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Perca o medo e melhore sua comunicação ao falar em público
Falar em público é uma questão de prática (Foto: Thomas Fromont/Unsplash)
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Neste artigo:

Durante o ensino médio, Giulia Araújo, 18 anos, evitou ao máximo as apresentações diante da sala de aula. O medo de falar em público era intenso e a jovem chegou a passar mal fisicamente em uma ocasião em que foi preciso participar de um debate organizado de última hora.

“Minha visão começou a escurecer, ouvi um som agudo e não conseguia me ouvir falando. Pedi desculpas e parei. Eu estava tremendo e não sei exatamente o que aconteceu. Foi um dos momentos mais marcantes para mim, porque geralmente fico nervosa, com o coração acelerado e um pouco de tremor, mas consigo apresentar e isso passa”, relata.

Mesmo sem precisar fazer apresentações surpresa, o ambiente de sala de aula também incomoda a Giulia. A jovem conta que tem dificuldades em comentar ou expressar suas opiniões diante dos colegas, e teme que isso atrapalhe seu futuro profissional.

Por que temos medo de falar em público?

A atriz e comunicadora Fernanda Sanches, idealizadora do método Oratória e Expressividade, explica que o medo de falar em público está relacionado a como as pessoas se percebem naquele momento e para onde direcionam a atenção.

Segundo ela, esse medo tem como raiz o julgamento. Isso ocorre porque, diante de uma plateia, as pessoas podem se sentir muito expostas.

“A sensação de que estamos sendo julgados não é bem uma verdade, porque cada um de nós está muito voltado a si, sua própria fruição daquele momento ou conhecimento. Quando alguém fica nervoso, o público fica nervoso junto e há uma desconexão, não um julgamento”, explica.

Ela comenta também que a comunicação obedece um fluxo entre quem está passando a mensagem e quem está recebendo. Nesse sentido, é preciso focar no conteúdo e no público, e não no desempenho.

“A comunicação tem o objetivo de tornar a mensagem comum ao outro. Então, não se trata de você ali no palco, na reunião, na apresentação ou em qualquer outra circunstância. Você está ali como um mensageiro.

“Quando nos questionamos se estamos indo bem, se as pessoas estão gostando, mudamos o foco na nossa cabeça. O fluxo não está mais fluindo para o público e, sim, para nós. E quanto mais pensamos nisso, mais nervoso ficamos”, exemplifica.

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Preparação é fundamental para falar bem em público

Falar em público bem não tem outro caminho mais eficiente que não seja a preparação. Ela pode ocorrer de diversas formas, desde elaborando um roteiro e ensaiando, até aplicando de técnicas para melhorar a respiração, o que ajuda a implementar pausas na fala e a melhorar a dicção.

Para Fernanda, o básico é fazer ensaios práticos antes de realizar a apresentação. Com eles, é possível perceber eventuais erros ou complicações que os mensageiros podem ter na hora de falar. Portanto, os ensaios podem trazer mais segurança e autoconfiança.

“Não existe treinar voz sem falar. Então, é preciso ensaiar para construir essa comunicação. Às vezes, na ansiedade, queremos que tudo saia bem feito, especialmente já logo de início. É até comum ensaiar várias vezes essa parte e não seguir até o fim. Temos que passar por todas as partes desse rascunho. É como se fossemos escultores, vamos tirando, lapidando e refinando aos poucos”, reflete.

Não decore o que quer falar

Criar um roteiro para a apresentação é aconselhado, mas para Fernanda, o que não deve ser feito é escrever, decorar e falar o que foi memorizado.

“Tentar repetir uma apresentação toda decorada é uma das piores coisas que podemos fazer. Isso porque ao ficarmos fixos nessas palavras que decoramos, nos impedimos de aproveitar insights que podemos ter no momento, e pior, de lidar com possíveis imprevistos. Além disso, ficamos muito nervosos para ter essa lembrança sempre conosco. O foco passa a ser as palavras, e não a mensagem”, declara.

Ela aponta outras técnicas mais eficientes para lembrar das falas, como escrever tópicos ou fazer gravações de áudios.

“Escuto muito dos meus alunos que eles não sabem falar de improviso, mas estamos o tempo todo falando de improviso. Não temos um texto decorado e vamos lembrando. A fala está sendo construída enquanto eu falo. Essa é a confiança que construímos na oratória, você conseguir formar o seu conteúdo para além de um roteiro.”

A solução-chave é estar presente

É normal que ocorram imprevistos e falhas em uma apresentação, assim como os sentimentos de nervosismo e ansiedade. Mas é possível lidar com eles de uma forma leve e até usá-los a favor da fala e da mensagem.

Para isso, é preciso estar presente. “A respiração e a pausa na fala são as duas técnicas que mais ajudam a gente a voltar. Caso esqueça algo, sinta nervosismo ou ansiedade, faça uma pausa, respire, perceba seu pé no chão, concentre e esteja presente”, aconselha.

Ela também orienta que não se deve fugir dos acontecimentos quando eles não estão dando certo. “O slide está dando errado, seja sincero com o público. ‘Meu slide está fora da diagramação, mas vamos comigo.’ Você também pode chamar o público para ajudar, as pessoas gostam de participar das coisas”, exemplifica.

Para falar bem sempre

Para além das apresentações, palestras ou participações em aulas, uma boa comunicação é essencial em todas as áreas da vida. É possível ser mais assertivo, menos prolixo e ter um conteúdo interessante através da ampliação de repertório criativo.

Fernanda sugere a leitura e outras atividades culturais que ampliam a imaginação, como exposições, teatro e filmes, como formas de enriquecer o seu repertório de criatividade.

“No português, temos muitos sinônimos. Muitas vezes, esquecemos uma palavra específica e não conhecemos uma similar. Se temos um bom vocabulário, essa informação chegará e será muito mais fácil falar em público”, comenta a comunicadora.

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