filho é fundamental. “O ideal é demonstrar apoio, falar e abordar o assunto de forma leve e compreensiva”, explica Helen Mavichian, psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes, além de Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento.

    “É importante criar um ambiente acolhedor e aberto para diálogo desde cedo, com empatia, respeito à individualidade e incentivo à comunicação regular e constante”, acrescenta a psicóloga. Além disso, algumas perguntas são importantes e ajudam a desenvolver um diálogo entre as expectativas dos pais e a realidade dos filhos, afinal, a adolescência hoje é vivenciada de forma diferente do que no passado.

    Alessandro Fernandes/ Vida Simples

    Thaísa Soares acrescenta ainda que a escuta psicológica é importante e necessária em diversos casos, mas não é a única possível. Estar em constante diálogo com o adolescente e possibilitar espaços de trocas e compreensão é parte de uma relação saudável.

    “Há uma escuta que todos podemos fazer, mas que poucos sequer tentamos. Apenas dizemos que não entendemos ou criticamos ao notar o que o outro deveria fazer de diferente”, lembra. Para a especialista, a culpabilização, críticas e julgamentos apenas irão agravar o quadro de sofrimento psíquico do adolescente.

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