COMPARTILHE
Por que a música faz tão bem?
(Foto: Michael Maasen/Unsplash) Quanto mais atenção damos à música, maior o impacto positivo em nossa saúde mental, emocional e cognitiva
Siga-nos no Seguir no Google News
Neste artigo:

Se você parar para notar, verá que a música está em todos os lugares. Desde o canto dos pássaros até o batuque involuntário que fazemos na perna quando escutamos algo no fone de ouvido. Ela tem o poder de transformar ambientes, contar histórias e mudar humores. Mas, por que a música faz tão bem? Além de ser combustível para a alma, ela também é abastece a mente.

A música pode parecer algo simples, mas seu impacto no cérebro é profundo. Estudos mostram que ela potencializa novas conexões neurais, em um fenômeno conhecido como plasticidade cerebral. Isso significa que escutar, estudar ou praticá-la fortalece os caminhos entre neurônios, o que aumenta nossa capacidade de aprendizado.

Além disso, pessoas que estudam teoria musical tendem a ter regiões cerebrais mais densas e com mais conexões, o que representa um cérebro mais preparado não apenas para a música, mas para uma variedade de tarefas cognitivas. A música está ligada diretamente ao desenvolvimento da linguagem, do raciocínio e da coordenação motora — uma verdadeira academia para o cérebro.

Devido a esse exercício do cérebro, a música é capaz de criar vínculos entre as pessoas, fortalecer a memória, induzir ao movimento através dos diferentes ritmos e melhorar a comunicação com a organização de ideias.

Sem receita única

Algumas pessoas ainda relatam se sentirem mais concentradas em uma tarefa quando estão ouvindo canções. Isso pode depender menos da melodia e mais da história de vida de cada um. Não existe um estilo “certo” ou elementos musicais universais que favoreçam o foco. Para algumas pessoas, um rock pesado é o combustível ideal para a produtividade. Para outras, ele pode ser o caminho certo para o caos.

“Não é bem o elemento da música que faz com que nos concentremos mais ou menos em algo, mas sim a relação cultural e emocional que criamos com a música”, explica Viviane Louro, neurocientista, educadora e musicista. Quem cresceu estudando ou trabalhando com música de fundo pode ter treinado o cérebro a se concentrar mesmo com estímulos sonoros presentes. Ou seja, o que funciona para um pode não funcionar para outro — e tudo bem.

Seja um piano suave ou uma batida eletrônica envolvente, as melodias têm o poder de acalmar ou agitar. Isso acontece, segundo Viviane, porque elas ativam regiões do cérebro ligadas às emoções e às memórias. É uma verdadeira “injeção” de hormônios como a dopamina e a serotonina, substâncias que geram sensações de prazer, bem-estar e relaxamento.

Mas, novamente, não há uma receita única. “Não existe exatamente uma música certa para relaxar, pois nossa relação com a música é individual, vai depender de nossas vivências desde a infância. Ou seja, como nos relacionamos com a música no decorrer de nossa vida. Uma pessoa pode relaxar ouvindo uma música lenta tocada por um piano e outra pessoa pode se sentir entediada ao ouvir a mesma música”, explica.

Ouvir canções no dia a dia, mesmo que em segundo plano, já traz benefícios, como o relaxamento. E quanto mais atenção damos à música, maior o impacto positivo em nossa saúde mental, emocional e cognitiva. A escuta ativa — aquela em que paramos para realmente ouvir e sentir a música — proporciona estímulos cerebrais mais intensos.

E se além de escutar, você decidir estudar canções? Aí os efeitos se multiplicam. “Se for possível estudar música, fazer aula de teoria ou instrumento musical e treinar todos os dias, aí sim o cérebro é bombardeado por estímulos incríveis e fará muita diferença a longo prazo”, diz a neurocientista. Os ganhos são inúmeros e se estendem para outras áreas da vida, como concentração, disciplina e criatividade.

➥ Leia mais
Cinco músicas do Gilberto Gil com reflexões para diferentes momentos da vida
10 sugestões de músicas para ouvir ao escrever
Como desenvolver o hábito da leitura

0 comentários
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

Deixe seu comentário