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Você lembra quando não existia internet?
A ultraconexão com a internet leva à ultradesconexão com a vida real (Foto: Angela Franklin/Unsplash)
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Para aqueles que se lembram dos dias em que conversas espontâneas em lojas e sor­risos não solicitados eram a norma, a era pré-smartphone, quando a internet ainda era apenas um sonho, foi mágica.

Se o auge da sua infância envolvia ouvir sua mãe gritan­do na rua: “tá na hora do jantar”, ou inven­tar aventuras apenas com sua imaginação, você provavelmente nutre uma relação de amor e ódio com seu “telefone inteligente”.

Ah, esse dispositivo maravilhoso com conexão à internet que nos permite andar em cidades que não conhe­cemos, pedir comida ou comprar roupa com um clique. Enfim, como sobrevivíamos sem Waze e o delivery?

E, sim, eles podem en­contrar quase tudo para nós, de um novo amor a uma refeição saborosa. Mas, por mais que tentem, ainda não conseguem substituir um abraço caloroso. Muito menos uma con­versa olho no olho, ou entender as suti­lezas do coração humano.

Um brinde à ironia de um mundo onde podemos estar a um clique de tudo, exceto da genuína co­nexão entre gente de verdade.

O incrível mundo da internet

Com a ascensão dos smartphones e das redes sociais, ultrapassamos as barreiras de tempo e espaço, inclusive na internet, reconectando-nos com amigos de infância, colegas de escola e parentes em outros países em tempo real.

É uma viagem incrível quebrar as limitações do relógio e da geografia com apenas um toque. Quem poderia resistir a tal fascínio?

Em seguida, veio o feed infinito das redes sociais pronto para entregar elevadas doses de dopamina e satisfazer a cada um de nós, fornecendo exatamente o que desejávamos naquele momento.

Se estávamos reformando nos­sas casas, apenas perfis com esse tema co­meçariam a brotar em nossas telas – tão simples, tão mágico, tão encantador.

O lado irresponsável da internet

Alter­nativamente, se começássemos a odiar al­guém do espectro político de esquerda ou direita, nossos feeds seriam preenchidos unicamente com conteúdo que confirmava nosso ódio.

E assim ficamos presos, quase acreditando que havíamos perdido a capa­cidade de retornar à nossa humanidade. Agora, começamos a compreender esse dilema.

Na busca por experiências ex­ternas, desvalorizamos a convivência ín­tima, aquela que nos permite crescer e dar sentido à nossa vida.

Não por acaso, atualmente, observa-se uma busca por reconexão com o mundo real, uma tenta­tiva de compensar o empobrecimento dos nossos relacionamentos superficiais.

Que venham esses novos/velhos tempos, e que venham logo, pois é estando presente que a gente vive o melhor de nós.

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Conteúdo publicado originalmente na Edição 270 da Vida Simples

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