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As pequenas vitórias que nos ajudam a evoluir como pais
Jimmy Dean/Unsplash
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Na minha infância, era normal, no início de cada mês, meu pai receber o salário e, na mesma noite, sentar-se com minha mãe à mesa da cozinha para fazer contas. E assim, meus pais separavam o que era para pagar a luz, a água, a mercearia do bairro, e o que era para a compra mensal.

Era uma semana especial. Os armários estavam sempre fartos ou, pelo menos, eu enxergava assim. Venho de uma origem muito humilde, mas nunca me faltou nada enquanto eu vivi na casa dos meus pais.

Existia uma regra quase sagrada para mim e meus irmãos: “Ninguém abre um pacote de biscoito sozinho”. Além disso, tí­nhamos que pedir permissão para comer a parcela que era nossa por direito. Dois bis­coitos do pacote. Parece um detalhe bobo, mas crescemos dessa maneira.

Reproduzo as boas lições que aprendi

Hoje em dia tenho meus filhos, João Pedro e Miguel, e uma condição financeira bem mais tranquila. Mas, de certa forma, tentei trans­mitir essa visão para os meus “moleques”.

Não é fácil, porque, ao se ter a possibili­dade, às vezes queremos dar para nossos filhos tudo aquilo que não tivemos antes. É ótimo que possamos fazer isso, mas tam­bém perigoso.

É necessário vigiar sempre, para não perder a noção e o valor de tudo. Dizer não quase nunca é fácil e, quase sem­pre, necessário. É nosso papel enquanto pais.

Insisto nessas ideias com meus filhos, na esperança de que sejam um bom aprendi­zado. Até um dia em que fui buscar o Miguel na escola…

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Exemplo transmitido por gerações

Depois da classe de teatro, onde sempre deixávamos com ele um lan­chinho para fazer antes do início, ele en­trou no carro e disse: “Papai, hoje aconte­ceu uma coisa que quero te contar. O meu amigo estava com fome e não tinha lanche, então eu dividi o meu bolo com ele, tá!?”

Ele me perguntou com orgulho e, ao mesmo tempo, com dúvida. Afinal, é uma criança em busca da aprovação dos “mais velhos”. Eu dei um sorriso, por fora e por dentro.

Meus olhos se encheram de lágrimas e meu coração transbordou de amor, por­que, mesmo parecendo pouco, revela que nosso esforço e preocupação em demons­trar certos ensinamentos aos nossos fi­lhos surtem efeito. Eles nos observam e nos escutam, nos copiam e adaptam à re­alidade deles a todo momento!

Até hoje me emociono ao contar essa história, pois, na semana seguinte, ele pe­diu um bolinho a mais, pensando no ami­go da classe de teatro. São pequenas vitó­rias que nos motivam a seguir evoluindo como pais, educadores e seres humanos.

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Conteúdo publicado originalmente na Edição 265 da Vida Simples

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